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COP30: Estratégias e investimentos para o financiamento climático

11 nov 2025, 11:18 - atualizado em 11 nov 2025, 11:18
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Na COP30, Brasil lidera financiamento climático global, com investimentos em energia limpa, preservação da Amazônia e adaptação às mudanças climáticas. (Foto: Reuters/Mateus Bonomi)

Na COP30, realizada neste mês em Belém (PA), uma das pautas centrais é o Financiamento Climático, ou seja, destinação de recursos para projetos e políticas que reduzam as emissões de gases do efeito estufa e promovam adaptação aos impactos das mudanças climáticas.

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A mitigação contempla medidas que ajudem os países a cumprirem suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), detalhadas no Acordo de Paris, firmado em 2015, que visa limitar o aumento da temperatura média global a menos de 2º C, com esforços para limitá-lo a 1,5º C, em relação aos níveis pré-industriais. Exemplos de tais medidas incluem a adoção de sistemas de energia renovável (como solar e eólica) e programas de eficiência energética.

Já a adaptação inclui medidas para minimizar os efeitos das mudanças climáticas (como secas, inundações e ondas de calor) e reduzir as vulnerabilidades a potenciais danos. Entre os exemplos, incluem-se desenvolvimento de sistemas de gestão hídrica e saneamento e práticas agrícolas mais resilientes a condições climáticas extremas.

De acordo com o Independent High-Level Expert Group on Climate Finance, o financiamento climático global alcançou um recorde de US$ 1,9 trilhões em 2023, mais do que o dobro registrado três anos anteriores. No entanto, apenas 10% destes recursos são destinados a países em desenvolvimento e somente 5% vai para ações de adaptação.

O grupo também apontou que as necessidades globais seriam de US$ 6 trilhões (três vezes mais do que a destinação atual), sendo que os investimentos necessários para os países em desenvolvimento seriam de US$ 2,4 trilhões anuais até 2030 e de US$ 3,3 trilhões ao ano até 2035, considerando a totalização de recursos públicos e privados, tanto domésticos como internacionais.

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A racionalidade para investimentos tem ido além da prevenção de catástrofes ambientais, tangibilizando também impactos em crescimento e desenvolvimento social e econômico. Por exemplo, energias renováveis já demonstram um potencial de economia de US$ 500 bilhões anuais em relação aos combustíveis fósseis e a migração da matriz energética pode gerar mais de 18 milhões de empregos globalmente.

Por sua vez, modelos integrados de planejamento urbano podem proporcionar redução de custos de até US$ 17 trilhões por meio de economia circular e eficiência energética em países em desenvolvimento até 2050, propiciando ainda a melhoria da qualidade vida da população, com redução da poluição e índices de mortalidade.

Na COP29, realizada em novembro de 2024 em Baku, no Azerbaijão, foi estabelecida uma meta de financiamento de US$ 300 bilhões anuais até 2035 para países em desenvolvimento. Porém, tal valor foi considerado insuficiente para alcançar os objetivos propostos e foi lançado um novo plano, denominado “Roadmap Baku a Belém”, para demandar R$ 1,3 trilhão ao ano, como base para as necessidades de financiamento climático.

Como país organizador da COP30, em 15 de outubro último, o Brasil apresentou em Washington, nos Estados Unidos, uma síntese deste plano para o Círculo de Ministros de Finanças (que conta com 35 países), em torno de cinco eixos prioritários:

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  • Expansão do financiamento concessional e dos fundos climáticos;
  • Reforma dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento;
  • Criação de plataformas de país e fortalecimento da capacidade doméstica para atrair investimentos sustentáveis;
  • Desenvolvimento de instrumentos financeiros inovadores para mobilização de capital privado; e
  • Fortalecimento dos marcos regulatórios para o financiamento climático.

Como protagonista na agenda de sustentabilidade, com grandes projetos em energia renovável e melhorias na gestão e preservação de seus biomas (além da Amazônia), o Brasil também carrega uma grande responsabilidade na transformação de compromissos em ações concretas, com transparência no adequado direcionamento de recursos e monitoramento de seus impactos.

Além de já ter estabelecido uma NDC ousada (buscando redução de 59% a 67% das emissões líquidas de gases de efeito estufa no país até 2035, em relação aos níveis de 2005), o Brasil também anunciou US$ 1 bilhão para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, gerenciado pelo Banco Mundial. O fundo prevê pagamentos permanentes de US$ 4 bilhões por ano aos países que preservem suas florestas, lista que inclui mais de 70 países em desenvolvimento. O valor anunciado pelo Brasil tem como condicionante o apoio de outros países, prevendo aportes de US$ 25 bilhões pelas nações soberanas e de outros US$ 100 bilhões junto à iniciativa privada.

Este é um exemplo de ação afirmativa necessária para fortalecer o papel de liderança do Brasil nas negociações globais, em adição a seu compromisso com o progresso nas agendas energética, florestal, de agropecuária sustentável e economia circular. Assim, reforça também a conscientização e o engajamento social com as soluções, justificando de forma resoluta o uso dos investimentos e seu retorno para o mundo.

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Edson Kawabata é Sócio-Diretor de Novos Negócios da Peers Consulting + Technology, consultoria especializada em negócios e tecnologia. Possui mais de 20 anos de experiência em consultoria de gestão, com foco em M&A, estratégias de crescimento, experiência do cliente e excelência operacional. Por 12 anos, ocupou posições executivas em diferentes setores, como Diretor de Estratégia e Desenvolvimento no Grupo Pão de Açúcar, Diretor Sênior na Kantar, Diretor Geral no Machado Meyer e Chief Transformation Officer no Pátria Investimentos. É formado em Engenharia Mecânica-Aeronáutica pelo ITA, pós-graduado em Direito Societário pela FGV, mestre em Empreendedorismo pela FEA-USP, MBA pela Cornell University, com certificação executiva em Estratégia e Inovação pelo MIT.
edson.kawabata@moneytimes.com.br
Edson Kawabata é Sócio-Diretor de Novos Negócios da Peers Consulting + Technology, consultoria especializada em negócios e tecnologia. Possui mais de 20 anos de experiência em consultoria de gestão, com foco em M&A, estratégias de crescimento, experiência do cliente e excelência operacional. Por 12 anos, ocupou posições executivas em diferentes setores, como Diretor de Estratégia e Desenvolvimento no Grupo Pão de Açúcar, Diretor Sênior na Kantar, Diretor Geral no Machado Meyer e Chief Transformation Officer no Pátria Investimentos. É formado em Engenharia Mecânica-Aeronáutica pelo ITA, pós-graduado em Direito Societário pela FGV, mestre em Empreendedorismo pela FEA-USP, MBA pela Cornell University, com certificação executiva em Estratégia e Inovação pelo MIT.
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