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Com nova queda das techs, vale a pena dar uma chance às ações?

07 jan 2022, 9:15 - atualizado em 07 jan 2022, 9:15
Locaweb
No cenário de curto prazo, os papéis das empresas de tecnologia brasileiras, além de passarem por um momento de forte correção, estão pressionadas pelo movimento atual de aversão a risco (Imagem: LinkedIn/Locaweb)

Um novo ano começou, mas pouca coisa parece ter mudado no cenário das empresas de tecnologia brasileiras. As ações do setor dão continuidade ao movimento de desvalorização do último ano e, junto com os varejistas, figuram entre os destaques negativos da B3 (B3SA3) na semana.

A Locaweb (LWSA3), que fechou 2021 com perdas de 46%, caiu quase 23% só nos primeiros quatro dias de negociação de 2022.

No mesmo período, as ações do Méliuz (CASH3) desvalorizaram em torno de 19%, enquanto Bemobi (BMOB3) e Mosaico (MOSI3) acumularam quedas de, respectivamente, 20% e 12%.

Até mesmo as empresas que chegaram à bolsa antes do boom de IPOs estão patinando no início do ano. Nomes como Inter (BIDI11), Sinqia (SQIA3), Totvs (TOTS3) e até Positivo (POSI3), que esteve entre as maiores altas de 2021, despencaram nesses primeiros dias.

Segundo Everton Medeiros, especialista da Valor Investimentos, alguns eventos explicam a queda expressiva das ações, sendo o mais recente o posicionamento do Federal Reserve (Fed).

Na quarta, os mercados globais foram atingidos pela divulgação da ata da última reunião do banco central americano, que indicou alta mais rápida do que o esperado nos juros dos EUA e uma postura mais agressiva quanto à redução da sua carteira geral de ativos.

Logo após a divulgação da ata, as ações americanas encerraram o dia em queda acentuada, com o índice Nasdaq, onde estão listadas as maiores companhias de tecnologia do mundo, recuando mais de 3% e influenciando o desempenho das empresas negociadas na B3.

Medeiros explica que o aumento dos juros influencia negativamente os setores de maior risco. No caso do Brasil, que também vive um cenário de juros crescentes, as techs são o principal alvo do movimento de baixa.

Recuperação vem em 2022?

Na avaliação de Medeiros, no cenário de curto prazo, os papéis das empresas de tecnologia brasileiras, além de passarem por um momento de forte correção, estão pressionadas pelo movimento atual de aversão a risco do mercado e valorização do dólar.

No entanto, o especialista tem para 2022 perspectiva de melhora para o setor em comparação com 2021.

Medeiros explica que a migração do investidor da renda variável para a renda fixa em meio ao cenário de aumento de juros abre oportunidades na bolsa.

“Muitas empresas estão sendo negociadas no menor P/L (preço sobre lucro)”, destaca. “É o momento de olhar um pouco mais para o mercado de ações enquanto outras pessoas não estão olhando”.

Especialista da Valor Investimentos tem Magazine Luiza como um dos principais nomes do setor no radar (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Segundo Medeiros, os principais nomes do setor de tecnologia para acompanhar no momento são empresas com grande atuação na área de inovação, como Magazine Luiza (MGLU3), que apresentou uma das maiores desvalorizações no ano passado. Embora seja um varejista, o especialista destaca os altos investimentos da companhia em empresas techs.

Medeiros também vê o Inter como um bom nome para ficar de olho em 2022, além da Locaweb.

Thiago Lobão, fundador e CEO da gestora especializada em tecnologia Catarina Capital, é mais cético em relação a uma recuperação consistente dos ativos locais.

Lobão destaca que o primeiro trimestre ainda será bastante instável para os mercados, seguindo o movimento dos últimos meses do ano.

Para a as ações brasileiras, além dos juros americanos, há ainda o agravante de uma economia brasileira penando para se recuperar e a proximidade das eleições presidenciais.

Lobão diz que, enquanto não houver uma retomada econômica doméstica com resultados “muito fora da casinha” – que não são a perspectiva real para o Brasil -, o mercado (incluindo as techs) não deve apresentar um grande ajuste para cima.

Internacionalize sua carteira

A sugestão do CEO da Catarina Capital é apostar nas ações de tecnologia listadas lá fora. Ele diz que houve uma “correção importante” dos papéis em novembro e dezembro, depois de resultados “astronômicos” no começo do segundo semestre do ano passado.

“Alguns ativos chegaram a níveis de valorização de preço muito paralelos ao que estava rolando na correção na pré-pandemia. E são ativos com curvas de crescimento muito agressivas”, defende o executivo.

Mercado Livre
MercadoLibre é um nome de crescimento que tem perspectivas de projeções com entrega de resultados, destaca CEO da gestora Catarina Capital (Imagem: Divulgação/Reuters)

A gestora está com duas posições em América Latina: Nubank (NU), que recentemente fez seu IPO, e MercadoLibre (MELI). De acordo com Lobão, são dois nomes de crescimento que têm perspectivas de projeções com entrega de resultados.

“Estamos falando de empresas bem diferentes de toda essa leva de companhias brasileiras de tecnologia que sofreram demais e não estão conseguindo manter as curvas de crescimento como os pares”, completa o executivo.

O especialista da Valor também sugere alocação em ações estrangeiras, partindo do princípio da diversificação.

“A partir do momento em que compra uma big tech americana, você não está simplesmente apostando no setor da empresa; você também está dolarizando seu capital. No cenário macroeconômico que temos e a instabilidade cambial em que estamos, dolarizar este capital é muito importante”, defende.

Entre as empresas que estão no radar de Medeiros, destaca-se Mercado Livre. De acordo com ele, a empresa vem ganhando espaço, apesar da competição com a Amazon, e tem uma cadeia logística “interessante”.

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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