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Com inflação a 50%, Argentina agora transfere alta dos preços da carne ao mundo

19 maio 2021, 17:53 - atualizado em 19 maio 2021, 17:53
Marfrig-Carnes
O governo argentino proibiu as vendas de carne bovina ao exterior pelos próximos 30 dias (Imagem: Facebook/Marfrig)

A medida da Argentina de vetar as exportações de carne bovina com o objetivo de segurar a inflação deve elevar os preços globais da proteína.

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O governo argentino proibiu as vendas de carne bovina ao exterior pelos próximos 30 dias, pois a inflação no país se aproxima de 50% ao ano. Mas seu maior cliente, a China, ainda precisa comprar grandes quantidades de carne bovina dos mercados mundiais.

O vácuo deixado pela Argentina é grande, já que o país é responsável por 22% das importações de carne bovina da China, perdendo apenas para o Brasil.

“Fechar o segundo fornecedor da China por um mês aumentará os preços globalmente”, disse Brett Stuart, cofundador da consultoria Global AgriTrends.

A decisão da Argentina vem na esteira dos problemas causados no comércio mundial de carne no início da pandemia, quando ondas de Covid-19 levaram ao fechamento de unidades de abate. Os preços sobem com a recuperação da economia global, o que estimula a demanda. Além disso, o clima seco eleva os preços dos grãos usados em rações aos maiores níveis em oito anos.

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Medida deve sustentar os preços internacionais da carne bovina e aumentar os ganhos de frigoríficos como a JBS (Imagem: REUTERS/Bernadett Szabo)

Produtores dos Estados Unidos e Brasil se preparam para ganhar uma fatia do mercado e aumentar as vendas para a China. O país asiático já é o mercado de crescimento mais rápido para a carne bovina dos EUA, impulsionado por consumidores de classe média que melhoram o padrão de vida e buscam incluir mais proteínas às suas dietas. As ofertas da China por carne bovina do exterior aumentaram por três semanas seguidas, disse Stuart.

O Brasil, maior exportador de carne bovina do mundo, pode aumentar os embarques em maio e na primeira quinzena de junho, disse Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria. Isso deve sustentar os preços internacionais da carne bovina e aumentar os ganhos de frigoríficos como a JBS (JBSS3).

Na primeira quinzena de maio, os preços da carne bovina brasileira para exportação deram um salto de 11% em relação a maio do ano passado. Os futuros do gado em Chicago subiram 1,4% na quinta-feira.

A carne bovina argentina é considerada de alta qualidade e, portanto, não é fácil de substituir. O gado brasileiro tem uma genética diferente, e a oferta de outros grandes produtores, como Austrália e Nova Zelândia, é limitada. Isso deixa os EUA com a maior vantagem para capturar participação de mercado, disse Altin Kalo, analista da Steiner Consulting Goup em Manchester, New Hampshire.

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bloomberg@moneytimes.com.br