Bancos

Citigroup alerta para perdas com títulos de mercados emergentes

28 abr 2023, 13:54 - atualizado em 28 abr 2023, 13:54
Citibank
Os resgates de dívida soberana de mercados emergentes em maio e junho serão “extremamente baixos”, com apenas US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões em pagamentos de juros e amortizações, respectivamente, disse o Citigroup (Imagem: REUTERS/Mike Segar//File Photo)

Títulos de mercados emergentes podem enfrentar mais perdas, pois investidores têm subestimado o risco de uma recessão nos EUA e a possibilidade de um dólar mais forte no segundo semestre, de acordo com estrategistas do Citigroup.

Os spreads dos títulos de países em desenvolvimento tendem a se ampliar, disseram os estrategistas, entre eles Donato Guarino e Eric Ollom. Isso mesmo com a expectativa de aumento pelo terceiro mês seguido do prêmio que investidores exigem para manter dívidas de mercados emergentes na carteira em relação aos Treasuries.

O receio de uma retração da maior economia do mundo pode levar a uma corrida rumo aos títulos do Tesouro dos EUA e outros ativos vistos como refúgio.

Enquanto isso, a valorização do dólar encareceria o serviço da dívida externa existente de empresas e governos de países em desenvolvimento.

“Ao longo do próximo mês, os investidores devem amortecer qualquer rali no spread de mercados emergentes”, escreveram Guarino e Ollom em nota na quinta-feira. “Os riscos de recessão nos EUA permanecem mais altos do que os percebidos pelo mercado e, com o Fed dando continuidade ao ciclo de aperto, os prêmios de risco devem aumentar.”

Investidores veem os preços nos EUA ainda em alta depois de um relatório mostrar que a métrica de inflação subjacente mais acompanhada pelo Fed subiu para o maior patamar em um ano. Isso reforçou as expectativas de novos aumentos dos juros, o que também eleva a probabilidade de recessão, especialmente depois de o crescimento econômico dos EUA se desacelerar mais do que o esperado no primeiro trimestre.

Fatores técnicos também vão criar obstáculos para a classe de ativos.

Os resgates de dívida soberana de mercados emergentes em maio e junho serão “extremamente baixos”, com apenas US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões em pagamentos de juros e amortizações, respectivamente, disse o Citigroup. Isso se compara a US$ 16,5 bilhões em abril.

Efeito Colômbia

Também não faltam catalisadores para quedas nos preços de títulos provenientes do mundo em desenvolvimento. Ativos colombianos afundaram na quinta-feira após a demissão de José Antonio Ocampo, então ministro da Fazenda com uma postura favorável ao mercado, em uma reformulação do gabinete.

Estrategistas do Citigroup saíram da longa aposta nos títulos da Colômbia com vencimento em 2061 contra os títulos do governo brasileiro que vencem em 2050, colocando os dois países novamente na posição neutra em sua carteira de crédito modelo. Também reduziram a recomendação para a dívida corporativa colombiana de “market weight” (na média do mercado) para “underweight” (abaixo da média).

“A recente reforma do gabinete oferece material suficiente para afetar toda a curva da Colômbia”, disseram os estrategistas.

Também descartaram a recomendação de venda dos títulos da Argentina com vencimento em 2035 e contratos de CDS (credit default swaps) de cinco anos do país em meio ao “caos econômico e político”. O banco central do argentino elevou a taxa básica de juros em 10 pontos percentuais na quinta-feira.

Em relação a outros países, o Citigroup elevou a recomendação para a dívida do Egito e do Quênia para “market weight” na esteira do baixo desempenho, embora os estrategistas permaneçam cautelosos. As preocupações em torno do financiamento externo não foram abordadas, principalmente no Egito, “onde o ritmo das privatizações está estagnado”, disseram.

“Continuamos na defensiva”, destacaram.

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