Cogna (COGN3) reverte prejuízo e lucra R$ 192 mi no 3T25 com melhora operacional e efeito tributário
A Cogna (COGN3) reportou nesta quarta-feira lucro líquido de R$ 191,6 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 29,1 milhões do mesmo período do ano passado.
O resultado foi impulsionado pela expansão das receitas, redução do endividamento e efeitos positivos de sinergias operacionais, apesar do aumento das provisões.
O desempenho contou com efeito extraordinário de R$ 126,3 milhões referentes ao reconhecimento de imposto de renda diferido ativo sobre diferenças temporárias de ágios e contingências da controlada Saber, incorporada pelas subsidiárias Editora Ática e Red Balloon.
Segundo a companhia, os benefícios de sinergias e redução de tributos devem ser capturados em 2025 e nos próximos anos.
Um dos maiores grupos de educação do país, a Cogna também mencionou impactos favoráveis de reversão de contingências tributárias, além de melhora nos resultados operacional e financeiro.
Excluindo o reconhecimento do IR diferido e a reversão de contingência, o lucro líquido ajustado ficou em R$ 13,5 milhões.
Receita e desempenho das divisões
A receita líquida subiu 18,9% na comparação anual, para R$ 1,5 bilhão, impulsionada pela divisão Kroton, voltada ao ensino superior, cuja receita aumentou 20,9%, para R$ 1,1 bilhão.
“A Kroton teve um trimestre muito especial… estamos com um mix de alunos mais premium”, afirmou o CEO Roberto Valério Neto à Reuters, destacando o aumento de 11,7% no tíquete médio, para R$ 400.
Na Vasta, de educação básica, a receita líquida cresceu 13,4%, para R$ 249,6 milhões, enquanto a Saber, de materiais didáticos e idiomas, registrou alta de 9,4%, somando R$ 145,8 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente consolidado totalizou R$ 422,7 milhões, avanço de 9,8% em 12 meses, mas com margem de 27,7%, queda de 2,3 pontos percentuais.
As projeções da LSEG apontavam lucro de R$ 45,45 milhões, receita de R$ 1,473 bilhão e Ebitda de R$ 396,13 milhões.
Provisões e inadimplência sob controle
A redução da margem, explicou o executivo, decorre principalmente do aumento na provisão para créditos de liquidação duvidosa (PCLD), especialmente na Kroton, em razão da estratégia de manter o tíquete médio elevado e ampliar o parcelamento (Pague Fácil).
A PCLD subiu de R$ 58,5 milhões no terceiro trimestre de 2024 para R$ 156,5 milhões neste ano.
“Isso é circunstancial, concentrado nos trimestres de matrícula. O Pague Fácil melhora ao longo dos próximos trimestres”, disse Valério.
“A PCLD não está subindo porque a inadimplência aumentou, mas porque parcelamos mais para alunos calouros, sem histórico. Então, é preciso provisionar”, completou.
Geração de caixa e endividamento da Cogna
A Cogna reportou geração de caixa operacional (GCO) após capex de R$ 392,5 milhões, ante R$ 400,1 milhões um ano antes, e geração de caixa livre de R$ 300,1 milhões, acima dos R$ 291,2 milhões do terceiro trimestre de 2024.
Segundo o CEO, o desempenho reflete tanto o melhor resultado operacional quanto a queda da dívida líquida, com destaque para ações de liability management.
A dívida líquida caiu para R$ 2,6 bilhões, redução de R$ 474 milhões na base anual.
A alavancagem, medida pela relação dívida líquida/Ebitda ajustado, recuou para 1,11 vez, o menor nível em sete anos, ante 1,22 vez no trimestre anterior e 1,58 vez um ano atrás.
Próximos passos: fechamento de capital da Vasta
Valério Neto afirmou que a Cogna segue avaliando pequenas aquisições estratégicas, mas o foco atual é fechar o capital da Vasta (VSTA), o que não ocorreu por causa do shutdown do governo norte-americano.
A empresa mantém sua política de dividendos mínimos obrigatórios, mas deve utilizar a geração de caixa para concluir o fechamento de capital da Vasta.
“Depois disso, no ano que vem, dependendo dos resultados, podemos revisar essa política”, afirmou o CEO.
Em 2025, as ações da Cogna acumulam alta de 259%, ante 27% do Ibovespa (IBOV), índice que inclui os papéis da companhia.