Copom deve manter Selic em 15% e afastar novas altas, mas descartará cortes no curto prazo, diz XP

O Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a Selic em 15% ao ano na decisão de quarta-feira (17), além de retirar a possibilidade de novas altas, afirmam o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, e sua equipe. Os diretores também devem reforçar que não consideram flexibilizações da taxa no curto prazo.
Os especialistas da casa afirmam que a melhora recente do cenário inflacionário e a desaceleração da atividade econômica brasileira abrem espaço para a retirada da ameaça de retomar o ciclo de aperto monetário.
Desde quando o Comitê afirmou que “não hesitaria em retomar o ciclo de alta de juros”, os indicadores evoluíram: a atividade econômica perdeu ritmo, as expectativas de inflação recuaram nos horizontes de curto e médio prazos e o cenário de afrouxamento monetário nos Estados Unidos fortaleceu a moeda brasileira.
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Apesar da melhora, o Copom deve continuar enfatizando que a taxa Selic permanecerá em níveis elevados por um “período bastante prolongado”.
Segundo a XP, a inflação ainda está acima da meta e a demanda doméstica, embora enfraquecida, deve receber impulso com as medidas expansionistas previstas para 2026.
“Perseverança deve ser a palavra de ordem do comunicado”, apontam Megale e equipe.
A XP projeta que, caso a melhora inflacionária se consolide, o Copom terá margem para iniciar um ciclo gradual de cortes em janeiro de 2026. A estimativa é de que os juros recuem para 12%, após seis reduções consecutivas de 0,50 ponto percentual.
Ainda assim, para que a política monetária se aproxime de níveis neutros, em torno de 5,5% em termos reais, será necessário avanço em reformas fiscais e no reequilíbrio do hiato do produto, o que só deve ocorrer a partir de 2027.
Sem essas reformas estruturais, a trajetória da dívida pública pode reacender discussões sobre dominância fiscal, limitando a capacidade do Banco Central de reduzir os juros de forma significativa no futuro, dizem os economistas.