Com juros altos e incerteza global, renda fixa exige diversificação, apontam especialistas

Em um mundo marcado por incertezas geopolíticas e juros persistentemente altos, a diversificação se tornou ainda mais essencial para quem investe em renda fixa.
Durante painel na Expert XP 2025, especialistas destacaram os caminhos e os desafios para alocar recursos no atual cenário, que combina volatilidade global, eleições no Brasil e uma corrida às aplicações isentas de imposto.
“A renda fixa tem um mar de oportunidades para aproveitar”, disse Camilla Dolle, head da XP, reforçando que, mesmo com a Selic em patamares elevados, é importante não se concentrar apenas nos ativos mais conservadores.
“Temos diversos ciclos e não podemos esquecer de diversificar a carteira”, alertou.
Segundo ela, o mercado brasileiro está mais maduro, com instrumentos variados, prazos distintos e diferentes níveis de garantia que permitem montar estratégias mais robustas.
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Crescimento do crédito privado
Luiz Eduardo Portella, sócio-fundador da Novus Capital, destacou que o crédito privado ganhou espaço diante do novo ambiente.
De acordo com ele, o mundo vive um momento de realocação de capitais iniciados após o “tarifaço” de Donald Trump em abril, que impulsionou a saída de recursos dos Estados Unidos e favoreceu ativos como ouro e mercados emergentes.
“Estamos no início dessa realocação global”, afirmou, ressaltando o crédito privado como alternativa relevante na carteira dos investidores.
Pressão da taxação
Além disso, Portella chamou a atenção para o aumento da demanda por ativos isentos de imposto de renda, como debêntures incentivadas e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), diante da proposta de tributação de 5% sobre esses produtos a partir de 2026.
“A palavra da moda é o isento. Está tendo uma corrida por esses investimentos até o fim do ano”, disse.
Em meio a esse cenário, o gestor observou que muitas empresas já estão antecipando emissões, o que pode causar desequilíbrios nos preços do mercado.
“Várias companhias estão aproveitando para emitir novos títulos, criando uma distorção que deve perdurar até o final de 2025”, alertou.