Macro Day 2025: como foi o maior evento de macroeconomia do ano, promovido pelo BTG Pactual?

O Macro Day 2025, evento sobre o cenário macroeconômico global organizado pelo BTG Pactual, o maior Banco de Investimentos da América Latina, aconteceu na última segunda-feira (22).
O evento reuniu representantes políticos, CEOs de importantes empresas do mercado e formadores de opinião para discutir os rumos da economia no mundo. E foi transmitido de forma gratuita e online, estruturado em sete painéis que abordaram os seguintes temas:
- Cenário econômico: os rumos da economia brasileira em debate;
- Caminhos para o desenvolvimento da infraestrutura;
- Congresso Nacional: desafios e perspectivas;
- Perspectivas macroeconômicas: crescimento, inflação e juros;
- Política monetária e economia global;
- Reflexões de ex-presidentes da Câmara dos Deputados.
Os painéis entregaram discussões de alto nível e com insights valiosos para gestores, analistas, economistas e, é claro, investidores. A seguir, selecionamos os melhores momentos do Macro Day 2025 para os leitores:
Os rumos da economia brasileira em debate
No painel mediado por Mansueto Almeida, sócio e economista-chefe do BTG Pactual, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, trouxe dados sobre a agenda fiscal do governo, apresentando argumentos para rebater o que chamou de leituras parciais de parte da imprensa e do mercado.
Em sua análise, Haddad buscou contextualizar o quadro atual da política fiscal como resultado de escolhas em administrações anteriores e de pressões estruturais sobre o orçamento que extrapolam a gestão presente.
Nesse contexto, o ministro da Fazenda resgatou números dos governos Temer e Bolsonaro para justificar a situação das contas públicas. Ele citou o déficit primário de 1,3% do PIB em 2019, o impacto de mais de R$ 1 trilhão da chamada “tese do século” sobre PIS/Cofins (equivalente a 10% da dívida pública), e o “calote dos precatórios” em 2022 que, segundo ele, artificialmente reduziu o déficit naquele ano.
Além disso, Haddad destacou a expansão das despesas contratadas antes do atual mandato. Entre elas, as mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada) e no FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), que somam mais de R$ 70 bilhões por ano, e o volume de emendas parlamentares, que adiciona cerca de R$ 50 milhões anuais. Esses fatores, segundo o ministro, explicam boa parte da deterioração recente. Assim, o ministro afirmou que a agenda em curso busca recompor a base fiscal erodida ao longo de duas décadas.
Haddad ainda abordou a persistência dos juros elevados, que limitam a melhora do déficit nominal, mesmo com ganhos expressivos no déficit primário. Na visão dele, o problema não está restrito às contas públicas, lembrando que o Brasil manteve juros altos mesmo em períodos de superávit e queda da dívida. Assim, ele afirmou acreditar que, com os avanços recentes haverá espaço para cortes da taxa, aliviando a dinâmica da dívida.
Encerrando em tom otimista, o ministro projetou que o governo deve entregar, até o fim do mandato, o melhor crescimento médio em mais de uma década, a menor inflação desde o Plano Real e a menor taxa de desemprego da série histórica.
Assista ao painel completo no vídeo abaixo:
Caminhos para o desenvolvimento da infraestrutura
Já no painel mediado por Lucas Marquiori, do Research do BTG, Renan Filho, ministro dos Transportes, e Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos, falaram sobre a agenda de investimentos do governo e qual é a estratégia para destravar o crescimento do Brasil.
O ministro Renan Filho destacou que o Brasil possui atualmente o maior pipeline de concessões rodoviárias do mundo. Nesse sentido, o governo quer definir o mandato com 35 novas concessões, um salto expressivo em comparação com as 24 realizadas entre 1996 e 2022. Além disso, ele ressalta que as concessões atraíram investidores diversos, incluindo fundos de investimentos e players internacionais.
Segundo o ministro, uma solução inovadora para destravar investimentos foi a repactuação de contratos problemáticos. Como exemplo, ele mencionou o “triângulo rodoviário” mais importante do Brasil (São Paulo-Rio-Belo Horizonte), que ainda não tinha obras e agora está com projetos em todos os trechos, mobilizando investimentos de R$ 40 bilhões. A repactuação da Fernão Dias (BR-381), por exemplo, deve injetar R$ 10 bilhões na rodovia.
