‘Momento é de aproveitar a queda nos fundos de previdência’, afirma CIO da Empiricus Asset

Julho foi um mês de contrastes para os mercados – enquanto o aumento do apetite ao risco impulsionou a renda variável globalmente, o anúncio das novas tarifas de Donald Trump gerou incertezas sobre o futuro da bolsa brasileira.
Segundo João Piccioni, CIO da Empiricus Asset, “há muito ruído nos mercados locais”. O gestor comentou o cenário na última edição do “Rentabilidade dos Fundos”, programa que traz análises e considerações do gestor sobre o desempenho dos fundos da gestora mensalmente.
Além das tarifas americanas, Piccioni salientou a possibilidade de desaceleração da economia e a incerteza em relação ao fiscal como pontos de atenção para os próximos meses.
Em meio a todo o ruído, a Empiricus Asset se esforçou para aplicar uma estratégia de alocação capaz de reduzir ao máximo o impacto do cenário nas carteiras da casa.
Fundos de renda fixa são um dos destaques do mês
Grande parte dos portfólios de renda fixa da gestora, por exemplo, apresentaram rentabilidades acima do CDI no mês de julho, a partir de uma gestão bastante conservadora, segundo o CIO.
Mesmo a carteira mais “apimentada” de renda fixa da gestora, a do fundo Atrium FIC FIDC, entregou 119% do CDI, apesar do risco associado à tributação dos FIDCs pelas novas regras do IOF – o que poderia impactar negativamente a rentabilidade dos fundos.
Como eventuais tributações ocorreriam sobre aquisições do fundo no mercado primário, o gestor foi capaz de contornar a incerteza no mês de julho. “Temos priorizado alocações no mercado secundário para conseguir manter um nível de rentabilidade bom e um prêmio bastante interessante”, afirmou o CIO.
Bull market das criptomoedas equilibrou rentabilidades dos fundos multimercado
O desempenho dos fundos multimercado da gestora foi mais fraco no mês de julho, o que se deve principalmente à alocação em renda variável local das carteiras – vale lembrar que o Ibovespa fechou o mês de julho em queda de 4,17%.
Por outro lado, o resultado dos portfólios foi parcialmente compensado pela alocação em criptomoedas, cujo resultado positivo no mês foi impulsionado pelos avanços regulatórios do mercado cripto nos Estados Unidos.
“Dois projetos passaram na câmara americana. O Genius Act, o mais importante de todos, regulamenta as stablecoins e estabelece regras”, explica Piccioni. “A Circle é uma das grandes emissoras de stablecoins, já tem ações negociadas em bolsa, e é inclusive um caso em que estamos investindo nos nossos fundos de tecnologia”.
Como resultado, a maioria dos fundos de ativos digitais da casa fecharam o mês com rentabilidades acima de 12%. Piccioni destaca o desempenho das altcoins (moedas alternativas ao bitcoin), principalmente o ethereum (ETH), que se beneficiou do crescente otimismo em torno das stablecoins e da adoção institucional.
Weg (WEGE3) teve mês difícil – mas ainda dá tempo de comprar
As carteiras de renda variável da casa sofreram com a queda de uma de suas maiores players, a Weg (WEGE3).
Além do temor provocado pelas tarifas de Trump, as ações da companhia também reagiram mal à divulgação dos balanços do 2T25 – algo que Piccioni julga prudente contestar.
“Foi um bom resultado, a empresa continuou crescendo… mas é aquela mesma velha história de sempre: as ações da Weg são muito caras?”, explica o gestor. “Mas isso é algo que até pode ser aproveitado. As ações da Weg acabaram ficando mais atrativas para uma entrada”, recomenda.
Carteiras internacionais podem ter lucros maiores em agosto
Na esfera internacional, a Empiricus Asset adotou uma estratégia mais agressiva, escolhendo majoritariamente empresas cujos resultados serão divulgados em agosto.
“Nós não capturamos integralmente a mesma dinâmica do Nasdaq no mês de julho”, explica o gestor. “A gente deve ver um pouco mais dessa reação positiva agora no começo de agosto, quando essas companhias começarem a divulgar seus números. Aí a gente vai capturar um pouco desse retorno.”
Entre os veículos da estratégia global da gestora se destaca o fundo WB90. Com uma carteira fortemente posicionada em companhias mais tradicionais como J.P Morgan, Microsoft e United Rentals, o WB90 fechou o mês com uma rentabilidade de 3,83%.
O fundo também foi reformulado pela Empiricus Asset recentemente, e agora torna possível aos cotistas ter uma maior diluição de custos investindo em um veículo maior, com melhores resultados no agregado, segundo João Piccioni.
Oportunidade: É hora de calibrar os aportes em previdência
Os fundos de previdência tiveram rentabilidades modestas no mês, graças ao impacto da inflação nos títulos longos, presentes nas carteiras.
Uma das carteiras da casa, a Global Real Return, tem 50% do portfólio alocado em títulos longos – o que, neste momento de baixa, esconde uma oportunidade.
“Esses são fundos que, quando caem, devem ser aproveitados”, recomenda o CIO. “Você tem que fazer aportes recorrentes. Quando esses títulos caem, significa que aumenta o potencial de retorno no longo prazo, e o momento se torna mais propício ainda para investir.”
Ou seja, a gestão estratégica e a visão de longo prazo continuam sendo os maiores aliados dos investidores, especialmente para quem está disposto a aproveitar as oportunidades que surgem nas fases de correção dos mercados.