Economia

Como um Corolla explica que acordo com os EUA teria impacto limitado no Brasil, segundo Moody’s

22 out 2025, 11:51 - atualizado em 22 out 2025, 11:51
Lula Trump estados unidos brasil tarifas
Tarifas dos EUA afetam economia brasileira, setores estratégicos e o preço de bens de consumo; negociações entre Lula e Trump avançam. (Montagem: Money Times)

As tarifas dos Estados Unidos têm mexido com a economia brasileira. No entanto, segundo a Moody’s Analytics, os efeitos macroeconômicos de um eventual acordo entre Brasil e EUA seriam provavelmente marginais. E a prova disso é o Corolla.

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A análise destaca que a tarifa efetiva dos EUA dificilmente retornará aos níveis anteriores a janeiro. Além disso, o chamado Custo Brasil — formado por uma combinação de impostos, burocracia e regulamentações — torna improvável que empresas americanas consigam condições significativamente melhores para competir no mercado brasileiro no curto prazo.

“O custo de um Toyota Corolla no Brasil é um exemplo claro da magnitude dessas barreiras. Embora os dados sobre tarifas sejam acessíveis, calcular o impacto adicional de impostos e burocracia sobre o custo de fazer negócios no Brasil continua sendo uma tarefa complexa”, afirma a Moody’s Analytics.

Uma forma prática de ilustrar esse protecionismo é comparar preços de bens produzidos no Brasil. Eletrônicos, eletrodomésticos e automóveis custam entre 30% e 50% mais do que em outras economias emergentes. No caso do Corolla, modelo básico vendido a preços semelhantes nos EUA e no México, o custo no Brasil pode ser até um terço maior.

Além disso, avaliar os ganhos econômicos potenciais de uma economia manufatureira mais competitiva e voltada para exportações é complicado, já que o protecionismo está profundamente enraizado no setor industrial brasileiro.

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Avanço nas negociações

Nos últimos meses, representantes do Brasil e dos Estados Unidos têm mantido negociações para tentar solucionar a disputa tarifária. Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump devem se encontrar neste domingo (26), na Malásia, reforçando a aproximação diplomática entre os países.

Após um encontro informal na Assembleia Geral da ONU, em setembro, os líderes conversaram por telefone em 6 de outubro, sinalizando disposição para superar tensões anteriores.

Antes disso, Trump e Lula já haviam divergido sobre a tentativa do Brasil de estreitar relações comerciais e diplomáticas com os países do BRICS, bem como sobre alternativas ao dólar americano. Além disso, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo STF por planejamento de um golpe anti-democrático, foi citado pela Casa Branca como um dos motivos das tarifas impostas em julho.

Essas questões continuam presentes, mas os impactos econômicos das tarifas abriram uma oportunidade para o diálogo.

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O relatório destaca que os preços do café e da carne bovina — produtos em que o Brasil é o primeiro e o terceiro maior fornecedor dos EUA, respectivamente — também estão em alta, o que aumenta a pressão política sobre Trump para avançar nas negociações.

Embora as tarifas não tenham alterado de forma significativa a macroeconomia brasileira — devido ao aumento das exportações para a China — alguns setores foram fortemente afetados. É o caso da indústria aeronáutica.

“Os EUA são um mercado estratégico para a Embraer, que, junto com México e Canadá, concentra 60% de suas vendas globais. Apesar de aeronaves e peças terem sido excluídas das tarifas de julho, a Embraer ainda enfrenta uma tarifa base de 10%, enquanto concorrentes no México e Canadá exportam sem tarifas pelo USMCA”, destaca o relatório da Moody’s.

Terras raras: a próxima moeda da disputa

Outro ponto que pode favorecer um acordo é o potencial estratégico do Brasil em metais de terras raras, usado em diversas tecnologias avançadas. O país possui as segundas maiores reservas mundiais, atrás apenas da China, mas sua participação na produção global ainda é limitada.

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Nos EUA, cresce o interesse em acessar fontes alternativas desses minerais, enquanto empresas brasileiras buscam capital para desenvolver a produção. Qualquer benefício extra, como incentivos para mineradoras americanas investirem nos depósitos brasileiros, demandaria tempo, devido ao baixo nível atual de produção e à infraestrutura ainda insuficiente.

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Coordenadora de redação
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como coordenadora de redação no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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