Exportações

Contração do PIB e importações dos EUA chegou às concentradas vendas brasileiras do agro

30 jul 2020, 15:01 - atualizado em 30 jul 2020, 16:55
Café Grãos Agronegócio Commodities
Café está entre os principais produtos brasileiros vendidos aos Estados Unidos (Imagem: Unsplash/@kittinskie)

A crise econômica vivida pelos Estados Unidos, sob imposição da pandemia, teve reflexo sentido nas exportações brasileiras do agronegócio, principalmente. Destino que, inclusive, apresentou queda muito superior ao recuo das compras da União Europeia (UE), bloco duramente atingido pelo bloqueio econômico seguramente mais rigoroso e mais duradouro.

O PIB dos americanos perdeu 5% no primeiro trimestre e vem de um tombo profundo de 32,9% no segundo, anualizado. E, respectivamente, importou menos do mundo (da pauta total) 2,7% e 67,6%, conforme os números divulgados nesta quinta (30) pelo órgão de estatísticas nacionais, relativizando também com os primeiros seis meses do ano passado. A zona do euro se contraiu 3,1% no primeiro trimestre e para o ano as estimativas variam de 7% a 10%.

Ainda que o país, terceiro mais importador, tenha uma participação menor do que a UE nas exportações do agronegócio, o Brasil vendeu 13,4% menos, fechando janeiro a junho em US$ 3,04 bilhões. Para o bloco europeu, os dados da Secex mostram queda de apenas 0,8%, que resultou em embarques de US$ 8,36 bilhões. Os dados igualmente são em comparação com igual período de 2019.

A derrapagem daquela economia e o efeito carrego para o terceiro trimestre, e o semestre todo, em um cenário preocupante pelo avanço dos casos da covid-19 em vastas regiões, deixam em suspenso a performance dos negócios brasileiros para lá, além de postergar duramente as possibilidades de abertura de janelas exportadoras em 2020.

O setor de carne bovina, por exemplo, apostava nas vendas de carne in natura, que foi reaberta começo do ano e, desde então, segue praticamente zerada.

Quando se olha a China, com aquisições de US$ 20,4 bilhões, e aumento de mais 30%, parece desprezível o share americano, só que o gigante chinês é basicamente soja e carnes.

Chama atenção, também, na comparação com o segundo destino do Brasil, que a pauta para os países europeus é mais diversificada e equilibrada. E o leque de produtos do agronegócio negociados com os Estados Unidos é concentrado em açúcar, vindo bem lá atrás café, produtos florestais, além de suco de laranja e alguns outros picadinhos, onde se sobressaem frutas frescas, por exemplo, que somam um grupo em torno de 25% das vendas.

Com exceção de bons volumes de açúcar, que foram desviados para outros destinos, os demais produtos não tiveram mercados substitutos, ou não atingiram os volumes comprados antes pelos importadores americanos.

A corrosão das exportações brasileiras da agropecuária para a maior economia global só não foi maior do que a efetivada aos Emirados Árabes Unidos (-26%), Chile (-18,1%) e Japão (14,2%), mas que possuem participação abaixo de US$ 1 bilhão tradicionalmente, com exceção do mercado asiático.

 

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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