Mercados

Corrida do ouro a máximas históricas é impulsionada por ansiedades globais

08 out 2025, 4:52 - atualizado em 08 out 2025, 5:06
barras de ouro
Ouro dobra de valor em apenas três anos e as previsões são que siga subindo (Imagem: Canva)

As ansiedades em relação aos riscos geopolíticos e econômicos globais são os principais fatores por trás da disparada de 53% no preço do ouro neste ano, que atingiu um recorde superior a US$ 4 mil por onça, e analistas veem poucos obstáculos para deter essa alta.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O metal precioso dobrou de valor nos últimos três anos, à medida que investidores buscaram segurança em meio ao maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, entre Rússia e Ucrânia, e à guerra em Gaza entre Israel e o Hamas e se expandiu para incluir ataques aéreos contra Irã e Iêmen, além de interrupções no comércio marítimo.

Do ponto de vista econômico, há preocupação entre os investidores devido à incerteza sobre a economia dos Estados Unidos, já que o presidente Donald Trump impôs tarifas que desorganizaram o comércio global, além de preocupações com a força do dólar americano, a independência do Federal Reserve, inflação persistente e o crescimento lento na Europa.

O ouro saltou 12% só em setembro, impulsionando também os preços da prata, platina e paládio.



“A alta é inacreditável, está nos dizendo que algo ruim está acontecendo e que devemos estar nervosos”, disse Dan Smith, diretor-gerente da Commodity Market Analytics.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Políticas de juros baixos por parte das autoridades monetárias também têm sustentado os preços do ouro, com adiamentos em elevações das taxas, o que leva os investidores a recorrerem ao metal como reserva segura de valor.

As compras de ouro por bancos centrais também têm sustentado os preços. Os bancos centrais ao redor do mundo estão a caminho de comprar 1.000 toneladas métricas de ouro em 2025, o que seria o quarto ano consecutivo de compras em massa, segundo a consultoria Metals Focus, à medida que diversificam reservas, saindo de ativos denominados em dólares e migrando para o ouro.

Apesar de cada nova alta aumentar o risco de uma realização de lucros, com indicadores mostrando que o mercado está cada vez mais sobrecomprado, ultrapassar os US$ 4 mil pode abrir caminho para o ouro prolongar sua tendência de alta até 2026.

Normalmente, em um determinado ano, um ou dois fatores de risco impulsionam o preço do ouro, disse David Wilson, analista do BNP Paribas. “Mas agora, tudo o que tradicionalmente impulsiona o ouro está acontecendo”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Se você é um investidor, onde coloca seu dinheiro? Se você está preocupado com a economia dos EUA e com a dívida americana, quer mesmo comprar o refúgio tradicional, que eram os títulos do Tesouro dos EUA? Não. Os rendimentos dos títulos de longo prazo mostram que os investidores estão relutantes”.

À medida que a alta prossegue, novos motores têm se revezado para empurrar os preços para cima, desde a demanda dos bancos centrais até a aceleração dos fluxos para ETFs de ouro físico nas últimas semanas, além da demanda por barras e moedas.

O Goldman Sachs elevou nesta segunda-feira (6) sua previsão para o preço do ouro em dezembro de 2026 para US$ 4.900 por onça.
“A atitude no momento parece ser de que talvez o preço continue subindo. Talvez, agora, não haja correção”, disse Wilson, do BNP Paribas.

“Que sequência de eventos teria que acontecer para o mundo respirar fundo e pensar: ‘na verdade, não está tão ruim assim’? Podemos imaginar uma mudança na política dos EUA sobre tarifas, comércio, imigração? Neste momento, é difícil ver quais eventos mudariam repentinamente o sentimento em relação ao cenário global”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.