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Como a alta dos combustíveis pode deixar sua conta de luz mais cara?

11 mar 2022, 20:19 - atualizado em 12 mar 2022, 0:35
Etanol Gasolina Combustíveis
Por conta da crise hídrica, que atingiu o país no ano passado, as termoelétricas, que são alimentas por diesel e gás, podem sofrer reajustes (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)

A disparada dos preços dos combustíveis deverá trazer consequências para além das bombas de gasolina. Segundo analistas ouvidos pelo Money Times, o reajuste da Petrobras (PETR3;PETR4) também provocará impactos no setor elétrico.

Por conta da crise hídrica, que atingiu o país no ano passado, as termoelétricas, que são alimentas por diesel gás, podem sofrer reajustes.

“No caso específico do setor elétrico, as térmicas movidas a gás natural e combustíveis terão seu custo de insumo aumentado, o que levará a Aneel a reajustar o preço da energia de determinadas usinas”, prevê Nelly Colnaghi, analista do setor elétrico da Levante.

Atualmente, o brasileiro já paga mais caro sua conta de luz, com a nova bandeira tarifária, chamada de “escassez hídrica” ainda em vigor, apesar das chuvas terem amenizado a crise.

Segundo o ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, em declaração no começo do mês, ainda não há como prever como será o cenário hídrico em 2022, mas há uma expectativa de que seja melhor do que o do ano passado.

Atualmente, o ONS está despachando cerca de 8 mil megawatts (MW) de energia de térmicas, em parte para atender essa situação mais complicada no Sul. Uma decisão recente do governo autorizou o acionamento de térmicas apenas no Sudeste e no Sul para melhora o nível dos reservatórios da região.

O  Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê que o despacho térmico permanecerá nesse ritmo até o fim do período chuvoso. No ano passado, no auge da crise hídrica, as térmicas chegaram a gerar cerca de 20 mil MW de energia.

“Caso o bom momento hidrológico piore e seja necessário acionar mais térmicas como complementação de energia, a alta dos preços destas será repassado para os consumidores, que podem novamente sofrer com uma conta de luz mais elevada por tempo indeterminado”, argumenta Colnaghi, da Levante.

Mesmo assim, no momento, esse risco mostra-se baixo, “mas não desprezível, de modo a manter os players do setor em alerta”

Para Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos, no curto prazo, a alta dos combustíveis em relação às termoelétricas irá interferir bastante devido ao aumento do custo do petróleo. “Esse valor sempre acaba sendo repassado para o consumidor final”, completa.

Apesar disso, ele lembra que empresas voltadas para energia eólica e solar são bons investimentos, “tendo em vista que vão acelerar ainda mais o processo de criação de energia limpa”.

A boa notícia é que em 2022 o sistema elétrico brasileiro não deve precisar tanto das térmicas que operam com custos elevados

Sinal amarelo

Em entrevista à Reuters, o diretor geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, disse que apesar do cenário mais positivo, o setor elétrico brasileiro também está a atento à guerra entre Rússia e Ucrânia.

No ano passado, o gás natural liquefeito (GNL) já viveu um “boom” no mercado internacional, impactando os preços de atividades que usam o produto como matéria-prima.

“Na medida em que você (tem) um grande produtor de óleo e gás envolvido nisso (guerra), a demanda fica alterada e comprometida. E é inevitável o reflexo de preços aqui no Brasil, seja nos derivados, seja nos importadores de GNL”, disse Ciocchi.

“É muito provável que isso venha a afetar os CVUs (custos de geração) das usinas de GNL e também de térmicas da Petrobras”, frisou.

A boa notícia, segundo ele, é que em 2022 o sistema elétrico brasileiro não deve precisar tanto das térmicas que operam com custos elevados.

Hoje, o ONS conta com o despacho de usinas com CVU num patamar “bastante razoável”, entre 350 e 400 reais por megawatt-hora (MWh).

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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