Renda Fixa

Com recorde do Ibovespa, renda fixa ainda vai brilhar os olhos em 2024?

14 dez 2023, 13:34 - atualizado em 14 dez 2023, 13:34
renda fixa perspectivas 2024
Mesmo com recorde na bolsa, a renda fixa tem seus ativos para arriscar um pouco mais em 2024. (Imagem: Getty Images)

Ibovespa (IBOV) disparou no pregão desta quinta-feira (14), renovando as suas máximas. O índice atingiu o patamar histórico após repercussão das decisões dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos quanto à taxa básica de juros.

Às 10h16, o índice bateu os 131.259 pontos na sessão regular da B3 e superou o recorde do dia 07 de junho de 2021, de 131.190 pontos.

Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou o corte na taxa básica de juros de 0,50 pontos percentuais, chegando a 11,75%, e o Fomc decidiu por manter inalterada a taxa nos Estados Unidos.

Segundo o economista da Matriz Capital, Vinicius Moura, o que animou os investidores foram os acenos positivo feitos pelos bancos centrais. Com isso, a renda variável salta aos olhos do mercado que tem mais propensão a tomada de risco.

Mas e a renda fixa nessa história, como fica? Conversamos com alguns especialistas para explicarem melhor quais são as perspectivas para essa classe de investimentos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quais são as perspectivas para a renda fixa em 2024?

A renda fixa chamou atenção nos últimos anos justamente por conta dos altos patamares que a Selic chegou, saindo de uma taxa de 2% ao ano em junho de 2020 e chegando a 13,75% em agosto de 2022, valor que se manteve até agosto deste ano.

Para 2024, o próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já demostrou o interesse do Copom em seguir com a política de afrouxamento monetário com mais cortes para 2024.

Com a concretização da queda dos juros, Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital, acredita que a renda fixa possa ter alguns impactos:

  • Títulos atrelados ao CDI rendendo cada vez menos: o 1% ao mês sem risco não será uma realidade;
  • Títulos prefixados rendendo acima do CDI: é possível que ocorra caso os juros caiam mais do que o esperado pelos agentes;
  • Com uma inflação mais branda, é possível que títulos atrelados ao IPCA possuam uma rentabilidade na curva (retorno contratado) menor do que o CDI, mas uma marcação a mercado positiva.

Fonseca ainda alertou para uma fuga de capital da renda fixa atrelada ao CDI, uma vez que a rentabilidade ficará cada vez menor e os ativos de risco tendem a se valorizar.

“O importante é entender que a renda fixa pode ser de baixo ou alto risco, e isso ficou claro no ano de 2023. O que acredito é que o investidor deve estar com mais apetite para tomar risco, inclusive na renda fixa”, explicou o economista.

Uma maior facilidade para investir em 2024 é apontada como um benefício do fim do ciclo de aperto monetário não só no Brasil, como nos países desenvolvidos, o que dará maior liquidez aos mercados.

Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, entende que até o patamar de Selic em 7%, ainda assim, a renda fixa vai valer a pena se a inflação cair junto.

“Só que aí é aquele negócio. Selic caindo muito, a gente tem bolsa subindo e fundos imobiliários subindo. E aí o investidor precisa começar a diversificar”, diz.

Qual investimento ficar de olho para 2024?

Para Fonseca as recomendações para o próximo ano ficam a cargo dos ativos de crédito prefixados com vencimento entre 3 e 5 anos, mas sempre avaliando com cuidado o risco da empresa emissora para não contratar uma excelente taxa e não obter o rendimento devido à falência ou pedido de RJ da companhia.

Outra opção levantada por ele são os títulos indexados à inflação, que possui bons rendimentos reais e protegem o investidor do maior vilão da economia, a inflação.

Já o especialista em renda fixa da Quatzed, Ricardo Jorge, aponta as debentures incentivadas e títulos LCI/LCA como as melhores escolhas.

“A recomendação é escolher bem o emissor e não extrapolar o limite do FGC porque são produtos isentos e de baixo risco. Outro ponto é que eles geralmente pagam mais que outros investimentos como os CDBs e títulos públicos, por isso vejo mais vantagens”, explicou.

Entre os investimentos que devem ficar par trás no próximo ano, Fonseca aponta os títulos públicos pós-fixados.

“Foram os grandes vencedores nos últimos dois anos com os juros altos, mas olhando para frente com a queda dos juros vão render cada vez menos”, analisou o economista da A7 Capital.

Jorge enxerga que os ativos prefixados são os que menos devem valer a pena no próximo ano, uma vez que a Selic está em ritmo de queda e não há expectativa de novas altas.

Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
juliana.caveiro@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.