Economia

Conte bebês para prever juros reais em mercados emergentes

31 jul 2019, 16:19 - atualizado em 31 jul 2019, 16:19
O juro real no Brasil, segundo o modelo, deve cair para zero em relação à taxa de 4% dos últimos anos (Imagem: Pixabay)

Investidores que tentam prever a trajetória dos juros reais nos mercados emergentes podem ter mais sorte se pesquisarem dados sobre as taxas de fertilidade.

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Um relatório publicado pela Renaissance Capital na quarta-feira revelou que países onde as famílias têm menos filhos provavelmente terão depósitos bancários mais altos, o que, por sua vez, tipicamente reduz as taxas de juros reais e o risco de inadimplência.

“Quando as famílias têm menos filhos, elas tendem a poupar mais porque não podem mais confiar nos filhos para proverem suas pensões”, escreveram analistas liderados por Charlie Robertson. “Achamos que isso explica a correlação surpreendentemente alta entre taxas de fertilidade e depósitos bancários em relação ao PIB – uma correlação existente na década de 1990, bem como hoje – e em muitos países.”

Um bom exemplo da teoria na prática é a China, onde mais da metade do aumento da poupança das famílias desde a década de 1970 pode ser atribuído à política do filho único, de acordo com o relatório. Essa poupança, por sua vez, contribuiu para um grande salto dos depósitos bancários e para a queda dos juros.

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Com base nas descobertas, a taxa de juro real no Egito, Gana, Quênia, Paquistão e Zimbábue poderia cair pela metade na próxima década, em linha com os menores níveis de fertilidade, segundo os analistas. Países como Marrocos, Índia e Filipinas já estão na trajetória certa.

O juro real no Brasil, segundo o modelo, deve cair para zero em relação à taxa de 4% dos últimos anos.

“Por outro lado, as previsões de fertilidade sugerem que Nigéria, Tanzânia, Angola e Costa do Marfim continuarão a ter as taxas de juros reais mais altas do mundo até 2050, porque é improvável que os depósitos bancários deem um salto”, escreveram os analistas. “Isso afetará o investimento e o crescimento a longo prazo.”

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bloomberg@moneytimes.com.br