‘Quem ainda está confortável na renda fixa precisa repensar sua estratégia’, alerta CIO; veja sugestão de alocação

Em 9 de julho deste ano, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e causou um alvoroço. Diversas discussões políticas e econômicas tomaram conta do nosso país, mas uma tem passado um pouco distante dos investidores – e pode ser uma das mais importantes para eles.
João Piccioni, CIO da Empiricus Asset, defende a importância de aproveitar este momento para discutir a alocação de capital com ainda mais seriedade. Temas como riscos, diversificação e visão de longo prazo ganham ainda mais importância diante do cenário que surgiu em 2025.
“Quem ainda está confortável na renda fixa precisa repensar suas estratégias”, explica. Piccioni emenda que vemos as economias globais passando por uma reconfiguração econômica e, em alguns anos, veremos quem foram os vencedores.
Em entrevista ao Money Times, ele explica com detalhes como as tarifas de Trump impactam as decisões de alocação e detalha como investidores de todo o mundo já se movimentam para lidar com o cenário global de hoje.
A renda fixa te protege da inflação? ‘A cesta do IPCA não é igual à sua’
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) representa a inflação oficial do Brasil e serve como referência de retorno para muitos ativos da renda fixa.
Porém, há um problema: os números registrados podem ser diferentes do avanço de preços que experimentamos no dia a dia.
Isso acontece pela forma como o IPCA é calculado. De acordo com o próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo índice, ele aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos.
O intervalo de renda das famílias é muito grande, e o cálculo ainda é realizado em 13 áreas urbanas do Brasil – que é um país grande e muito diverso.
João Piccioni explica que, na prática, as pessoas podem experimentar quase o dobro da inflação registrada pelo IPCA. Em junho, o índice registrou um avanço de 0,24% e o acumulado de 12 meses ficou em 5,35%.
“A sua inflação deve estar mais perto dos 10%”, explica o gestor. O principal responsável por isso é o setor de serviços, que tem uma facilidade maior de repassar os custos ao consumidor. É possível aumentar os preços até o momento em que o consumo cai – algo que ainda não ocorreu.
De acordo com dados do Tesouro Direto, colhidos em 25 de julho, o título IPCA+ 2040 oferece retorno de 7,17% acima do índice da inflação. Se considerar o acumulado de 12 meses registrado em julho, o papel do governo pode pagar um pouco mais de 12% no ano.
Ainda é necessário pagar imposto de renda sobre a rentabilidade conquistada nos papéis públicos – as alíquotas variam de 15% a 22,5% dos ganhos, de acordo com o tempo pelo qual o dinheiro fica investido.
Diante disso, quem investe em ativos atrelados ao IPCA pode ter ganhos reais – rendimento descontado da inflação – muito baixos, segundo o CIO. Para realmente proteger o poder de compra é necessário buscar rentabilidades melhores em outros lugares.
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Como as tarifas de 50% aumentam a pressão sobre os investimentos
Se, por um lado, já estava difícil proteger o patrimônio da inflação, a possibilidade de ter os produtos brasileiros taxados em 50% mostra que a situação pode ser ainda pior.
O CIO da Empiricus Asset explica que o problema está na dificuldade que os países têm de lidar com esse tipo de pressão. “Somente para a China é um pouco mais fácil, mas, mesmo assim, o que eles fariam com toda a produção que seria destinada aos Estados Unidos?”, questiona.
Piccioni explica que vender na Europa é difícil, diante do envelhecimento da população. Os produtos poderiam vir para o Brasil, mas a indústria local sofreria com uma invasão de mercadorias chinesas.
O caminho está na negociação com os Estados Unidos, algo que o Brasil não tem conseguido realizar e pode prejudicar de maneira importante o nosso país.
“Se você não participar de uma diversificação global agora, daqui a três anos é provável que a gente veja as outras economias andando muito bem, enquanto a nossa estará estagnada”, explica.
“Se considerar os fluxos globais, os 15% da Selic [patamar atual da taxa básica de juros] na renda fixa não terão valido nada. Por isso, o que deve ser feito agora é se posicionar em moeda forte”, completa o gestor.
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Renda variável internacional: seu dinheiro está pronto para conhecer o mundo?
