Petróleo

Comissão de Infraestrutura do Senado aprova indicados para a diretoria da ANP

19 out 2020, 17:29 - atualizado em 19 out 2020, 17:29
Comissão Senado
Durante sabatina na Comissão de Infraestrutura, o senador Lucas Barreto (PSD-AP) questiona Rodolfo Henrique de Saboia, indicado para a diretoria-geral da ANP (Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado)

O oficial da reserva da Marinha Rodolfo Henrique de Saboia está a um passo de se tornar o novo diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP). A Comissão de Infraestrutura (CI) aprovou nesta segunda-feira (19) em sessão semipresencial seu nome, indicado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, para chefiar o órgão responsável pela regulação dos setores de petróleo, gás e biocombustíveis. Foram 13 votos favoráveis e 2 contrários à indicação (MSF 53/2020) do Executivo, que segue agora para deliberação do Plenário.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A ANP está sob comando interino desde a exoneração em março do diretor-geral Décio Oddone, que havia sido nomeado pelo ex-presidente Michel Temer.

Atualmente, Saboia é superintendente de Meio Ambiente da Diretoria de Portos e Costas da Marinha. O relator da indicação, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), disse que Saboia tem “reputação ilibada, formação universitária e elevado conceito no campo de especialidade do cargo para o qual está indicado”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Diretora

A Comissão de Serviços de Infraestrutura também aprovou a indicação de Symone Christine de Santana Araújo para exercer o cargo de diretora da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A indicação (MSF 54/20) foi aprovada pelo mesmo placar: 13 a 2.

A atual diretora do Departamento de Gás Natural do Ministério de Minas e Energia (MME), Symone Araújo, defendeu o Novo Mercado de Gás, programa do governo que pretende aumentar a participação de empresas tanto do mercado de produção quanto no da distribuição.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

GLP

Durante a sabatina conjunta, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) questionou os indicados sobre o fracionamento da venda de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) para que a população de baixa renda tenha acesso ao botijão. A possibilidade de o consumidor encher parcialmente o botijão de gás num posto de revenda vem sendo debatido dentro da ANP e é uma das medidas estudadas pelo governo para reduzir o preço do gás de cozinha.

— Uma das correntes que nos demandou defende que, possibilitando a venda fracionada de gás, você incentiva a competição no mercado de distribuição do GLP. Um outro lado que também nos demandou se apega às questões de segurança para o consumidor final. Essa mudança permitindo a venda fracionada de gás é segura? — disse o senador.

Rodolfo Henrique de Saboia afirmou que a possibilidade de venda fraccionada está na agenda da regulatória da ANP, mas defendeu o aprofundamento do debate.

— Não podemos deixar de examinar todas as possibilidades que possam contribuir para o benefício do consumidor. A discussão sobre essa venda fracionada é importante que seja aprofundada para se verificar se é possível, com segurança, aumentar, melhorar o benefício que um mercado mais eficiente pode trazer ao consumidor — afirmou Saboia.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Já Symone Araújo afirmou que a questão de Nelsinho Trad é um “desafio típico de uma agenda regulatória”, que é combinar o modelo econômico com garantia e segurança para a população.

Petróleo no Rio Amazonas

Outra questão discutida foi o licenciamento ambiental no Brasil para a exploração de petróleo. O senador Lucas Barreto (PSD-AP) lamentou a desistência de uma empresa francesa na exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, na altura do estado de Amapá, após dificuldades de obter o licenciamento ambiental. Cabe agora à Agência Nacional de Petróleo (ANP), abrir um novo processo para encontrar um operador substituto.

— O que falta lá só é a licença do Ibama. Então, havia uma expectativa de que nós já tivéssemos essa exploração há um tempo e está sendo protelado. Então, a gente vai precisar muito do apoio de vocês, porque é uma reserva, é uma riqueza do Brasil, e se fala que tem que aproveitar essa riqueza — disse Barreto.

