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Com R$ 60 bilhões, resgate do Master é o maior da história do FGC; há risco sistêmico?

18 nov 2025, 12:27 - atualizado em 18 nov 2025, 13:12
Queda FIIs IFIX
Ainda de acordo com o sistema IF.data, do BC, o Master tinha aproximadamente R$ 60 bilhões em depósitos elegíveis à cobertura (Imagem: iStock/coffeekai)

O Banco Master entrará para história do sistema financeiro como o maior resgate da história dos 30 anos do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

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Segundo dados de março do BC, o banco soma ativos de R$ 87 bilhões e passivos de R$ 83 bilhões.

Ainda de acordo com o sistema IF.data, do BC, o Master tinha aproximadamente R$ 60 bilhões em depósitos elegíveis à cobertura, número distante do socorro do Banco Nacional, que quebrou em 1995, com rombo de R$ 5 a R$ 10 bilhões, que poderia chegar a R$ 25 a R$ 50 bilhões nos valores atuais.

Veja outros bancos que foram resgatados:

Bamerindus

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  • Intervenção do BC decretada em 1997.
  • Banco apresentava R$ 4,2 bilhões em patrimônio negativo.
  • Liquidação extrajudicial iniciada em 1998 e encerrada em 2014.
  • Parte boa do banco foi vendida ao HSBC na época.
  • Em 2013, o BTG comprou parte do espólio do Bamerindus.

Cruzeiro do Sul

  • Liquidação extrajudicial anunciada em setembro de 2012.
  • Motivo: rombo de R$ 1,3 bilhão.
  • Processo encerrado pelo BC em setembro de 2015.
  • Justiça decretou oficialmente a falência da instituição na mesma data.

Banco Santos

  • Banco do empresário Edemar Cid Ferreira.
  • Intervenção decretada em novembro de 2004.
  • Intervenção transformada em liquidação extrajudicial em março de 2005.
  • Em setembro de 2004, a Justiça decretou a falência do banco.

O tamanho do buraco Master

Mais cedo, a Polícia Federal (PF) prendeu, na manhã desta terça-feira (18), Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, durante a Operação Compliance Zero, que cumpre cinco mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 25 de busca e apreensão no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.

De acordo com informações da Reuters, o empresário foi preso pelos agentes federais quando tentava embarcar para o exterior.

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A ação da PF mira um esquema de emissão e negociação de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional. O órgão apura crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa.

Segundo o diretor-geral da Polícia FederalAndrei Rodrigues, em depoimento na CPI do Crime Organizado, no Senado, a fraude que desencadeou a prisão do banqueiro Daniel Vorcaro pode girar em torno de R$ 12 bilhões.

“Essa operação de hoje a fraude é de R$ 12 bilhões. Não sei quanto que vamos conseguir bloquear. Sei que já em dinheiro apreendemos na residência de um investigado R$ 1,6 milhão em dinheiro nessa operação de hoje”, disse.

Risco sistêmico?

Apesar do tamanho do Master, especialistas que conversaram com o Money Times descartam que a intervenção no banco possa provocar algum efeito no sistema.

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Isso porque o Master é considerado um banco menor e sem tanta correspondência bancária.

“O Master não é um banco com relacionamento interbancário significativo. Sim, alguns bancos compram papéis, mas não na magnitude de grandes instituições. Então, o Master não oferece risco sistêmico”, diz Luis Miguel Santacreu, gerente de análise da Austin Rating.

Quem perderia, segundo ele, seriam os depositantes acima de R$ 250 mil e algumas entidades que compraram letras financeiras.

“Mas isso não afeta o sistema bancário. Risco sistêmico seria um Itaú ou Bradesco, que têm milhões de depositantes. O Master tem milhares”.

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Outro ponto importante é que o Master captou recursos de forma pulverizada.

“Muitos aplicaram até o limite de R$ 250 mil, protegidos pelo FGC. Então, em caso de liquidação, o grande perdedor seria o FGC”.

O FGC é uma entidade privada que protege investidores, mas não oferece crédito.

No primeiro trimestre, o patrimônio do fundo atingiu R$ 153,5 bilhões, crescimento de 6,1% em relação a dezembro de 2024, quando o valor registrado foi de R$ 132,7 bilhões.

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“Claro, se tiver que honrar muitos depósitos, os bancos terão de recompor o fundo, o que pode aumentar custos. Isso pode refletir em juros mais altos, mas não em risco de quebra em cadeia”.

Ou seja, não é um risco sistêmico. Haveria impactos no FGC e, indiretamente, no custo do crédito.

Claudio Gallina, diretor da Fitch, em entrevista ao Money Times em setembro, afirmou que o Master é um banco administrável, de menor relevância.

“Mesmo que tivesse problema, não haveria impacto estrutural em outros bancos. Ele não é sistemicamente importante. Por isso, classificamos como No Support, diferente de bancos como Bradesco (BBDC4) ou Itaú (ITUB4), que têm suporte implícito do governo”, afirma.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É também setorista de setor financeiro. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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