Não fique triste por ser brasileiro, pois João Piccioni explica que investidores do mundo todo estão saindo da renda fixa. E para onde o dinheiro vai? Os gráficos abaixo são de diferentes índices acionários europeus e servem de exemplo para a forma como investidores estão lidando com o cenário atual.
Os dados são do Investing e foram colhidos na manhã de sexta-feira (25). Perceba como os gráficos apontam para cima a partir do início de 2025.
As bolsas europeias são a bola da vez para os investidores globais, segundo Piccioni. De um modo geral, o continente tem estimulado a economia, com destaque para infraestrutura – principalmente na parte de energia, já que precisam lidar com a falta de gás russo.
A preferência por ativos do velho continente não significa o abandono das ações de outros países. Como exemplo, a Nasdaq também vive um bom momento:
“A inflação continua relativamente alta nos Estados Unidos. Não dá para cruzar os braços com medo do que o Trump pode fazer. Se ele estimula a economia, as bolsas vão bem”, explica João Piccioni, sobre a alocação em ações norte-americanas.
Como resumo, ele diz que as moedas fiduciárias estão perdendo valor para ativos reais. Ou seja, os investidores estão partindo para ouro, criptomoedas e ações – mercados que começam a passar por um bull market (período de alta significativa).
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Ações europeias são parte da estratégia
João Piccioni destaca que o primeiro passo é focar em períodos mais longos: “tem que deixar de lado a visão de curto prazo”.
Diante disso, o CIO da Empiricus Asset aponta os pilares para uma boa diversificação da carteira atualmente:
- Renda variável internacional;
- Renda variável local;
- Reservas de valor em ouro e criptomoedas;
- Ativos ligados ao urânio, pois a Europa volta a olhar para energia nuclear.
Piccioni explica que, na hora de definir as porcentagens de alocação em cada classe de ativos, as ações internacionais precisam de um lugar de destaque. “Quem olha para o futuro, e não só para o presente, deveria ter de 20% a 30% da carteira em ações de fora”.
O ideal é que a alocação em renda variável nacional seja menor, devido à pouca atratividade do mercado local.
Investir em ouro? Reserva de valor em criptomoedas?
Piccioni explica que adicionar ouro ao portfólio pode ser um caminho para melhorar a performance de maneira significativa. Quando se olha para o longo prazo, o ouro é capaz de manter o valor de compra da carteira, principalmente em momentos como o atual, em que até a renda fixa tem dificuldade de oferecer esse tipo de proteção.
Se, por algum motivo, você não acompanhou nada do setor de cripto nos últimos anos, deixou de ver grandes gestores globais considerarem o bitcoin um ativo risk-off (voltado mais a preservação de valor do que rentabilidade). Além disso, cada vez mais empresas adotam estratégias da cripto em suas tesourarias.
João Piccioni explica que uma parcela de criptomoedas menor que a de ouro também pode ser benéfica para a manutenção do poder de compra da carteira. A parte de ativos digitais precisa ser composta predominantemente por bitcoin, mas pode incluir outras moedas em busca de uma rentabilidade maior.
Investimento em urânio
Conforme mencionado antes, a Europa busca saídas para melhorar suas fontes de energia. Piccioni lembra que países como França e Alemanha possuem diversas usinas nucleares, algumas desativadas que devem voltar à ativa em pouco tempo.
Com isso, a busca por urânio se faz necessária em larga escala, abrindo boas oportunidades para investimentos. Esta também deve ser uma parcela pequena do portfólio.
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Você não precisa investir diretamente em cada um dos ativos – existe um caminho mais fácil e eficiente
Deve-se ter sempre em mente que o passo mais importante na formação da carteira é o investidor criar uma diversificação que respeite o seu próprio perfil de risco.
A Empiricus Asset se dedica a auxiliar na construção do portfólio por meio dos seus fundos de investimento. Essa pode ser uma forma mais fácil para o investidor formar sua carteira com as classes e papéis necessários – e ainda tende a ser mais acessível do que o investimento direto em cada ativo.
João Piccioni indica cinco fundos para fazer uma boa alocação diante do cenário atual. Confira a seguir um pequeno resumo sobre cada um deles.
Empiricus Money Rider HF Global FIF Multimercado
“Esse cara tem todas as alocações que eu estou falando para você”, diz Piccioni. O portfólio conta com ações norte-americanas e europeias, exposição ao urânio e, de forma estratégica, ele entra e sai de alocações relacionadas ao Brasil.
