China pode colocar “pé no freio” nas compras de soja do Brasil mesmo após zerar embarques dos EUA

A China não adquiriu volumes de soja dos EUA em setembro pela primeira vez desde novembro de 2018, segundo dados alfandegários do país. O movimento fez crescer o apetite chinês pela oleaginosa brasileira e da Argentina no mês, com avanço de 58% e 356%, respectivamente.
Esse é um dos fatores que devem fazer com o Brasil atinja 109 milhões de toneladas de soja exportadas em 2025, acima do recorde de 101,8 milhões de toneladas em 2023. De janeiro a setembro, as exportações para China totalizaram 72,7 milhões de toneladas, 11% acima que o mesmo período de 2024.
No entanto, para Luiz Fernando Gutierrez, coordenador de inteligência de mercado da Hedgepoint Global Markets, a China pode “tirar o pé das compras” do grão do Brasil nas últimas semanas do ano e início de 2026.
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“O preço da soja do Brasil hoje está elevado frente a outras origens como Estados Unidos e Argentina, por conta do prêmio elevado que temos por aqui. Isso pode mexer um pouco com o fluxo. Se compararmos Brasil, EUA e Argentina, temos os preços mais caros, algo sazonal, mas um pouco acima do normal, até por conta dessa demanda mais forte. Tudo depende de um acordo comercial entre EUA e China“.
Por volta de 15h12, o preço do soja (novembro de 2025) em Chicago recuava 0,17%, em US$ 10,30. Apesar do leve recuo, vale lembrar que a commodity negociava em torno de US$ 10,07 e 10,08 por bushel. No acumulado de outubro até segunda (20), o indicador da soja Cepea/Esalq da soja Paranaguá recuou 3,67%, em R$ 138,52 pela saca de 60 kg.
Um fator que coloca pressão nos preços é o clima na América do Sul, que ainda não trouxe grandes impactos, apesar de um atraso pontual do plantio no Brasil.
No curto prazo, o coordenador na Hedgepoint Global Markets vê uma tendência lateralizada. “Não diria que existe uma tendência negativa para os preços”.