Dívida Pública

Com dívida de 250% do PIB, mercado de títulos no Japão se prepara para alta das taxas longas após eleições

15 jul 2025, 4:11 - atualizado em 15 jul 2025, 3:46
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Eleições no Japão podem mudar rumos econômicos do país mais endividado do mundo (Unsplash/Colton Jones)

Investidores em títulos do governo do Japão estão se preparando para uma possível mudança de poder nas eleições para a Câmara Alta neste fim de semana, o que pode acabar piorando as finanças já frágeis do país.

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A queda na popularidade do primeiro-ministro Shigeru Ishiba fez com que analistas e investidores questionassem se mesmo sua modesta meta de manter a maioria seria alcançável.

Uma derrota pode gerar desde uma mudança na composição da coalizão até a renúncia de Ishiba. Mesmo o cenário menos negativo ainda deve contar com pontos de vista políticos mais voltados para estímulos econômicos.

“O Japão está trilhando um caminho semelhante ao do Reino Unido há alguns anos”, disse Ales Koutny, chefe de taxas internacionais da Vanguard. “Se não houver restrição fiscal, o mercado de títulos começará a pressionar a economia.”

O endividamento do Japão é o mais alto do mundo desenvolvido, de cerca de 250% do Produto Interno Bruto (PIB).

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Preocupações com promessas de generosidade fiscal de partidos de oposição que apoiam cortes de impostos foram fundamentais para que os rendimentos dos títulos do governo japonês de maior prazo (JGBs) disparassem para picos recordes no final de maio.

O Ministério das Finanças conseguiu restaurar alguma calma no mercado com planos para reduzir a emissão de títulos de 20, 30 e 40 anos, para lidar com o desequilíbrio entre oferta e demanda por esses prazos.

A relutância do Banco do Japão em aumentar ainda mais suas taxas de juros, em um cenário econômico global incerto, também está mantendo os investidores afastados.

“Se esse mercado sem demanda continuar e os investidores não previrem aumentos nas taxas neste ano fiscal, a volatilidade do JGB subirá, especialmente no longo prazo”, disse Kentaro Hatono, gestor de fundos da Asset Management One, que afirma estar adotando uma postura de “esperar para ver” devido aos riscos de uma curva de rendimento mais acentuada após o resultado das eleições.

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A fragilidade persistente do trecho superlongo da curva japonesa ficou evidente na semana passada, com pesquisas de opinião mostrando uma queda acentuada nos índices de aprovação de Ishiba.

Os rendimentos de referência do JGB de 30 anos saltaram 13 pontos-base, para 3,17% nesta segunda-feira, ficando pouco abaixo da máxima histórica de 3,185% de 21 de maio. Uma semana antes, esses mesmos rendimentos haviam subido até 22,5 pontos-base em dois dias, para 3,09% em 8 de julho.

O Barclays calcula que o aumento nos rendimentos de 30 anos atualmente leva em conta um corte de cerca de três pontos percentuais na taxa de imposto sobre o consumo do Japão, hoje de 10%.

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Oposição ampliaria gastos

“Mesmo que os partidos governistas mantenham a maioria na Câmara Alta, eles ainda não conseguiriam aprovar projetos de lei orçamentária, incluindo o próximo orçamento suplementar, sem a cooperação dos partidos de oposição”, escreveram os analistas do banco sediados no Japão em uma nota.

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“Nesse contexto, acreditamos que provavelmente haverá uma convergência em direção a uma proposta orçamentária expansionista.”

Todos os três principais partidos de oposição defendem alguma forma de corte de impostos sobre o consumo, com o partido populista de direita Sanseito propondo a eliminação gradual do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), o imposto sobre consumo do país.

A política também ganhou força entre o público: uma pesquisa recente do jornal Asahi mostrou que 68% dos eleitores acreditam que um corte no imposto sobre vendas é a melhor maneira de amortecer o impacto do aumento do custo de vida.

Um resultado eleitoral ruim para a coalizão governista desencadeará uma liquidação de JGBs superlongos por seguradoras de vida e investidores institucionais, prevê Toshinobu Chiba, gestor de fundos da Simplex Asset Management.

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“Se os partidos de oposição vencerem, o déficit público aumentará enormemente”, disse Chiba. “A curva de juros se inclinará bastante.”

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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