O ministro Silvio Costa Filho trouxe números igualmente robustos para o setor portuário. Enquanto de 2013 a 2022 foram realizados 40 leilões com R$ 6 bilhões em investimentos, o governo atual projeta 60 leilões em quatro anos, somando quase R$ 40 bilhões. Um dos projetos mais emblemáticos é o leilão do STS10 (Tecon 10) no Porto de Santos, previsto para dezembro, que promete dobrar a capacidade de transporte de contêineres e atrair mais de R$ 5 bilhões em investimentos.
Na aviação, o Brasil se destacou por ser um dos países que mais rapidamente resolveram os reequilíbrios contratuais pós-pandemia, como os casos do Galeão e de Viracopos, gerando segurança jurídica. Além disso, uma notícia de impacto foi o anúncio da compra de até 74 novas aeronaves Embraer pela LATAM , impulsionadas pela FENAC, a primeira linha de crédito criada para a aviação brasileira.
O ministro Costa Filho também mencionou a agenda de hidrovias como uma nova fronteira de investimentos. O Brasil nunca realizou uma concessão de hidrovia, mas planeja leiloar as hidrovias do Paraguai, Tocantins, São Francisco e Matopiba, o que pode reduzir o custo logístico em até 40% e ampliar a competitividade do agronegócio.
Ambos os ministros reforçaram a mensagem de que o Brasil vive um momento favorável para investimentos, com segurança jurídica e institucional. Também argumentaram que, em um cenário global de incertezas fiscais nos EUA e na Europa, o Brasil se posiciona como um jogador atraente.
Assista ao painel completo no vídeo abaixo:
Congresso Nacional: desafios e perspectivas
No painel sobre o Congresso Nacional, com a moderação de Júnia Gama, Head de Análise Política do BTG, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, trouxe suas perspectivas sobre o papel do Legislativo em meio a um cenário desafiador e com expectativas.
Hugo iniciou sua participação no painel com uma analogia direta ao mercado financeiro, descrevendo seu desafio diário como o de operar uma “tela vermelha”. Nesse sentido, ele listou uma série de fatores de instabilidade simultânea:
- Um presidente em seu terceiro mandato já em campanha de reeleição;
- Um ex-presidente sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF);
- Um presidente americano (Donald Trump) impondo tarifas ao Brasil;
- O desafio fiscal do país; e
- Um Congresso de centro-direita dividido.
Nesse contexto, o presidente da Câmara dos Deputados defendeu que seu papel exige cautela, equilíbrio e a busca por convergências mínimas para que o parlamento possa cumprir sua função. E lamentou que as “pautas tóxicas” e os conflitos entre os polos políticos dominem o noticiário, ofuscando aprovações relevantes.
Apesar do cenário turbulento, Hugo destacou que o parlamento tem conseguido fazer entregas importantes para a economia. No primeiro semestre, foram aprovadas uma nova lei de concessões e PPPs e o novo marco de licenciamento ambiental, diretrizes que, segundo ele, destravam investimentos significativos. Já os próximos passos da agenda econômica ficarão concentrados em temas cruciais, como:
- Imposto de Renda (Isenção até R$ 5.000): Motta expressou a vontade de pautar a votação já na próxima semana;
- Reforma Administrativa: essa é uma pauta prioritária para a Câmara, com o objetivo de enfrentar o tema ainda este ano;
- Corte de Gastos Tributários: Motta se posicionou a favor de rever os benefícios tributários, que hoje consomem mais de 6% do PIB.
O presidente da Câmara também abordou pautas que geram maior tensão entre os poderes e a sociedade, como a PEC das Prerrogativas, rejeitando o rótulo de “PEC da blindagem”. Ele argumentou que a proposta retoma o texto original da Constituição de 1988 para proteger o livre exercício do mandato parlamentar contra o que considera abusos e processos por crime de opinião.
Por fim, Hugo avaliou o Congresso como uma “grande âncora de responsabilidade fiscal”, citando as aprovações da reforma da previdência, trabalhista e da autonomia do Banco Central. Ele afirmou que o governo Lula não tem como “forte” o corte de gastos, focando na recomposição de receitas, uma agenda que o Congresso tem apoiado. No entanto, ressaltou a necessidade urgente de se discutir as despesas obrigatórias, que crescem exponencialmente e apertam o orçamento, sob o risco de inviabilizar a gestão do próximo presidente.
