Coluna do Hsia Hua Sheng

Como a China que usar a indústria de inteligência artificial para atrair mais investimentos estrangeiros

12 mar 2024, 12:04 - atualizado em 12 mar 2024, 12:04
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A China está modernizando sua indústria para continuar a ter cadeia de suprimento mais completa, barata, eficiente e moderna. (Foto: glaborde7/ Pixabay)

As Duas Sessões, o evento político permanente anual mais importante da China, reconfirmaram a determinação do país em continuar a desenvolver uma economia industrial de maior teor tecnológico com salto qualitativo no crescimento econômico.

A meta de crescimento de 2024 é aproximadamente de 5%. E os setores de alta tecnologia na energia renováveis, economia verde, telecomunicação, comércio e tecnologia digital, bateria e carros elétricos continuam na pauta principal.

As expressões frequentes nos discursos como “novas forças produtivas de qualidade” e “crescimento de alta qualidade” mostram priorização desses setores tecnológicos.

China: O que significa “novas forças produtivas de alta qualidade”, na prática?

No entanto, o que significa “novas forças produtivas de qualidade”, na prática? Quais seriam as novas medidas ou incentivos fiscais e monetárias associadas a reafirmação dessas diretrizes em 2024?

Do ponto de vista de comércio e investimento global, a China está modernizando seu quadro industrial para continuar a ter cadeia de suprimento mais completa, barata, eficiente e moderna para manter as atuais empresas estrangeiras e atrair os novos investimentos na China.

Isso não é só para indústrias de alta tecnologia, mas também para indústrias tradicionais. O próprio presidente da Comissão de Supervisão e Administração de Ativos Estatais do Conselho de Estado disse que o objetivo não é abandonar as indústrias tradicionais, mas desenvolvê-las tecnologicamente e forma sustentável.

Esse objetivo está alinhado com o compromisso e calendário da política chinesa de carbono neutro.

Veja as medidas do governo chinês para incentivar a indústria

Medida 1: Incentivar maior uso de Industrial Artificial Intelligence

O governo quer incentivar as indústrias tradicionais e toda sua cadeia produtiva a substituir suas máquinas antigas por outras mais modernas com incorporação de inteligência artificial e chips produzidos pela própria China.

Os novos equipamentos artificialmente inteligentes vão ajudar as indústrias tradicionais a ganharem mais eficiência, produtividade, menos emissão de carbono e produzir produtos inovadores.

Já o custo de produção de outsourcing, ou seja, terceirizado, é um dos fatores determinantes dessa escolha das multinacionais globais.

Muitas empresas estrangeiras têm migrados suas unidades de produção para Vietnam, Malásia, Indonésia e Nepal em busca de baixos custos de mão de obra. Essa nova coeficiente de produção moderna e maior integralização de cadeia produtiva vai compensar o aumento de custo de mão de obra na China.

Assim, as empresas estrangeiras podem migrar uma parte de produção de volta para o país, pois as máquinas e robôs industriais inteligentes e customizadas já conseguem fazer de forma eficiente e baixo custos trabalhos manuais nas indústrias tradicionais como têxteis e calçados, artigos de decorações e brinquedos.

A reforma institucional e abertura econômica, em paralelo, também vão continuar a trazer mais investimentos e empresas estrangeiras na cooperação e desenvolvimento de pesquisas tecnológicas de base e de novos produtos comerciais inovadores e criativos.

Por exemplo, as empresas de tecnologias chinesas têm investidos mais de 20% de suas receitas anuais e mantido centros de pesquisas avançados na China, que ajudou o país a ocupar o primeiro lugar em registros de patentes globais de invenções nos últimos anos.

Medida 2: Reduzir gastos não prioritários na administração pública

Para reforçar esse comprometimento de aquecer a economia e favorecer a modernização industrial, o próprio governo chinês também quer apertar o cinto reduzindo suas despesas com administração pública.

Essa redução não afeta pagamento de juros e amortização das dívidas públicas, também não afeta setor de saúde, educação e defesa e outras áreas essências e funcionais da economia.

O foco do governo seria reduzir despesas, salários e gastos não prioritários no funcionalismo público e redirecionar essa economia para promover não só infraestruturas e projetos sociais dos governos locais, mas também finalização dos empreendimentos imobiliários inacabados das construtoras em crise financeira.

Como o Brasil será afetado?

As exportações brasileiras em 2024 estão garantidas com essa maior clareza na meta e forma crescimento chinês.

Mas, as empresas brasileiras precisam controlar muito bem seus custos de produção e logística, pois a margem de lucro vai continuar apertada, uma vez que terá mais competidores no mercado chinês.

Também seria interessante visitarem a China para conhecer os novos processos de inteligência artificial na indústria e sua cadeia de suprimento.

Essas conversas podem gerar novas oportunidade de cooperação entre empresas de dois países em trazer mais investimentos de manufatura chinês para o Brasil, visando não só suprir a demanda mercado doméstico brasileiro, mas também exportar para outros países da América Latina.

*As análises e opiniões são de responsabilidade exclusiva do autor e não representam uma visão das instituições das quais o autor pertence.

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Hsia Hua Sheng é vice-presidente do Bank of China (Brasil) S.A. e professor associado de finanças na Fundação Getulio Vargas (FGV- EAESP). Ele é economista pela Universidade de São Paulo (FEA - USP), doutor e mestre em administração em finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV – EAESP). Foi pesquisador visitante na NYU Stern School of Business e na Shanghai University of Finance and Economics (SHUFE). É especialista em finanças internacionais com foco em mercados emergentes, com larga experiência profissional em multinacionais e possui várias publicações em revistas acadêmicas e profissionais de excelências internacionais e nacionais.
hsia.sheng@moneytimes.com.br
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Hsia Hua Sheng é vice-presidente do Bank of China (Brasil) S.A. e professor associado de finanças na Fundação Getulio Vargas (FGV- EAESP). Ele é economista pela Universidade de São Paulo (FEA - USP), doutor e mestre em administração em finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV – EAESP). Foi pesquisador visitante na NYU Stern School of Business e na Shanghai University of Finance and Economics (SHUFE). É especialista em finanças internacionais com foco em mercados emergentes, com larga experiência profissional em multinacionais e possui várias publicações em revistas acadêmicas e profissionais de excelências internacionais e nacionais.
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