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Com escassez de mão de obra, Alemanha quer facilitar entrada de profissionais estrangeiros

09 set 2022, 11:22 - atualizado em 09 set 2022, 11:22
Trabalho na Alemanha
Preocupante escassez de profissionais já estaria surtindo efeito na economia da Alemanha (Imagem: hoch3media/Unsplash)

O governo alemão quer lançar seu próprio “green card” para tentar suprir a escassez de mão de obra no país. Para isso, a Alemanha busca estrangeiros para preencher suas lacunas no mercado de trabalho.

Estima-se que são precisos cerca de 400 mil imigrantes por ano, como afirmou o presidente da Agência Federal do Trabalho, Detlef Scheele, em agosto do ano passado.

As associações industriais reclamam há algum tempo sobre a falta de trabalhadores qualificados, enquanto o Ministério do Trabalho alemão sugere que o déficit de profissionais está desacelerando o crescimento econômico do país que é a maior economia da Europa.

A escassez de mão de obra na Alemanha

A Federação das Associações Alemãs de Empregadores da Indústria Metalúrgica e Elétrica, a Gesamtmetall, diz que duas em cada cinco empresas do setor têm a produção prejudicada por falta de trabalhadores.

Já, a Confederação Alemã de Artesãos (ZDH) afirma que o país carece de cerca de 250 mil profissionais qualificados.

Ao mesmo tempo, a pandemia do coronavírus agravou o problema da imigração insuficiente de trabalhadores qualificados.

O procedimento havia sido reformado em março de 2020, com a Lei de Imigração de Trabalhadores Qualificados, com o objetivo de acelerar os processos.

O “green card” alemão

Nos moldes do “green card” norte-americano, que é, em linhas gerais, um visto permanente de imigração concedido pelas autoridades dos EUA, a Alemanha quer lançar o “cartão de oportunidades”.

Apresentado recentemente pelo ministro do Trabalho, Hubertus Heil, o cartão tem como objetivo facilitar a entrada de estrangeiros no país europeu, mesmo que não tenham ainda uma oferta de emprego em vista.

Porém, o ministro afirmou que haverá limites e condições. Em entrevistas à imprensa, ele disse que o número de cartões será limitado de acordo com as necessidades estipuladas pelo governo alemão.

“Trata-se de atrair imigrantes qualificados num processo sem burocracia. Por isso, é importante dizer: aqueles com o ‘cartão de oportunidades’ conseguirão se sustentar enquanto estiverem aqui”, disse Heil à emissora pública de rádio WDR nesta quarta-feira (07).

Requisitos para o “cartão de oportunidades” e as barreiras

Os interessados deverão cumprir pelo menos três dos quatro critérios seguintes para conseguir o “green card” alemão:

  1. Um diploma universitário ou qualificação profissional;
  2. Experiência profissional de pelo menos três anos;
  3. Conhecimento do idioma ou residência anterior na Alemanha;
  4. Ter menos de 35 anos de idade.

Além disso, z Alemanha apresenta algumas desvantagens culturais em comparação com outras nações ocidentais, como os EUA, que querem atrair trabalhadores qualificados.

O primeiro deles é a língua, já que o alemão é menos falado no mundo do que o inglês.

Outra questão é que os empregadores alemães tradicionalmente valorizam os diplomas e qualificações, e estes nem sempre são reconhecidos na Alemanha, ou, levam meses para serem revalidados no país.

As autoridades locais usam diferentes parâmetros para reconhecer essas certificações e funcionários precisam ainda autenticar traduções de diplomas em cartórios.

Os obstáculos para os trabalhadores

Para o diretor de pesquisa do Instituto de Economia do Trabalho (IZA), Holger Bonin, a iniciativa “está criando obstáculos grandes e desnecessários, que tornam o sistema ainda mais complicado”, disse.

Ele defende que o sistema simplesmente causará mais burocracia. “Por que eles não simplificam o processo? Dar um visto para as pessoas procurarem trabalho e, se não encontrarem nada dentro de um determinado tempo, elas terão que sair do país?”, questiona Bonin.

O diretor diz que alguns dos critérios podem não ser tão importantes para os empregadores na Alemanha.

Por exemplo: para uma empresa internacional – onde seus funcionários se comunicam principalmente em inglês –, não importa se os candidatos falam alemão ou já viveram na Alemanha.

“Acrescentar pontos extras torna tudo mais complicado, e os empregadores podem decidir se esses critérios são importantes durante o recrutamento. Portanto, os profissionais não precisariam de um cartão como pré-seleção”, afirma.

*Com informações da Deutsche Welle

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Formada em Gestão de Negócios e Inovação pela Fatec Sebrae e, atualmente, estudante de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero. Tem como propósito atuar visando os princípios éticos do jornalismo com comprometimento com a informação de qualidade e o combate à desinformação.
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