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Clima, dólar, cautela e Argentina: o que deve mexer com os preços do trigo em 2025?

17 dez 2024, 13:16 - atualizado em 17 dez 2024, 13:16
trigo grãos commodities
A volatilidade global e a valorização do dólar trouxeram incertezas adicionais ao mercado do trigo; entenda o que mexeu com os preços em 2024. (iStock.com/Alena_Zolot)

O ano de 2024 foi marcado por um cenário desafiador para o mercado de trigo no Brasil, moldado por volatilidade nas cotações internacionais, adversidades climáticas e uma expressiva redução na produção interna.

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Esses fatores combinados impactaram diretamente a oferta e os preços, criando um ambiente de grande incerteza para produtores, moinhos e importadores.

No início do ano, os preços internos foram pressionados pela concorrência com a Argentina, que se destacou como principal fornecedor devido à sua produção robusta e preços competitivos.

A paridade de importação com o trigo argentino, com um saldo comercial de 9,5 milhões de toneladas, reduziu os valores no mercado brasileiro, com quedas de 2,9% no Paraná e 1,2% no Rio Grande do Sul. Enquanto isso, a demanda crescente do sudeste asiático por trigo argentino aumentava a competição pelos grãos.

Produtores esperam por melhores preços

À medida que os meses avançaram, as negociações permaneceram lentas, refletindo a expectativa dos produtores em obter melhores preços diante da escassez de trigo de boa qualidade.

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No Paraná, os preços oscilavam entre R$ 670 e R$ 690 por tonelada, enquanto no Rio Grande do Sul variavam entre R$ 1.190 e R$ 1.200. Apesar das condições adversas, a competitividade das exportações argentinas continuou a influenciar os preços brasileiros, destacando a dependência do país de fornecedores externos.

O mercado começou a se ajustar em março, com uma leve alta nas cotações. No Paraná, os preços chegaram a R$ 1.250 por tonelada, e no Rio Grande do Sul, permaneceram entre R$ 1.190 e R$ 1.200.

Contudo, o cenário tornou-se mais crítico em abril, quando os preços saltaram para R$ 1.350 por tonelada nos dois estados, impulsionados por fatores externos como a valorização nas bolsas de Chicago e Kansas, além da recuperação nos preços do trigo argentino e russo.

Em maio, essa trajetória de alta continuou, com preços no Paraná alcançando R$ 1.523, uma elevação de 13,7% em relação ao mês anterior. A escassez de oferta no Brasil, combinada com custos elevados de importação, consolidou um mercado de preços firmes, em que até o trigo argentino, tradicionalmente mais barato, tornou-se um elemento de pressão.

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Dólar e clima afetam mercado de trigo

Durante o meio do ano, a volatilidade global e a valorização do dólar trouxeram incertezas adicionais. Mesmo com o trigo norte-americano ganhando competitividade, os preços internos acumularam altas expressivas.

Em julho, o ciclo comercial 2023/24 encerrou com preços 16,6% superiores ao ano anterior, enquanto a produção nacional registrou queda de 25%, reflexo da redução de 15% na área plantada.

O segundo semestre foi marcado por intensas adversidades climáticas. Geadas severas e escassez hídrica afetaram as lavouras, principalmente no Paraná, que registrou perdas significativas.

No Rio Grande do Sul, embora o impacto tenha sido menor, a expectativa de safra foi reduzida para 3,95 milhões de toneladas. Com a entrada da nova safra, os preços permaneceram próximos à paridade de exportação, mas as incertezas logísticas e tributárias continuaram limitando a competitividade.

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Produtores adotam postura cautelosa

Em setembro, compradores e produtores mantiveram uma postura cautelosa. Enquanto os preços no Rio Grande do Sul estavam em R$ 1.250 por tonelada, no Paraná as cotações convergiram para níveis da nova safra, variando entre R$ 1.300 e R$ 1.350 por tonelada. O histórico de quebra de safra e elevações abruptas nos preços no ciclo anterior justificou a hesitação no mercado.

“Em dezembro, vem se observando uma relativa estabilidade. Os preços FOB no Paraná variaram entre R$ 1.350 e R$ 1.400 por tonelada, enquanto no Rio Grande do Sul ficaram em R$ 1.175. A baixa demanda por farinha manteve as indústrias pouco ativas, enquanto o mercado exportador apresentou-se como alternativa viável para os vendedores”, diz Elcio Bento, analista de trigo na Safras & Mercado.

O ano de 2024 para o mercado de trigo brasileiro foi caracterizado pela dependência de importações, vulnerabilidade climática e flutuações cambiais.

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Apesar dos desafios, a safra nacional desempenhou um papel crucial no equilíbrio do mercado interno, ressaltando a necessidade de estratégias de mitigação de riscos e maior eficiência na gestão de oferta e demanda para enfrentar ciclos futuros.

O que mexeu com os preços do trigo em Chicago e o que esperar para 2025? 

O mercado de trigo na Bolsa de Chicago (CBOT) em 2024 foi marcado por intensa volatilidade, com cotações variando entre 525,94 e 660,62 cents por bushel. Essa dinâmica refletiu um cenário global complexo, onde fatores climáticos, geopolíticos e econômicos desempenharam papéis decisivos.

O início do ano registrou queda nas cotações devido a colheitas robustas na Rússia e na Austrália, que elevaram os estoques globais. A Rússia, em particular, destacou-se com preços agressivamente competitivos, pressionando os valores internacionais e dificultando a competitividade de exportadores tradicionais como os Estados Unidos.

No segundo trimestre, o mercado recuperou força, alcançando o maior preço do ano em maio, impulsionado por secas nos EUA e na União Europeia, além das incertezas climáticas associadas ao El Niño.

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No entanto, o período seguinte trouxe nova pressão descendente, principalmente em agosto, quando as safras do hemisfério norte, lideradas pela Rússia, inundaram o mercado.

A fraca demanda em economias emergentes, impactadas pela valorização do dólar, também contribuiu para a queda nos preços.

Nos últimos meses de 2024, o mercado apresentou maior estabilidade, refletindo uma combinação de estoques moderados, melhora nas condições climáticas em algumas regiões produtoras e demanda contida.

Ainda assim, a volatilidade ao longo do ano evidenciou a influência de variáveis como o impacto do El Niño, a guerra na Ucrânia e a agressividade comercial russa.

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Para 2025, o mercado deverá continuar sensível a essas forças, enquanto observa os desdobramentos climáticos e comerciais que moldarão a oferta e a demanda globais.

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
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