Assista ao painel completo no vídeo abaixo:
Crescimento, inflação e juros: os rumores da economia
Neste painel, com mediação de Stefanie Birman, sócia e estrategista do BTG, os especialistas do banco de investimentos Mansueto Almeida, sócio e economista-chefe; Samuel Pessôa, pesquisador macroeconômico; Eduardo Loyo, sócio sênior do banco e Tiago Berriel, sócio e estrategista-chefe, compartilharam suas análises sobre o cenário que molda a economia brasileira e internacional.
Nos Estados Unidos, os especialistas avaliam que o estímulo fiscal que garantiu resiliência à economia começa a perder força. A queda gradual da demanda, somada ao aperto monetário e a um cenário de maior incerteza geopolítica, abre espaço para o Federal Reserve iniciar um ciclo de cortes. Para os emergentes, isso significa um dólar globalmente mais fraco. No caso brasileiro, a valorização recente do real foi atribuída, em grande parte, a esse vento externo favorável, mais do que a fatores internos.
Já no caso do Brasil, o retrato fiscal é o desafio. A dívida pública, que era de 72% do PIB em 2022, deve alcançar cerca de 83% até o fim do atual governo. Em linha, o déficit nominal médio projetado, de 8,5% do PIB, coloca o país entre os piores desempenhos do mundo. Segundo Mansueto Almeida, será inevitável um ajuste fiscal da ordem de R$ 250 bilhões para reverter essa tendência.
O economista Tiago Berriel destacou que o crescimento real das despesas neste governo — 17% em quatro anos, o dobro dos oito anos anteriores — pressionou a demanda e a inflação, obrigando o Banco Central a manter juros reais mais altos. A análise traz um ponto relevante: ainda que o desafio pareça intransponível, um pequeno ajuste na trajetória de gastos já poderia reduzir significativamente os juros de longo prazo, tornando o equilíbrio fiscal mais viável.
Assim, o crescimento de 2025 deve se concentrar no primeiro semestre, com desaceleração quase a zero no segundo, e projeção de 1,5% para 2026. Esse enfraquecimento tende a abrir espaço para o início de cortes de juros no primeiro trimestre do próximo ano. No entanto, especialistas como Eduardo Loyo e Samuel Pessôa ressaltam que o Banco Central precisa aguardar sinais mais claros de arrefecimento no mercado de trabalho e de convergência das expectativas inflacionárias de longo prazo antes de agir.
Em resumo, os especialistas concordaram que, sem enfrentar o crescimento das despesas obrigatórias e sem uma agenda de consolidação consistente, a trajetória da dívida seguirá insustentável. Ao mesmo tempo, ajustes moderados no gasto poderiam reduzir os juros e melhorar as perspectivas de crescimento. O horizonte pós-2027 exigirá escolhas políticas difíceis, mas inadiáveis, para que o país possa avançar em direção a um ciclo de expansão mais sustentável.
Assista ao painel completo no vídeo abaixo:
O impacto da política monetária internacional no Brasil e no mundo
Já no painel sobre os impactos da política monetária internacional, mediado por Tiago Berriel, sócio e estrategista-chefe do BTG, Roger Ferguson, executive chairman da Andalusian Credit Partners e ex-vice-chairman do Federal Reserve, trouxe sua visão sobre a economia americana, os dilemas da política monetária do Fed e as implicações para o Brasil e o mundo.
O economista traçou um retrato ambivalente da economia americana: de um lado, sinais de “estagflação leve”, com crescimento abaixo da tendência, inflação estacionada entre 2,5% e 3% e um mercado de trabalho que começa a perder vigor. De outro, uma onda de otimismo em torno da inteligência artificial (IA), que sustenta parte relevante do mercado de capitais.
Segundo Ferguson, a ascensão da IA, acompanhada de fluxos robustos para setores de tecnologia e serviços financeiros, contrasta com a paralisia de segmentos mais tradicionais. Essa disparidade reforça a percepção de uma economia dual, marcada tanto pelo apetite dos investidores por ativos inovadores quanto pela busca crescente por segurança em títulos do Tesouro americano. O resultado é um quadro multifacetado, em que entusiasmo e cautela convivem lado a lado.
