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COP30 e o financiamento privado ao agronegócio: o que virá de Belém?

08 nov 2025, 12:00 - atualizado em 07 nov 2025, 14:30
cop30 agronegócio
(iStock.com/J Brarymi)

Na semana que vem se inicia a Conferência das Partes sobre o Clima de número 30, a chamada COP30 em Belém do Pará.

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Muito se falou sobre a conferência internacional, de carestia nas hospedagens ao barco-hotel que acomodará o Presidente Lula para participação na conferência.

Esse colunista, aproveitando a temática de nosso espaço, nas próximas linhas, vai procurar trazer ao leitor um novo olhar sobre o que pode vir de Belém para o agronegócio, focando na seara do mercado privado de financiamento ao setor.

O MDL e a importância da COP30

A Conferência das Partes, a chamada COP, como o próprio nome insinua, foi criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) para a discussão especifica das mudanças climáticas- fato científico incontroverso, diga-se – entre o conjunto dos países do globo terrestre já que a questão ambiental é difusa e impacta todo o globo terrestre.

Desde o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) derivado do Protocolo de Kyoto, na COP3 do Japão, que tratou dos CERs (Certificados de Emissão Reduzida) e de sistemas de compensação internacional de gases do efeito estufa até a COP29, ocorrida no Azerbaijão, houve avanço nas discussões e molduras institucionais em torno dos mecanismos internacionais de combate às mudanças climáticas.

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Porém, infelizmente, até agora com baixa efetividade em relação à contenção dos efeitos dessas mudanças no meio-ambiente, o que todos sentimos no dia a dia.

O cenário interno e o financiamento privado

Ocorre que, a despeito do consenso, ainda na COP28 de Dubai, acerca da centralidade do agronegócio na solução das mudanças climáticas em nível global, pouco se avançou efetivamente também nesse sentido até por conta de outros fatores que não envolvem as COPs, apesar de serem impactados e impactá-las profundamente.

É que convenhamos, com uma Selic no patamar de 15% ao ano – com viés de manutenção por “período bastante prolongado”, segundo o último Copom, qualquer discussão sobre financiamento verde (CRA ou CDCA verdes), créditos de carbono e CPR Verde tende a “desandar”.

Como um produtor ou empresa da cadeia do agronegócio vai competir para a tomada de empréstimos com um Estado que não faz o dever de casa fiscal e toma a 15% ao ano?

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Nesse cenário fica difícil para qualquer produtor, por mais “verde” que seja, como o produtor brasileiro, pensar em financiar a sua produção, quiçá investir em avanços na seara climática como praticar Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), utilização de fertilizantes e insumos biológicos.

Por mais que tenhamos títulos do financiamento privado ao agronegócio emitidos na casa do trilhão, segundo últimos números do Boletim de Finanças do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), a preocupação em um cenário desses é de solvência do tomador dos recursos a mercado e da saúde financeira dos balanços dos emprestadores desses recursos tão caros para a garantia da segurança alimentar e, claro, de um meio-ambiente equilibrado já que o agronegócio é central, segundo a própria COP, na resolução desses temas.

Plano Clima e mais alguns ruídos devem dar o tom a ser superado

Além de não fazer o “dever de casa” fiscal para iniciarmos um processo de soft landing dos juros pelo Copom, o Governo Federal, tenta criar mais ruído ao protagonizar uma discussão do chamado Plano Clima para 2035, que será abordado na COP30.

Se tenta atribuir internamente ao setor do agronegócio, internacionalmente tratado como solução da questão ambiental, um antagonismo em relação ao combate às mudanças climáticas, apontando um suposto impacto ambiental para o setor, sem qualquer supedâneo em fatos.

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O mercado interno de carbono também não decola, apesar do alarde em torno do registro de alguns créditos na B3 em uma única operação particular que mais se assemelha a uma “reserva de mercado” do que a um mercado, que seja voluntário, propriamente dito.

Enfim, este colunista imagina que possamos ter algum progresso na seara internacional em torno das discussões e mais efetividade dos mecanismos globais para combate mais efetivo às mudanças climáticas emergindo dessa COP30, a despeito de alguns ruídos e fatores internos que solapam a lógica para esse avanço.
É que basta ter liderança e concatenação de ações, o que o nosso agronegócio sempre teve de sobra.

A pujança de nosso agronegócio, setor que se especializou ao longo dos anos em buscar sempre soluções privadas para o seu desenvolvimento com o auxílio precioso dos governos que se sucederam até então na construção de políticas públicas que respaldaram esse movimento até aqui, pode fazer esse cenário novamente se realizar.

Esperamos que de Belém possam germinar muitas sementes para um novo ciclo de novas políticas públicas atentas à realidade do que o produtor e o mundo necessitam de nosso agronegócio.

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André Ricardo Passos de Souza, é sócio-fundador do PSAA - Passos e Sticca Advogados Associados -, com MBA em Finanças e Mercado de Capitais pela MP Consultoria/Banco BBM, LLM em Direito do Mercado Financeiro e de Capitais pelo IBMEC, bacharel em direito pela UERJ. Professor nos programas de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Conselheiro Fiscal da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
andre.passos@moneytimes.com.br
André Ricardo Passos de Souza, é sócio-fundador do PSAA - Passos e Sticca Advogados Associados -, com MBA em Finanças e Mercado de Capitais pela MP Consultoria/Banco BBM, LLM em Direito do Mercado Financeiro e de Capitais pelo IBMEC, bacharel em direito pela UERJ. Professor nos programas de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Conselheiro Fiscal da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
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