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“Estamos em um momento muito importante para a economia brasileira”, diz Felipe Miranda sobre risco fiscal

09 ago 2021, 17:12 - atualizado em 10 ago 2021, 8:55
(Imagem: Empiricus)

Na última semana, a política e a economia brasileira passaram por alguns momentos conturbados. Apesar de o Banco Central ter elevado a taxa Selic em um ponto percentual, chegando a 5,25%, a alta não foi suficiente para atrair investidores para o país: o dólar subiu, bem como a curva longa de juros. Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, comentou sobre isso em sua já tradicional live semanal no seu Instagram (ofelipe_miranda).

“Com a pandemia, tivemos de implementar um esforço de guerra e abandonar a austeridade. Passado isso, o esperado era retomar uma trajetória mais consistente e alinhada a um rigor fiscal”, disse. Na última semana, porém, não foi isso que se observou: o teto de gastos esteve sob constante ataque em algumas frentes.

Os precatórios, requisição de pagamentos feita pela Justiça à Fazenda, pegaram o Governo Federal de surpresa: a estimativa era algo próximo de  R$ 55,4 bilhões e, na realidade, o número pode chegar a R$ 89,1 bilhões. Além disso, o anúncio de elevação do programa social Bolsa Família, esse feito de forma premeditada pelo próprio Poder Executivo, também desagradou o mercado.

“Acho que, de algum modo, o barco irá balançar, mas será mais volatilidade e ruído do que algo verdadeiro. Me parece que o mais provável é que sairemos bem do outro lado”, afirmou o líder da Empiricus.

Segundo ele, contudo, é necessário atenção. “Existe uma ala dentro do governo que quer se aproveitar do momento para elevar gastos de forma estrutural, saindo da austeridade. É bem preocupante. É preciso voltar a manifestar apoio ao teto de gastos”, completou.

Quanto à crise institucional, que se dá em torno das alegações do presidente Jair Bolsonaro de fraude nas eleições e das demandas por voto impresso, Miranda acredita que se trata mais de bravata do que de um verdadeiro problema. As atenções devem estar totalmente destinadas ao respeito dos limites fiscais.

“Se entrarmos mesmo em um populismo, o dólar vai para R$ 6 ou R$ 7 e a Selic para 12%. Aí é que mora o verdadeiro perigo. Entraríamos em período de eleição em um cenário de recessão, com a moeda americana muito cara e juros muito altos. Voltaríamos a flertar com o passado”, comentou.

Confira a live completa clicando aqui.

Semana tem política e balanços trimestrais

Com isso, a semana que inicia nesta segunda-feira (9) será de extrema importância. E além dos olhares para Brasília, a continuação da temporada de balanços também deixa o mercado atento.

Nesse caminho, Miranda aponta que está otimista principalmente para os resultados das incorporadoras. “Tem gente usando os papéis dessas companhias como fonte de short para comprar outras coisas. Arrisco que não estão olhando isso de forma detalhada, se baseiam na alta do juros, mas isso já foi”, afirmou. “Os resultados que estão vindo devem ser muito bons. E ainda há a queda do minério de ferro, que saiu de US$ 220 para US$ 170. Deve impulsionar o terceiro trimestre e melhorar as margens das companhias do setor”.

Entre os destaques do setor de incorporadoras, o CIO da Empiricus aponta para o resultado da Mitre (MTRE3), que sai ainda nesta segunda. Conforme ele, na última sexta-feira (6), um grande fluxo comprador entrou nos papéis da incorporadora, que tem pouca liquidez, e se o resultado vier bom é capaz que se crie uma grande “corrida pelos papéis”.

A Direcional (DIRR3), que também publicará seu balanço nesta segunda, e Cyrela (CYRE3), com divulgação na próxima quinta (12), também estão no radar de Felipe Miranda.

B3 pode passar por movimentação semelhante a da Petrobras

Além das incorporadoras, o estrategista-chefe da Empiricus espera, com mais atenção, o resultado da B3 (B3SA3), da Natura (NTCO3), das varejistas – com foco mais no e-commerce – e da BR Partners (BRBI11).

A B3, que divulga balanço na quinta (12), para ele, pode surpreender por uma movimentação semelhante à que aconteceu com a Petrobras. O papel da empresa do setor  financeiro andou apanhando nos últimos meses, com boatos sobre uma possível concorrência e com a saída de um executivo importante, algo semelhante ao que ocorreu na petroleira.

“Tava todo mundo falando que a Petrobrás é ruim, que é petróleo, que há intervenção, que a governança é estranha. Aí vem o resultado, a companhia paga um dividendo com yield alto e a ação sobe 9% em um dia. É um pouco o que pode acontecer com a B3 – o mercado olhar o resultado e a geração de caixa, para além dos burburinhos”, aponta.

Já a Natura, que também divulga balanço na próxima quinta, é destaque por ter, recentemente, sido ‘stopada’ por um grande fundo, caindo cerca de 6% em um único dia.  “Nesses níveis, gosto muito. É diversificada, super bem tocada e um player global”, afirmou Miranda.

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E-commerce deve continuar a mostrar bons resultados

As varejistas, por outro lado, são aguardadas pois ainda há dúvidas de como o e-commerce se portará com a reabertura do comércio físico. Contudo, Felipe Miranda segue acreditando no alto potencial de algumas empresas. “O Mercado Livre só dobrou sua receita na base anual, voltou a trazer fluxo para o setor, mostrando o quanto essa história de e-commerce vai longe. Seguimos confiantes em relação à Magazine Luiza”, disse.

Por último, a BR Partners, recém-estreante na bolsa brasileira, chama a atenção pelo fato de atuar em um setor muito aquecido. A empresa financeira é especializada em auxiliar outras companhias em processos de fusões e aquisições e também IPOs, movimentações que não param de aparecer.

Além disso, por ter realizado a abertura de seu capital recentemente, a BR Partners está promovendo várias mudanças estratégicas e deve trazer tudo isso em seu documento trimestral.

Fora dos balanços, há uma operação na qual a BR Partners tem respaldo para atuar e que vem chamando a atenção do mercado. A notícia divulgada na sexta-feira de que a Lojas Americanas e a Marisa podem estar trabalhando em um M&A foi um dos últimos pontos abrangidos na live.

“A Marisa reconhecidamente está nesse processo de atrair sócios para negócios estratégicos, até para destravar valor. Não acho que seria muito bom para a Lojas Americanas, mas seria ótimo para a Marisa. Teria possibilidade de dobrar de valor se, eventualmente, fechasse negócio”, comentou.

Por fim, Miranda aponta que, apesar do cenário ruim dos últimos meses, ainda há várias oportunidades na bolsa. São muitas as barganhas. “O Ibovespa está caindo há dois meses, isso com Petro e bancos andando muito bem. As small caps estão dizimadas e não está acontecendo nada com essas companhias. É preciso ter um olhar de longo prazo e é necessário calma”, finaliza.

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