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Copom deve elevar Selic para 14,75% em meio a incertezas globais e inflação desancorada, segundo Itaú BBA

06 maio 2025, 10:31 - atualizado em 06 maio 2025, 10:31
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Copom deve aumentar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, refletindo cautela diante da inflação persistente e cenário global incerto. (Imagem: inkdrop)

O Comitê de Política Monetária (Copom) deve decidir por uma nova alta da taxa Selic, elevando os juros em 0,50 ponto percentual, para 14,75% ao ano. Os dirigentes do Banco Central se reúnem hoje (6) e amanhã (7) para definir o futuro da taxa básica de juros.

Segundo relatório do Itaú BBA, apesar da desaceleração gradual da economia e de um ambiente externo mais incerto – com impacto potencialmente desinflacionário –, o Banco Central segue preocupado com as expectativas de inflação desancoradas, o hiato do produto ainda positivo e projeções que continuam acima da meta.

Com isso, o Copom deve continuar com uma postura contracionista, ainda que em ritmo mais brando. A expectativa é de decisão unânime, seguindo a sinalização dada na última reunião e os dados mais recentes sobre inflação e atividade econômica.

“Por um lado, desaceleração gradual da atividade doméstica e maior incerteza externa, com potencial impacto líquido desinflacionário. Por outro, as expectativas de inflação desancoradas (embora tenham parado de piorar), o hiato positivo e as projeções do próprio Banco Central indicam, neste momento, a necessidade de seguir avançando em território contracionista”, diz o documento.

O banco aponta que o balanço de riscos permanece assimétrico para cima, embora com menor intensidade. O cenário externo mostra sinais de alívio inflacionário, especialmente em economias emergentes, mas a incerteza global impõe cautela. A persistência da inflação e a lenta convergência das expectativas reforçam a necessidade de vigilância em relação à Selic.

No campo dos indicadores, a inflação segue resistente. O IPCA-15 de abril ficou em 0,43%, acima das projeções. O IGP-M, por sua vez, subiu 0,24% no mês, revertendo a queda de março. Já o mercado de trabalho manteve alguma resiliência, com leve queda no desemprego, mas a criação de empregos formais decepcionou, sugerindo desaceleração mais forte.

O cenário internacional também impõe desafios. A volatilidade do câmbio, a elevação do risco-país e a queda nos preços do petróleo refletem maior incerteza sobre a demanda global e o comportamento das principais economias. A taxa dos títulos do Tesouro americano de 10 anos também subiu, sinalizando pressão sobre os mercados emergentes.

Diante disso, o Copom deve adotar um tom mais flexível, sinalizando disposição para ajustar o curso da política monetária conforme o cenário evoluir. O Itaú BBA destaca o risco de um eventual afrouxamento prematuro, relembrando episódios como o de 2011, quando o BC reagiu cedo demais à crise europeia, comprometendo a credibilidade da política monetária.

“Olhando de hoje, tendo em vista o grau de desancoragem e o cenário adiante, o risco de ajustar a política monetária em excesso parece menor, e de mais fácil correção, do que o de interromper prematuramente o processo de ajuste”.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
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