Cogna (COGN3), Yduqs (YDUQ3), Ânima (ANIM3) e Ser Educacional (SEER3): Quem ganha e quem perde com as novas regras do MEC?

Na última segunda-feira (19), o Ministério da Educação (MEC) divulgou um novo marco regulatório para os cursos de ensino superior nas modalidades presencial, semipresencial (hibrido) e a distância (EAD).
A partir de agora, os cursos de direito, medicina, odontologia, enfermagem e psicologia só poderão ser ofertados exclusivamente na modalidade presencial.
Outros cursos da área de saúde e licenciatura também não poderão ser ofertados a distância, mas as instituições educacionais poderão adotar o formato “semipresencial”. Essa modalidade já é oferecida pelas empresas do grupo Kroton: Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3).
Na bolsa, as ações reagiam. COGN3 caia 5,84% e YDUQ3 6,21%.
Novas regras do MEC
Com a nova regulamentação do MEC, os cursos de graduação serão oferecidos em três formatos: presencial, semipresencial (híbrido) e ensino a distância (EAD). Nenhum curso poderá ser 100% remoto, mesmo nas graduação em EAD.
- Presencial: cursos de graduação com, no mínimo, 70% de carga horária total em atividades presenciais. Os 30% restantes poderão ser ofertados no formato EAD — antes a carga online permitida era de 40%;
- Semipresencial: cursos de graduação com, pelo menos, 30% de carga horária em atividades presenciais, como estágio, extensão e práticas laboratoriais e, 20% em atividades presenciais ou síncronas (aulas ao vivo a distância). Até 50% das aulas poderão ser assíncronas (totalmente online);
- EAD: cursos com 80% da carga horária total a distância e, no mínimo, 10% de atividades presenciais e 10% em atividades síncronas (ao vivo), com provas presenciais.
As novas regras serão implementadas de forma gradual, com prazo de até dois anos para que as instituições se adequem integralmente.
Segundo o decreto, o ministro da educação deverá anunciar em breve os detalhes da transição.
Os estudantes atualmente matriculados em cursos EAD poderão concluir sua formação sob as regras vigentes.
Na avaliação do JP Morgan, as novas medidas vieram mais restritivas do que o esperado.
“Dois aspectos vieram mais negativamente do que a maioria das discussões que vimos anteriormente: o limite de 30% de EAD para cursos presenciais; e a proibição de ensino a distância e semipresencial para certos cursos, especialmente Enfermagem”, escreveram os analistas Marcelo Santtos, Jessica Mehler e Livea Mizobata.
Já o BTG Pactual avalia que o impacto das novas regras deve ser negativa para as empresas do setor, principalmente para as companhias com alta exposição ao EAD — ou seja, para 67% dos players do setor.
“Isso aumenta os custos com o corpo docente em um segmento que historicamente tem tido dificuldade para repassar a inflação de custos para as mensalidades. Nem é preciso dizer que os players mais expostos ao ensino a distância devem ser mais afetados do que os outros”, disseram os analistas Samuel Alves, Yan Cesquim e Marcel Zambello em relatório.
“Assim, além do aumento de custos, essas instituições poderão enfrentar dificuldades para manter parte da base de alunos ao longo do tempo”, acrescentaram os analistas.
- GRATUITO: Espectadores do Giro podem ter acesso a relatórios do BTG e outros parceiros do Money Times; entenda
Quem sai ganhando?
Na avaliação do BTG Pactual, Ânima (ANIM3) pode ser uma das companhias mais favorecidas, devido ao foco no ensino presencial, na comparação com outras empresas do setor.
E quem sai perdendo?
Para os analistas do JP Morgan, as novas regras devem prejudicar mais Cogna (COGN3) e a Ser Educacional (SEER3), com a obrigatoriedade de aulas presenciais no curso de Enfermagem.
“De todos os cursos restritos a distância e semipresenciais, o impacto mais relevante deve vir da Enfermagem, pois os números para os outros são nulos ou insignificantes”, escreveram os analistas do banco.
Com base nos dados regulatórios de 2023, a Cogna é a companhia mais exposta à mudança no curso de Enfermagem, com 8% dos alunos a distância.
A Ser Educacional tem 7% da base de alunos do curso no formato EAD, sendo a segunda empresa mais exposta. Yduqs e Ânima tem exposição mais limitada, de apenas 1% dos alunos EAD no curso.
Nas contas do JP Morgan, as novas medidas do MEC têm um potencial impacto de 4,9% na receita consolidada de Cogna e de 2,5% para a Ser, enquanto Yduqs deve ter um impacto de 0,7% e Ânima, de 0,1%.
“Isso deve ocorrer ao longo do tempo, pois a base atual de alunos não é afetada”, afirmaram os analistas do banco.
Eles ainda consideram que o impacto dos cursos que podem migrar para o modelo semipresencial ainda é incerto. “Neste ponto, não está claro se e quanto os custos aumentariam para os cursos que estarão sob a nova modalidade semipresencial.”
Segundo eles, a Cogna tem argumentado que seus centros de aprendizagem são mais antigos que os dos concorrentes e costumavam ter aulas 2 veze por semana, tendo, portanto, espaço suficiente para oferecer mais cursos presenciais, se necessário.