Pecuária de corte

China salva do naufrágio o preço do boi, mostra Agrifatto, mas os sinais não são sólidos

08 maio 2020, 13:02 - atualizado em 08 maio 2020, 13:46
Carne-Minerva
Consumo interno represado não deu margens a preços do boi, salvo pelo mercado externo (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Enquanto vê-se o valor do boi gordo comum se arrastar há semanas em torno dos R$ 192,00 nas praças paulistas, sem força de arranque desde março quando a China voltou às importações, a Agrifatto faz uma leitura mais positiva. Teria sido pior ainda sem a demanda chinesa.

Ou, “o boi segue sustentado”, como preferiram assinar na análise a diretora Lygia Pimentel e o economista Yago Travagini.

Mas o que tem o boi comum, mais erado (velho), bem mais acima de 30 meses – padrão no consumo brasileiro – com o animal exportado para a China, que compra no máximo com aquela idade? Esse boi China, mais jovem (até 4 dentes), que precisa ter boa genética para conseguir peso e bom acabamento nesse período, teria mantido, portanto, a média do mercado como um todo.

E, segundo a Agrifatto, anulou a retração das compras domésticas que pode ter batido nos 11% nos últimos dois meses (à espera de confirmação do IBGE) com o pandemia em ação. Além também do apoio da queda nos abates, que somente no Mato Grosso foi de 10% (sobre abril de 2019), que, sendo o maior rebanho nacional, possui forte correlação com os abates totais, demonstra a consultoria.

Lygia Pimentel e Yago Travagini reforçam ainda o spread do boi China – também preferido por outros países, como o Chile, embora em volumes muito menores. O diferencial para o animal abatido para consumo interno gira nos R$ 15,00 por @.

Dólar

Vale dizer que o preço pago no boi pelos frigoríficos habilitados para embarques aos chineses também se arrasta no máximo em R$ 205,00, igualmente desde março. E o fator dólar, acima dos R$ 5 desde março e acima de R$ 5,50 desde abril melhorou a remuneração dos originadores-exportadores.

Em março, as exportações para o maior mercado da pecuária de corte brasileira abocanharam 34%. Esse percentual é visto como importante e em volume “excepcional”, de 37 mil para 52 mil toneladas, para equilibrar o resto do mercado na porteira, mesmo que os embarques totais não representam mais de 25% a 30% da produção nacional.

Já o marketshare de abril da China, esperado pelos analistas, pode ter ficado em 31%.

Se essa possível queda se confirmar e se repetir em maio, os produtores vão perder esse suporte chinês, o que não está exposto no estudo da Agrifatto, apesar de salientar que “qualquer solavanco vindo do mercado externo poderá mexer fortemente com as cotações do boi gordo, para cima e para baixo”.

Mais ainda que até o final do mês as pastagens vão estar mais secas, especialmente no Brasil Central, e a oferta seguirá sob acentuada força baixista nos preços, como, sim, deixa entendido o texto dos analistas.

 

 

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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