O Money Rider é dolarizado, e os investimentos no mercado nacional são feitos por meio de câmbio ou ETFs negociados fora do país. Além disso, as alocações aqui são feitas de acordo com a ótica de um investidor global.
Nos últimos meses, a rentabilidade do fundo tem sofrido influência da depreciação do dólar, mas os investimentos são focados no longo prazo.
Empiricus WB90 FIF Ações
Este já é um fundo totalmente dedicado a ações internacionais, portanto, está sujeito a uma volatilidade maior do que o Money Rider. Nas palavras de Piccioni: “ele é mais arisco”.
O CIO explica que o intuito do WB90 é surfar as ondas da economia real ao redor do mundo. Para exemplificar, ele compartilha que o fundo tem alocações em big techs norte-americanas, numa empresa de pagamentos internacionais situada na Europa e em uma multinacional alemã que desenvolve softwares para empresas.
Empiricus Tech Select FIF Ações
Piccioni detalha que o grande destaque nos Estados Unidos agora são as empresas de tecnologia. Diante disso, o Tech Select foca nas grandes empresas do setor, avaliadas em mais de US$ 100 bilhões.
O gestor ressalta que algumas companhias com valor de mercado inferior ao estipulado também podem entrar no portfólio, quando se vê potencial para que elas ultrapassem os US$ 100 bi.
O fundo investe em companhias líderes e posicionadas em mercados com futuro promissor, ligados a tendências seculares globais como advertising, cloud computing, semicondutores, inteligência artificial e cybersecurity.
Empiricus Tech Bets FIA
Este também é um fundo de investimento em ações de tecnologia, mas aqui o investidor encontra uma estratégia mais agressiva.
Os aportes são feitos em empresas que valem menos de US$ 100 bilhões, mas que têm potencial para ultrapassar este valor.
Como exemplo de setores que fazem parte da carteira do Tech Bets, Piccioni cita as finanças descentralizadas (DeFi) e clouds especialistas, como uma companhia hiperfocada em nuvem voltada para inteligência artificial.
Empiricus Digital Crypto FIM
A reserva de valor em criptomoedas também pode contar com um fundo de investimentos. O Digital Crypto se concentra em ETFs de ethereum, solana e bitcoin (EBIT11, da própria Empiricus Asset).
O portfólio conta ainda com outro ETF da própria casa, o CRPT11, que compra as 20 maiores criptos em valor de mercado.
De acordo com o CIO, o diferencial deste fundo é dedicar uma parcela pequena do portfólio a venture capital.
Ou seja, os gestores vão constantemente atrás de empresas pequenas ligadas a criptomoedas, que tenham um grande potencial de valorização. A estratégia conta até mesmo com a parceria de norte-americanos dedicados a esse trabalho nos Estados Unidos.
Piccioni revela que outra parcela pequena do fundo se dedica ao trading com criptomoedas e, assim, busca capturar discrepâncias nas negociações diárias entre elas.
Empiricus OURO FICFIM
Como destacado por João Piccioni, o ouro é uma reserva de valor importante para os investidores. Quem preferir, também pode garantir a sua parcela de proteção por meio de fundos de investimento.
O Empiricus Ouro utiliza produtos financeiros, como contratos de swap, para seguir a dinâmica de mercado do metal precioso. Em negociação desde setembro de 2019, o portfólio acumula alta de 141,6% desde o início. Poucos ativos entregam rentabilidade anual média acima de 20% no longo prazo.
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As informações contidas nesta apresentação não podem ser consideradas como única fonte de informações no processo decisório do investidor, que, antes de tomar qualquer decisão, deverá realizar uma avaliação minuciosa do produto e respectivos riscos, face aos seus objetivos pessoais e ao seu perfil de risco (“Suitability”). RENTABILIDADE PASSADA NÃO REPRESENTA GARANTIA DE RENTABILIDADE FUTURA. Assim, não é possível prever o desempenho futuro de um investimento a partir da variação de seu valor de mercado no passado. A RENTABILIDADE DIVULGADA NÃO É LÍQUIDA DE IMPOSTOS. O BTG não assume que os investidores vão obter lucros, nem se responsabiliza pelas perdas. FUNDOS DE INVESTIMENTO NÃO CONTAM COM GARANTIA DO ADMINISTRADOR, DO GESTOR, DE QUALQUER MECANISMO DE SEGURO OU FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITO – FGC. LEIA O PROSPECTO E O REGULAMENTO ANTES DE INVESTIR.
