MT Labs

Saiu do ranking: Petrobras (PETR4) não é mais uma das maiores pagadoras de dividendos do mundo

14 mar 2024, 15:00 - atualizado em 14 mar 2024, 14:03
petrobras petr4 dividendos
Além da retenção de dividendos extraordinários, ranking relativo a 2023 mostra Petrobras fora das 20 maiores pagadoras do mundo (Imagem: Divulgação/Canva // Montagem: Bruna Martins)

A Petrobras (PETR4) não saiu do noticiário nos últimos dias – e, na maioria das vezes, por notícias que não agradam tanto ao investidor. Desta vez, a novidade é que a estatal brasileira saiu do ranking que elege as maiores empresas pagadoras de dividendos do mundo. 

Isso acontece logo após a Petrobras anunciar a retenção dos dividendos extraordinários, que serão direcionados à reserva de investimentos da companhia ao invés de distribuídos aos acionistas. 

Ou seja: o ranking, que é relativo a 2023, ainda nem reflete a decisão de retenção dos dividendos anunciada na última semana. É provável que, nos próximos anos, a estatal caia ainda mais nessa lista, como um reflexo da menor distribuição.

Em 2022, a Petrobras era a segunda maior pagadora de dividendos do mundo em valores absolutos, atrás apenas da mineradora australiana BHP (BHPG34).

Já em 2023, a petroleira sequer apareceu na lista de 20 maiores pagadoras do mundo. Foram US$ 10 bilhões a menos distribuídos pela estatal, em comparação com o ano anterior, segundo o levantamento da Janus Henderson.

Outra petroleira, a ExxonMobil (EXXO34), ficou em terceiro lugar no ranking mundial de “vacas leiteiras”. Acima dela, se consagraram a Apple (AAPL34) e a campeã Microsoft (MSFT34). 

Essas duas notícias recentes, juntas, parecem formar a “tempestade perfeita” para a companhia que já foi por muito tempo a queridinha para buscar dividendos na Bolsa. Mas será que não é mais? 

Para alguns analistas, na verdade, essa preferência pela petroleira já não existe há algum tempo. A Empiricus Research, por exemplo, não tem ações PETR4 recomendadas em nenhuma carteira da casa há alguns meses. 

E são dois os principais motivos para isso. 

‘Estatal não tem muito o benefício da dúvida’

Em primeiro lugar está o risco político que rodeia a ação. Por se tratar de uma empresa de capital misto com controle estatal, a Petrobras está sempre exposta a decisões do governo que podem alterar o curso dos papéis.

E a recente retenção dos dividendos extraordinários é um exemplo disso. Segundo o presidente da companhia, Jean Paul Prates, a decisão foi orientada pelo presidente Lula e seus auxiliares diretos, que são os ministros. 

Para Larissa Quaresma, analista CFA da Empiricus Research, “tivemos uma importante demonstração dos limites da interferência política em estatais, que são na verdade muito mais amplos do que se poderia imaginar, a despeito da Lei das Estatais”.

O analista Ruy Hungria, da mesma casa de análise, pondera que a retenção dos R$ 43,9 bilhões em dividendos, por si só, não é de todo ruim: “o problema não é guardar os recursos na reserva, mas é preciso entender o que será feito com essas reservas depois, se esse dinheiro será usado em bons investimentos para a companhia”. 

Além disso, ele diz que ainda pode ser que haja outras distribuições extraordinárias de dividendos pela Petrobras no futuro, talvez de forma menos frequente (e com valores menores) do que no passado.

“Mas é importante entender que há um risco político associado a isso”, alerta. “Estatal não tem muito o benefício da dúvida”.

VEJA AQUI 5 BOAS AÇÕES PARA TER NA CARTEIRA DE DIVIDENDOS, SEGUNDO ANALISTA

Petrobras tem ação (ainda) cara

O segundo motivo principal que manteve a Petrobras fora das carteiras da casa está relacionado ao preço da ação. Para os analistas, após altas expressivas sofridas nos últimos trimestres, o papel PETR4 se manteve “caro” demais – mas isso é algo que pode mudar.

Com as notícias ruins que rondam a Petrobras, as ações da companhia chegaram a cair -10% no último mês, negociando nesta quinta (14) a cerca de R$ 36. 

“Olhando pra frente, tudo vai depender muito do discurso sobre como esse dinheiro da reserva vai ser utilizado. Tem uma finalidade boa, mas o discurso foi muito ruim. Talvez se esse discurso melhorar, o papel comece a andar, mas vai depender muito disso”, ressalta Ruy Hungria. 

Olhando dessa forma, a queda recente do papel pode parecer uma oportunidade para o investidor pagar barato. Para a Empiricus, ainda não foi suficiente – a ação PETR4 continua fora das carteiras da casa. “É um case pra gente ficar de olho”, diz o analista. 

VEJA A CARTEIRA DE DIVIDENDOS DE RUY HUNGRIA AQUI (SEM PETROBRAS)

A carteira ideal para o verdadeiro investidor de dividendos tem outras 5 empresas brasileiras

A saída de Petrobras (PETR4) do ranking de maiores pagadoras de dividendos do mundo ressalta o que alguns dos principais analistas do mercado já diziam há um tempo: há ações melhores para buscar bons dividendos na Bolsa agora. 

Para Ruy Hungria, da Empiricus, outras 5 empresas brasileiras estão em melhor ponto de entrada no momento e apresentam as características principais das maiores “vacas leiteiras” da Bolsa:

  • Capacidade comprovada de geração de caixa livre;
  • Perfil sólido de atuação e liderança em seus mercados;
  • Modelo de negócio resiliente;
  • Altos níveis de liquidez de suas ações;
  • E boa margem de segurança.

Unindo todos esses pontos, na visão da casa de análise, essas 5 ações são aquelas que todo verdadeiro investidor de dividendos deve ter na carteira para buscar “paz de espírito” – ou seja, a geração de renda consistente e regular no longo prazo. 

Antes de investir com foco em dividendos – ou na hora de rebalancear a sua carteira –, confira a lista gratuita de recomendações do analista.

Não custará nada para você conhecer as ações favoritas de Ruy Hungria, mas com elas você terá a chance de obter lucros muito maiores do que com outros papéis menos promissores que podem estar na sua carteira agora.

[DE GRAÇA] VEJA AQUI AS 5 AÇÕES DE DIVIDENDOS RECOMENDADAS

Jornalista formada pela Universidade de São Paulo (ECA-USP) e redatora dos portais Seu Dinheiro, Money Times e Empiricus. Já foi repórter do Metro Jornal SP e colaborou para Casa Vogue, além de ter experiência em comunicação corporativa e assessoria de imprensa.
Jornalista formada pela Universidade de São Paulo (ECA-USP) e redatora dos portais Seu Dinheiro, Money Times e Empiricus. Já foi repórter do Metro Jornal SP e colaborou para Casa Vogue, além de ter experiência em comunicação corporativa e assessoria de imprensa.