COP30: Mundo garante acordo climático que deixa combustíveis fósseis de fora
Governos chegaram neste sábado a um acordo climático de compromisso na conferência COP30 no Brasil que aumenta o financiamento para as nações pobres que estão enfrentando o aquecimento global, mas omite qualquer menção aos combustíveis fósseis que o impulsiona.
Ao garantir o acordo, os países tentaram demonstrar unidade global na abordagem dos impactos da mudança climática, mesmo depois que o maior emissor histórico do mundo, os Estados Unidos, se recusaram a enviar uma delegação oficial.
“Devemos apoiá-lo porque, pelo menos, está indo na direção certa”, disse o comissário climático da União Europeia, Wopke Hoekstra, aos repórteres antes da aprovação do acordo.
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O acordo de Belém lança uma iniciativa voluntária para acelerar a ação climática a fim de ajudar os países a cumprirem suas promessas atuais de redução de emissões, e pede que as nações ricas pelo menos tripliquem a quantia de dinheiro que fornecem para ajudar os países em desenvolvimento a se adaptarem a um mundo em aquecimento até 2035.
Os cientistas afirmam que os compromissos nacionais existentes para reduzir as emissões diminuíram significativamente o aquecimento projetado, mas não são suficientes para impedir que as temperaturas mundiais ultrapassem 1,5°C acima dos níveis industriais, um limite que poderia desencadear os piores impactos da mudança climática.
Enquanto isso, os países em desenvolvimento argumentam que precisam urgentemente de recursos para se adaptar aos impactos que já estão ocorrendo, como o aumento do nível do mar e o agravamento das ondas de calor, secas, inundações e tempestades.
O acordo de sábado também lança um processo para que os órgãos climáticos analisem como alinhar o comércio internacional à ação climática, segundo o texto do acordo, em meio a preocupações de que o aumento das barreiras comerciais esteja limitando a adoção de tecnologias limpas.
Avinash Persaud, assessor especial do presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, um credor multilateral voltado para a América Latina e o Caribe, disse que o foco do acordo no financiamento é importante à medida que os impactos climáticos aumentam.
“Mas temo que o mundo ainda não consiga liberar mais rapidamente os subsídios para os países em desenvolvimento que respondem a perdas e danos. Essa meta é tão urgente quanto difícil”, afirmou ele.
A União Europeia vinha pressionando por uma linguagem no acordo oficial sobre o abandono dos combustíveis fósseis, mas enfrentou forte resistência do Grupo Árabe de nações, incluindo o principal exportador de petróleo, a Arábia Saudita.
Esse impasse foi resolvido depois que negociações que duraram a noite toda de sexta-feira levaram a um acordo de que a questão poderia ser deixada de fora do acordo e incluída em um texto paralelo apresentado pelo Brasil, anfitrião da COP30.