Empiricus Money Rider HF Global FIF Multimercado. Classe: Única. Público-alvo: Investidor qualificado. Investimento mínimo inicial: R$ 100. Aporte mínimo: R$ 100. CNPJ: 35.120.080/0001-01. Conversão das cotas: D+30. Resgate das cotas: D+32 Data de início: 17/12/2019. Rentabilidade jun/2025: 3,95%. Rentabilidade 12 (doze) meses: 4,22%. Patrimônio líquido médio mensal 12 (doze) meses: R$ 55.978.350,71. Taxa de administração: 0,90%. Taxa de performance: 10%. Grau de risco: Sofisticado. Material técnico sobre o fundo aqui.
Empiricus WB90 FIF Ações. Classe: Única. Público-alvo: Investidores em geral. Investimento mínimo inicial: R$ 100. Aporte mínimo: R$ 100. CNPJ: 38.318.335/0001-25. Conversão das cotas: D+10. Resgate das cotas: D+12. Data de início: 14/09/2020. Rentabilidade jun/2025: -0,10%. Rentabilidade 12 (doze) meses: 10,81%. Patrimônio líquido médio mensal 12 (doze) meses: R$ 16.682.054,52. Taxa de administração: 0,90%. Taxa de performance: Não há. Grau de risco: Sofisticado. Material técnico sobre o fundo aqui.
Empiricus Tech Select FIF Ações. Classe: Única. Público-alvo: Investidores em geral. Investimento mínimo inicial: R$ 1.000. Aporte mínimo: R$ 100. CNPJ: 36.017.669/0001-33. Conversão das cotas: D+10. Resgate das cotas: D+12. Data de início: 09/06/2020. Rentabilidade jun/2025: 2,09%. Rentabilidade 12 (doze) meses: 13,24%. Patrimônio líquido médio mensal 12 (doze) meses: R$ 225.683.675,53. Taxa de administração: 0,90%. Taxa de performance: Não há. Grau de risco: Sofisticado. Material técnico sobre o fundo aqui.
Empiricus Tech Bets FIA. Classe: Única. Público-alvo: Investidores em geral. Investimento mínimo inicial: R$ 0. Aporte mínimo: R$ 1. CNPJ: 38.417.126/0001-39. Conversão das cotas: D+10. Resgate das cotas: D+12. Data de início: 28/09/2020. Rentabilidade jun/2025: 1,36%. Rentabilidade 12 (doze) meses: 20,45%. Patrimônio líquido médio mensal 12 (doze) meses: R$ 60.016.189,36. Taxa de administração: 0,90%. Taxa de performance: 20%. Grau de risco: Sofisticado. Material técnico sobre o fundo aqui.
Empiricus Digital Crypto FIM. Classe: Única. Público-alvo: Investidor qualificado. Investimento mínimo inicial: R$ 5.000. Aporte mínimo: R$ 100. CNPJ: 56.223.657/0001-72. Conversão das cotas: D+10. Resgate das cotas: D+12. Data de início: 05/08/2024. Rentabilidade jun/2025: -2,20%. Rentabilidade 12 (doze) meses: não há. Patrimônio líquido médio mensal 12 (doze) meses: R$ 4,6 bilhões. Taxa de administração: 1,50%. Taxa de performance: 20%. Grau de risco: Nível 5. Este Fundo tem menos de 12 (doze) meses. Para avaliação da performance de um fundo de investimento, é recomendável a análise de, no mínimo, 12 (doze) meses. Material técnico sobre o fundo aqui.
Empiricus OURO FICFIM. Classe: Única. Público-alvo: Investidores em geral. Investimento mínimo inicial: R$ 1.000. Aporte mínimo: R$ 100. CNPJ: 33.925.149/0001-30. Conversão das cotas: D+5. Resgate das cotas: D+6. Data de início: 19/09/2019. Rentabilidade jun/2025: -4,59%. Rentabilidade 12 (doze) meses: 38,61%. Patrimônio líquido médio mensal 12 (doze) meses: R$ 86.137.581,39. Taxa de administração: 0,09%. Taxa de performance: Não há. Grau de risco: Moderado. Material técnico sobre o fundo aqui.