Economia

Copom está confortável com Selic a 15% e deve reforçar estratégia já adotada, diz economista-chefe da Lifetime

24 jul 2025, 8:00 - atualizado em 24 jul 2025, 8:02
Marcela Kawauti - selic copom
Economista-chefe da Lifetime espera que Copom inicie os cortes da Selic apenas em março de 2026. (Imagem: Divulgação/LifeTimes)

O Banco Central (BC) está confortável com a Selic no atual patamar de 15% ao ano e deve reforçar sua estratégia de juros altos por período prolongado na reunião dos dias 29 e 30 de julho. A avaliação é da economista-chefe da Lifetime Gestora de Recursos, Marcela Kawauti — e, inclusive, o consenso do mercado.

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Segundo ela, em entrevista ao Money Times, duas coisas explicam a eventual postura de manutenção: a indicação do próprio Comitê de Política Monetária (Copom) de fim do aperto monetário e o ambiente macroeconômico.

No comunicado passado, os diretores anteciparam a interrupção no ciclo de alta da taxa para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado e indicaram a manutenção dos juros no nível atual por período bastante prolongado.

Já do lado macro, a inflação está em processo de desaceleração. “A inflação chegou perto de 5,50% no primeiro trimestre, mas agora está desacelerando para perto de 5,30% e talvez até fique um pouquinho menor no IPCA-15, principalmente por conta de câmbio“, diz Kawauti.

Por outro lado, a economista destaca que os preços dos serviços seguem acima do patamar de 6% e preocupam a autarquia.

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“Manter os juros nesse patamar alto ajuda a equilibrar essa questão. Você tem uma parte ajudando a inflação, mas a parte que ainda preocupa precisa ser endereçada pela política monetária, que continua contracionista”, afirma.

Ela diz que o mercado entrou em um consenso em relação tanto ao teor do comunicado quanto à decisão, uma vez que o Copom conseguiu alinhar as expectativas já no comunicado da última reunião.

Kawauti espera que o comunicado da próxima semana traga mudanças pontuais em relação ao texto anterior, refletindo tanto fatores domésticos quanto o cenário internacional. Entre os destaques, está a possível menção ao impacto das tarifas comerciais norte-americanas direcionadas ao Brasil, recentemente anunciadas por Donald Trump.

“Pode ser que o Banco Central mencione o efeito disso nos ativos brasileiros e no câmbio, que piorou”, afirma, alertando para o potencial de impacto sobre a inflação via dólar — ainda que o canal de transmissão não seja imediato.

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Outro ponto que pode aparecer na comunicação é a melhora nas expectativas de inflação. No último Boletim Focus, houve um corte na projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2026 de 4,50% para 4,45% — dentro do intervalo de tolerância da meta.

Na frente fiscal, a economista vê chances de o Copom citar o avanço de medidas que aumentam o gasto público, como a aprovação da PEC dos Precatórios, o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e o terceiro relatório bimestral, que prevê descontingenciamento de verbas.

“Pode ser que mencione, mas não é certo. Seria bom que mencionasse, porque tudo isso pesa sobre as expectativas e sobre a curva de juros”, diz.

Quando o Copom deve cortar a Selic?

Na avaliação da economista-chefe da Lifetime, o BC deve iniciar os cortes da Selic apenas a partir de março de 2026.

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Kawauti ressalta que a política monetária atua com defasagem, especialmente sobre o setor de serviços — o principal foco de preocupação hoje. “Tudo o que o Copom está fazendo agora vai pegar daqui a uns seis a oito meses”, diz.

As projeções da gestora de recursos indicam uma trajetória lenta de queda da Selic, com taxa de 13% ao final do próximo ano.

“Em ano eleitoral, é preciso que o Copom seja muito previsível, no sentido de avisar os seus passos aos poucos e fazer esses passos de forma gradual.”

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Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
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Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
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