Clonagem pet: nova tendência? Tom Brady e Paris Hilton já têm cachorros clones por US$ 50 mil
Imagine aquele seu cachorro, gato ou outro bichinho com quem tenha um laço emocional muito forte, faz parte da família e não imagina a vida sem ele. Com US$ 50 mil – equivalente a R$ 263 mil na cotação atual –, é possível coletar o material genético dele e cloná-lo para ter uma versão idêntica por vários anos.
Poderia parecer um episódio de Black Mirror (e de fato foi, mas com seres humanos, nos episódios USS Callister e Be Right Back), mas essa tecnologia já saiu das telas e chegou ao cotidiano.
Diversas personalidades já confirmaram que clonaram seus animais de estimação: Tom Brady, Paris Hilton e a atriz Barbra Streisand são exemplos que anunciaram a “criação” de cães idênticos aos que tiveram.
O caso mais recente envolve o jogador de futebol americano. Na semana passada, Tom Brady revelou que sua cadela Junie é, na verdade, um clone de Lua, uma mistura de pit bull que ele teve com a ex-esposa, Gisele Bündchen, e que faleceu em 2023.

Uma das empresas que oferecem esse serviço é a americana ViaGen, especializada em biotecnologia, cobrando cerca de US$ 50 mil. O lema da empresa é “mais vida, mais amor: nós clonamos mais animais do que qualquer outra instituição no planeta”.
A ViaGen é detentora dos direitos da tecnologia usada para clonar a famosa ovelha Dolly nos anos 90 e, recentemente, foi comprada pela Colossal Biosciences – companhia na qual Brady investe.
De acordo com o ex-quarterback, a clonagem foi feita a partir de uma “simples coleta de sangue” da cadela idosa da família antes de sua morte.
LEIA TAMBÉM: Conheça as análises da research mais premiada da América Latina: veja como acessar os relatórios do BTG Pactual gratuitamente com a cortesia do Money Times
Desperdício de vidas, tempo e dinheiro
Embora muitos desejem manter seus pets para sempre, o processo enfrenta críticas de organizações de defesa dos animais.
Para a PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), a clonagem de animais de estimação é um “show de horrores”:
“Um desperdício de vidas, tempo e dinheiro. O sofrimento causado por esses experimentos é inimaginável. Não existe justificativa válida para isso e deveria ser proibido”, declarou a entidade.
Dolly foi o início de tudo: como ocorre a clonagem animal?
Na prática, a clonagem inicia com a coleta de algumas células do animal para congelamento e armazenamento em um biobanco. Foi exatamente essa a etapa feita por Tom Brady com Junie antes da morte da cadela.
Quando chega o momento da clonagem, essas células são descongeladas, os núcleos contendo o DNA são removidos e inseridos em óvulos doadores de outro animal da mesma espécie.
Funciona como uma troca de DNA. Em seguida, a “nova” célula é cultivada em laboratório até desenvolver-se como um embrião, preparando-se para a gestação no útero de uma fêmea da espécie.
O método é o mesmo usado com Dolly décadas atrás e é aplicado para diversos fins: clonagem pós-morte de pets, recuperação de espécies ameaçadas e melhoramento genético de rebanhos.
No caso de espécies ameaçadas, a ideia é criar clones para aumentar a população e estimular a reprodução natural.
Essa técnica já foi aplicada em furões-de-patas-negras e no cavalo de Przewalski, considerada a última espécie selvagem da Terra.
Apesar de parecer eficiente, cientistas alertam que a clonagem isolada não salva espécies da extinção, pois não resolve problemas como perda de habitat e impactos humanos.
No Brasil, o debate sobre clonagem concentra-se mais na agropecuária. No ano passado, a Lei 15.021 regulamentou a produção, manipulação, importação, exportação e comercialização de material genético e clones animais.
A lei visa maior controle e segurança, além de abordar aspectos éticos e ambientais da clonagem.
Seu pet clonado não será exatamente igual
A clonagem de animais domésticos ainda gera muitas dúvidas. Além das questões éticas e emocionais, cientistas alertam que o clone não é exatamente idêntico ao original.
A genética é igual, mas o animal não é o mesmo. Isso ocorre pois uma pequena parte do DNA está fora do núcleo e é herdada da mãe, o que é chamado de DNA mitocondrial.
Ou seja, durante a gestação, o clone recebe parte do DNA da fêmea que carrega o embrião.
Outra crítica da PETA diz respeito aos muitos animais disponíveis para adoção. Enquanto celebridades clonam seus pets falecidos, inúmeros cães e gatos abandonados aguardam um lar:
“Também podemos homenagear nossos animais [falecidos] reconhecendo que eles são únicos e não replicáveis”.
Com informações de O Globo e MIT Technology Review.