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China tem plano para setor de chips em desafio a Trump

03 set 2020, 10:02 - atualizado em 03 set 2020, 10:02
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A China importa mais de US$ 300 bilhões em circuitos integrados a cada ano e seus desenvolvedores de semicondutores dependem de ferramentas e patentes de design de chips feitas nos Estados Unidos (Imagem: REUTERS/Yuri Gripas)

A China planeja um amplo conjunto de novas políticas governamentais para desenvolver o setor de semicondutores do país e enfrentar as restrições do governo Trump, conferindo o mesmo tipo de prioridade dedicada ao desenvolvimento de sua capacidade atômica, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

O governo de Pequim prepara um amplo apoio para os chamados semicondutores de terceira geração no período de cinco anos até 2025, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas.

Um conjunto de medidas para fortalecer a pesquisa, educação e financiamento para a indústria foi incluído em um esboço do 14º plano quinquenal do país, que será apresentado aos principais líderes chineses em outubro, disseram as pessoas.

Os principais líderes da China se reunirão no próximo mês para expor seus planos econômicos para a próxima meia década, incluindo medidas para aumentar o consumo doméstico e desenvolver tecnologia estratégica.

O presidente Xi Jinping prometeu destinar cerca de US$ 1,4 trilhão até 2025 para tecnologias que incluem redes sem fio e inteligência artificial.

Os semicondutores são fundamentais para praticamente todos os componentes das ambições tecnológicas da China – e os crescentes ataques do governo Trump ameaçam bloquear o fornecimento de chips vindos do exterior.

“A liderança chinesa percebeu que os semicondutores sustentam todas as tecnologias avançadas e que não pode mais depender de suprimentos dos EUA”, disse Dan Wang, analista de tecnologia na empresa de pesquisa Gavekal Dragonomics.

“Diante das restrições mais rígidas dos EUA para o acesso a chips, a resposta da China só pode ser continuar incentivando o desenvolvimento de sua própria indústria.”

O presidente Xi Jinping prometeu destinar cerca de US$ 1,4 trilhão até 2025 para tecnologias que incluem redes sem fio e inteligência artificial (Imagem: Noel Celis/Pool via Reuters)

As ações de várias das grandes fabricantes de chips chinesas se valorizaram na quinta-feira. Os papéis da Shanghai Fudan Microelectronics subiram 4,3% em Hong Kong. Nas bolsas da China continental, a Will Semiconductor – empresa chinesa de chips com segundo maior valor de mercado – avançou quase 10%.

A Xiamen Changelight fechou com alta de 14%, enquanto as ações da Focus Lightings Tech deram um salto de 5,6%.

O Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação, responsável pela elaboração das metas relacionadas à tecnologia, não respondeu a um pedido de comentário.

A China importa mais de US$ 300 bilhões em circuitos integrados a cada ano e seus desenvolvedores de semicondutores dependem de ferramentas e patentes de design de chips feitas nos Estados Unidos, bem como tecnologias de fabricação críticas de aliados americanos.

Mas a deterioração dos laços entre os governos de Pequim e Washington tornou cada vez mais difícil para empresas chinesas comprarem componentes e tecnologias de fabricação de chips no exterior.

Neste mês, a Huawei Technologies, maior fabricante de celulares do país, perderá acesso até mesmo aos chips de empresas como Taiwan Semiconductor Manufacturing sob os novos regulamentos dos EUA, que proíbem fornecedores em qualquer lugar do mundo de trabalharem com a empresa caso usem equipamentos dos EUA. As regras mais rígidas aumentaram a urgência de buscar alternativas domésticas.

Semicondutores de terceira geração são principalmente conjuntos de chips feitos de materiais como carboneto de silício e nitreto de gálio. Podem operar em alta frequência e em ambientes de elevada potência e temperatura, e são amplamente usados em chips de radiofrequência de quinta geração, radares militares e veículos elétricos.