Copa do Mundo

Copa do Mundo: EUA x Irã entram em campo e disputam partida maior que o futebol

27 nov 2022, 16:00 - atualizado em 25 nov 2022, 11:01
Petróleo e arma nuclear estão no pano de fundo da disputa que vai além do campo entre EUA e Irã pela Copa do Mundo no Catar

Quando Estados Unidos e Irã entrarem em campo na próxima terça-feira (29) pela Copa do Mundo do Catar estará em jogo muito mais do que uma simples partida de futebol. De um lado, a disputa mostra como as tensões geopolíticas se infiltram no esporte que, por sua vez, pode fornecer espaço para certa diplomacia entre esses dois rivais. 

Será a segunda vez que as duas seleções irão se enfrentar em um torneio mundial. A primeira vez, na Copa do Mundo de 1998, na França, os iranianos levaram a melhor por 2 a 1, marcando a primeira vitória do país persa na competição.

Em termos de futebol, a partida não teve sentido, pois ambas as equipes foram eliminadas do grupo. “Mas o jogo foi anunciado como o ‘mais politicamente carregado da história do futebol’”, lembra o BCA Research, em relatório. 

Tensão e trégua em campo

Parceiro de um relatório especial da consultoria canadense, o estrategista-chefe Marko Papic lembra que as tensões começaram a aumentar antes do pontapé inicial. Isso porque o regulamento da FIFA determina que os jogadores das equipes categorizadas como “Time B” devem caminhar até os jogadores do “Time A” e apertar suas mãos no meio do campo. 

No entanto, o líder supremo Khamenei havia dado ordens expressas para que a equipe iraniana –  “equipe B” na partida – não se aproximasse dos jogadores norte-americanos. No fim, um acordo foi alcançado, e os EUA quebraram o protocolo da FIFA, caminhando até a equipe iraniana para apertar as mãos. 

Em troca, o time iraniano entregou flores brancas à seleção dos EUA, em um símbolo de paz. “As equipes tiraram sua foto pré-jogo juntas, no que muitos descreveram como um dos maiores atos de reaproximação entre as duas nações desde a Revolução Iraniana de 1979”, comenta Papic.

No Catar, a disputa é outra

O que esperar, então, para a Copa do Mundo neste ano? “O presidente [dos EUA, Joe] Biden certamente espera que uma repetição de 1998 possa mais uma vez aproximar as duas nações”, avalia o estrategista.

Em jogo, estariam as negociações nucleares entre os dois países. Afinal, um acordo nuclear renovado aliviaria parte da pressão sobre os preços do petróleo, aumentando, assim, as chances dos democratas de manter a Casa Branca em 2024, após perderem a Câmara dos Representantes nas eleições de meio de mandato neste ano.

“Ainda assim, várias restrições tornam um acordo nuclear improvável”, emenda Papic. Afinal, a polarização política nos EUA pode desfazer um eventual acordo nuclear pelo próximo governo. 

Com isso, o Irã pode preferir alcançar capacidade nuclear a qualquer acordo diplomático temporário. Os exemplos da Ucrânia, Líbia e Coreia do Norte mostram que os tratados não trazem a segurança de uma arma nuclear

“A aposta do Irã parece ser correr para alcançar a capacidade nuclear, o que é um impedimento permanente de um ataque do Ocidente”, avalia o estrategista, no relatório do BCA Research.

Portanto, é improvável que a Copa do Mundo de 2022 ofereça a mesma oportunidade para a diplomacia que o ano de 1998 ofereceu. No entanto, o que está claro é que, mais uma vez, os desenvolvimentos políticos chegaram ao campo de futebol.

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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