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Chineses já fazem auditoria só por covid em frigoríficos no Brasil; dirigentes estão em alerta

22 jun 2020, 16:46 - atualizado em 22 jun 2020, 16:57
Chineses já aumentam a fiscalização por covid-19 em frigoríficos brasileiros (Imagem: Youtube/BRF)

Autoridades chinesas estão fazendo auditoria virtual nas unidades da Seara e da Aurora em Santa Catarina nesta abertura da semana, num processo que abrange amostralmente setores de aves e suínos, e não especificamente determinadas empresas. A informação é de fontes do Mapa e de um dirigente empresarial do estado, que confirmam, também, que o foco dos auditores é sobre a covid-19.

O que seria uma fiscalização habitual, periódica, considerada de interesses genéricos, as de agora inauguram o capítulo da verificação sobre como estão sendo feito os controles e procedimentos em relação à pandemia. A Aurora, porém, não confirma nenhuma auditoria nesta segunda (22), conforme disse a assessoria de comunicação reportando a Gerência de Operações.

O cenário de maior rigor é extensão de ação do departamento alfandegário chinês (GAAC, da sigla em inglês), que barrou importações de carne de aves de uma das plantas da Tyson nos Estados Unidos. E com o aumento dos casos no Brasil, a preocupação com os embarques brasileiros é natural, mas “cria instabilidade”, diz o executivo catarinense, para quem as análises estão sendo por amostragem.

No Rio Grande do Sul, onde várias unidades já tiveram processos de paralisação por funcionários contaminados, da mesma forma que em Santa Catarina (em número menor), Valdecir Folador, produtor e presidente da Associação dos Criadores de Suínos do estado (Acsurs) está preocupado. A partir desta terça unidades gaúchas devem ser as inspecionadas.

“Esta disposição chinesa, de exigir até declaração dos exportadores quanto a ausência da doença em suas plantas, bem como as auditorias, podem ser uma porta de entrada perigosa para generalizações de barreiras sanitárias”, diz. Segundo ele, apesar de a ABPA (frigoríficos de aves e suínos), Abiec (exportadores de carne bovina) e Mapa declararem que não deve haver preocupação no Brasil, “estou com as barbas de molho”.

É mais ou menos que o Marcos Jank, professor do Insper e especialista em comércio global, alertou pela segunda vez, ao Money Times, no dia 19, e está dentro de um novo possível ordenamento mundial para comércio mais administrado.

Nesta mesma edição, também foi revelado que em ofício do dia 17, o Ministério de Relações Exteriores, através da representação em Pequim, advertiu para o endurecimento chinês dos controles, por suspeição de que uma potencial nova onda da covid naquele território teria começado pela carne importada.

Em regra, o comércio global é muito sensível a qualquer potencial de expansão de dificuldades.

E o presidente da Acsurs reflete o temor de que, por “alguma desgraça”, achem alguma coisa relativa ao Brasil, embora não duvide das garantias oferecidas pelas empresas.

Uma super oferta inundaria o mercado interno, depreciando brutalmente os preços como ocorreu quando a Rússia parou de importar a carne de porco no final de 2017.

 

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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