Presidente da CI, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) também lamentou o atraso na exploração e apontou que o governo precisa olhar com atenção para o petróleo na região fronteiriça.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

— Não sei se combinaram com o país francês, que está do lado, a Guiana, para colocar ali uma parede de contenção na divisa, e há os poços de petróleo. Eu não sei se eles respeitam territorialidade, porque do lado de cá não se pode explorar, mas a Guiana explora, e com o Macron [presidente da França] fazendo discursos lá, três por quatro, criticando a Amazônia brasileira, criticando a exploração brasileira das riquezas naturais. Então, é dever-poder da agência assegurar a transformação dessa riqueza em benefício do Brasil — declarou Marcos Rogério.

Segundo a indicada para a compor a diretoria da ANP, Symone Araújo, existe “um desafio ambiental a ser vencido”.

— É fundamental, nessas questões que envolvem obviamente uma transversalidade, a gente vê, claramente nessa preocupação trazida pelo senador Lucas Barreto, a necessidade de integrarmos áreas de governo, no sentido de que a gente tem um desafio ambiental a ser vencido e que é este desafio ambiental que, de certa maneira, nos impede do melhor aproveitamento dessa riqueza — declarou.

Petrobras

O senador Jean Paul Prates (PT-RN), por sua vez, disse ser preciso que a ANP reconheça como essencial a manutenção da Petrobras (PETR4).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

— A ANP continuará reconhecendo a essencialidade dos setores estratégicos e da existência de um braço estatal para cuidar deles? Ou simplesmente ela pode passar tudo, passar a boiada toda, vender todas essas estatais, todas as suas presenças nesses setores estratégicos como já foi em outras áreas que a gente não considera tão estratégicos? — indagou.

Em resposta, o indicado para comandar a ANP, Saboia afirmou que considera o setor de petróleo como estratégico.

— Eu, pelo menos, não imagino um cenário em que a Petrobras deixe de ser um ator importante na atividade de exploração e produção no Brasil. Ela apenas está se reposicionando em relação à amplitude da sua atuação, ao percentual de responsabilidade de produção do Brasil hoje que lhe pertence. Ela está se reposicionando, o que não significa que ela deixará de ser o ator mais importante — afirmou.

Perfis

Contra-almirante reformado, Saboia começou na Marinha em 1972 e entrou para a reserva em 2012. É bacharel em Ciências Navais, pela Escola Naval, mestre em comando e estado-maior, além de doutor em política e estratégias marítimas, os dois últimos títulos pela Escola de Guerra Naval. Saboia possui também MBA em gestão internacional pela Coppead (RJ).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na ativa, foi diretor-geral do Material da Marinha, coordenador do Programa de Reaparelhamento da Marinha, comandante da Força de Superfície e subchefe de Organização e Assuntos Marítimos na Diretoria de Navegação.

Desde 2013, já na reserva, ocupa o cargo de superintendente de Meio Ambiente da diretoria de Portos e Costas da Marinha.

Já Symone Araújo tem graduação em engenheira química e mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, ambos pela Fundação Universidade Federal de Sergipe, além de doutorado em Manejo de Recursos Naturais pela Universidade de Brasília. Também é especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental.

Ao longo de sua carreira, também foi atuou nos conselhos fiscais da Petrobras, da Pré-Sal Petróleo e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

No relatório, a senadora Kátia Abreu (PP-TO) declara que a indicada tem “reputação ilibada, formação universitária e elevado conceito no campo de especialidade do cargo para o qual está indicada”. Se aprovada pelo Plenário, Symone Araújo entrará na vaga decorrente do fim do mandato de Aurélio Cesar Nogueira Amaral.

Diretoria da ANP

A diretoria da ANP é um órgão colegiado, composto por quatro diretores técnicos e um diretor-geral. O grupo se reúne em sessões deliberativas para emitir resoluções e decidir sobre o julgamento de multas, penas administrativas e pendências entre agentes econômicos e consumidores.

Compartilhar

agencia.senado@moneytimes.com.br