COP30 avança entre progressos e obstáculos: veja o que está em jogo na cúpula do clima
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) segue em Belém, reunindo representantes de 194 países na tentativa de fechar consensos sobre como enfrentar a crise climática. O foco principal é concluir textos e possíveis acordos que tratem de financiamento, adaptação e metas de redução de gases responsáveis pelo aquecimento global.
No centro das discussões está a definição de 100 indicadores globais de adaptação — um instrumento para medir se os países estão avançando em resiliência climática. Após a primeira semana, alguns trechos seguem travados, enquanto outros evoluem de forma mais harmoniosa.
Financiamento climático: o maior impasse da COP30
O tema mais sensível é o financiamento. Pelo Artigo 9.1 do Acordo de Paris, países desenvolvidos devem apoiar financeiramente as ações climáticas de nações em desenvolvimento.
Na COP29, o montante anual foi definido em US$ 300 bilhões — valor considerado insuficiente por países mais pobres e especialistas. Para acelerar a agenda, a presidência da COP30 propôs mobilizar até US$ 1,3 trilhão por ano. Ainda assim, não há clareza se um compromisso dessa magnitude será aceito.
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Mitigação: metas ainda distantes do necessário
Outro ponto crítico são as metas de redução de emissões, as NDCs. O consenso atual é visto como tímido. Cientistas estimam que seria preciso reduzir 5% das emissões anualmente, começando já. Em vez disso, as emissões globais podem aumentar 1% neste ano em comparação com 2024.
Nesse ritmo, o limite de 1,5ºC ficará fora de alcance, e o mundo poderá ultrapassar facilmente os 2ºC — cenário classificado como altamente perigoso.
O cientista sueco Johan Rockström, do Instituto Potsdam, alertou na conferência que a transição para longe dos combustíveis fósseis é urgente, já que eles respondem por 75% das emissões que aquecem o planeta.
Adaptação: risco de adiamento preocupa países vulneráveis
A Meta Global de Adaptação (GGA), que busca fortalecer a capacidade dos países de lidar com eventos climáticos extremos, também enfrenta resistência. O Grupo Africano, que reúne 54 países, defendeu adiar a decisão final para 2027.
Nações como o Brasil — marcado recentemente por desastres extremos no Sul — e observadores internacionais temem que um adiamento paralise investimentos e deixe países vulneráveis ainda mais expostos.
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Onde há avanços: transição energética e florestas
Apesar das tensões, a COP30 registra movimentos positivos, principalmente na pauta dos combustíveis fósseis.
Uma nova coalizão de países surgiu para apoiar um roteiro de transição energética. Até o momento, 23 nações aderiram informalmente ao compromisso de eliminar gradualmente os combustíveis fósseis — entre elas Reino Unido, Alemanha, União Europeia e Colômbia.
Embora o desafio seja transformar esse impulso em decisões concretas, participantes veem progresso nas discussões sobre preservação de florestas tropicais e na elaboração de caminhos para a transição energética.