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Clãs do Banco Central Europeu sinalizam divergência sobre passos para estímulo

28 set 2020, 14:04 - atualizado em 28 set 2020, 14:06
Banco Central Europeu
Na semana passada, Fabio Panetta, membro do conselho executivo do BCE, disse que “os riscos de uma reação exagerada da política são muito menores do que os riscos de uma política ser muito lenta ou muito tímida”  (Imagem: Flickr/ Banco Central Europeu)

Aumenta a divisão no Banco Central Europeu sobre a necessidade de injetar suporte monetário no curto prazo para evitar a desaceleração econômica ou esperar por sinais mais fortes.

Na semana passada, Fabio Panetta, membro do conselho executivo do BCE, disse que “os riscos de uma reação exagerada da política são muito menores do que os riscos de uma política ser muito lenta ou muito tímida”.

Essa visão é compartilhada pelo economista-chefe da instituição, Philip Lane, quem tem sugerido mais medidas para reativar a inflação, mesmo que o pior da crise econômica já tenha passado. Ele disse no Twitter na semana passada que um “amplo” estímulo ainda é necessário.

No entanto, Yves Mersch, que também faz parte do conselho executivo do BCE e deixa o cargo em dezembro, disse em entrevista à Bloomberg que os riscos de baixa diminuíram e não vê deterioração da produção ou dos preços. Disse até que uma forte melhora das perspectivas deve levar ao “oposto” do afrouxamento monetário.

“Há uma espécie de choque de clãs fervendo sob a superfície, entre os que querem agir preventivamente e os que preferem ser reativos”, disse Frederik Ducrozet, estrategista-chefe da Pictet & Cie, em Genebra. “Cada vez que estamos em uma área cinzenta, podemos ver esse tipo de retorno de conflito.”

Os pontos de vista divergentes sobre o conselho de seis membros podem estar em estágio inicial, mas pressagiam potenciais disputas no conselho de política monetária.

As opiniões de Mersch podem encontrar apoio de autoridades como o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, que já alertou contra depender por muito tempo do programa de compra de títulos da pandemia de 1,35 trilhão de euros (US$ 1,6 trilhão), e Robert Holzmann, da Áustria.

O presidente do Banco da Espanha, Pablo Hernández de Cos, defendeu no fim de semana que o estímulo monetário significativo deve ser mantido e medidas para aumentá-lo não devem ser descartadas.

Fase complicada

O BCE entra em uma fase especialmente complicada em sua resposta à crise. Os mercados financeiros se estabilizaram e a economia cresce novamente, mas a recuperação é desigual e a inflação está abaixo de zero.

Injetar demasiada liquidez poderia desestabilizar o sistema financeiro, mas fazer muito pouco também poderia ameaçar a recuperação.

A maioria dos economistas prevê que o programa da pandemia será expandido neste ano, provavelmente em dezembro, quando novas projeções econômicas forem publicadas.

Qualquer sinal de que isso não aconteça pode preocupar investidores, o que apertaria as condições financeiras.

BCE
O BCE entra em uma fase especialmente complicada em sua resposta à crise (Imagem: Flickr/ BCE)

“É um ambiente muito difícil de operar com incertezas persistentes”, disse Piet Christiansen, estrategista-chefe do Danske Bank. “O problema com desacordo e compromissos é que isso não levará a uma resposta política forte em comparação com a situação em que você tem unanimidade.”

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