Além disso, ele chamou a atenção para a condução da política monetária. Após o erro de diagnóstico da inflação “transitória”, o Fed abandonou orientações de longo prazo e passou a atuar de forma altamente dependente de dados. Essa postura aumenta a volatilidade do mercado, que reage de maneira exagerada a cada indicador, e eleva o risco de o Banco Central ficar “atrás da curva”.
Nesse sentido, para Ferguson, a decisão de cortar os juros em 25 pontos-base foi prudente, refletindo a consciência do presidente Jerome Powell de que “não há escolhas sem risco”. O ritmo mais lento de cortes, em contraste com a expectativa do mercado, sinaliza que a instituição busca preservar sua credibilidade.
Ferguson também destacou a pressão inédita do Executivo sobre o Fed, que incluiu críticas públicas e até tentativas de interferir diretamente na composição do conselho. Embora pressões presidenciais não sejam novidade, a intensidade atual gera questionamentos sobre a independência da instituição.
Apesar do risco, o economista se disse “cautelosamente otimista”, apostando que o peso da função tende a sobrepor lealdades políticas, como exemplifica a postura de Powell — nomeado por Trump e hoje alvo de críticas do ex-presidente.
Por fim, Ferguson apontou o déficit fiscal de cerca de 7% do PIB como um desafio inadiável. A correção exigiria cortes de gastos e aumento de impostos, uma combinação politicamente difícil em ano eleitoral. Sua avaliação é que a solução deve ser novamente adiada, como tantas vezes ocorreu na história americana. Uma possível saída viria de uma revolução de produtividade liderada pela IA, capaz de ampliar o crescimento e a arrecadação, mas que é uma aposta de baixa probabilidade no curto prazo.
Assista ao painel completo no vídeo abaixo:
Reflexões de ex-presidentes da Câmara dos Deputados
Por fim, no painel com mediação da jornalista Amanda Klein, Michel Temer, ex-presidente da República; Arthur Lira, deputado federal e ex-presidente da Câmara dos Deputados, e Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados e presidente da Fin, compartilharam suas visões sobre os rumos do país.
Iniciando o debate, Michel Temer foi categórico em dizer que conceitos como esquerda e direita perdem relevância diante da necessidade de resultados concretos. Para ele, a governabilidade depende de um “pacto republicano” que articule Executivo e Legislativo, como teria ocorrido em reformas durante seu governo.
A ausência dessa prática, exemplificada pela crise recente do IOF, gera não apenas derrotas políticas, mas crises institucionais. Arthur Lira reforçou a avaliação, afirmando que a atual fragilidade de diálogo tem levado o governo a buscar no Supremo o que não consegue construir no Congresso, criando “cicatrizes profundas”.
Já Rodrigo Maia contestou a tese de que o problema do país está nas emendas parlamentares. Em sua visão, o verdadeiro erro dos governos recentes foi “ceder o orçamento para não fazer política”, abrindo mão da construção de maiorias estáveis. Ele fez também uma autocrítica, reconhecendo que a própria classe política fortalece o Judiciário ao recorrer ao STF após derrotas legislativas. Lira acrescentou que seria necessário limitar o acesso de partidos pouco representativos ao Supremo, para evitar que minorias revertam decisões tomadas por maiorias parlamentares.
Além disso, questões como a “PEC da Blindagem” e o “PL da Anistia” foram analisadas como sintomas da tensão entre poderes. Lira defendeu a PEC como uma reação simbólica da Câmara, ainda que reconheça seu efeito negativo na opinião pública.
Temer buscou atenuar o debate, ressaltando a necessidade de “tranquilização no país” e criticando excessos de autoridades estrangeiras contra figuras ligadas ao Judiciário brasileiro. Já Maia foi incisivo ao apontar que a insistência da oposição nessas pautas “ressuscitou” politicamente o governo Lula, desviando o foco de debates mais relevantes para a sociedade, como reformas tributária, administrativa e fiscal.
O painel encerrou projetando o cenário eleitoral. Temer destacou que a retórica de parte da direita associada a Donald Trump acaba fortalecendo Lula como candidato. Maia, por sua vez, vislumbrou uma disputa entre Lula, representando um projeto do passado, e Tarcísio de Freitas como candidato “natural” da direita. O desafio de Tarcísio, segundo ele, será se desvincular da extrema-direita para construir uma candidatura de centro-direita capaz de agregar partidos como PP, União Brasil, Republicanos, PSD e MDB.
Assista ao painel completo no vídeo abaixo:
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