BusinessTimes

Covid-19: Veja 3 lições valiosas para encarar o Omicron e investir bem, deixadas pelas outras ondas

26 nov 2021, 19:42 - atualizado em 26 nov 2021, 23:54
Vacina contra o coronavírus
Lembrando que a Europa já vive uma quarta onda da Covid, com países como Alemanha e Áustria batendo recorde de casos (Imagem: Ag. Brasil/ Rodrigues Pozzebom)

A pandemia da Covid voltou a fazer estragos nas Bolsas mundo afora. E aqui no Brasil não foi diferente: o Ibovespa, que já sofria por causa da economia mais fraca, desabou mais de 3%, fechando a sessão em 102 mil pontos, muito próximo da barreira psicológica de 100 mil pontos.

Os investidores temem que a nova variante, surgida na África do Sul nesta semana e chamada de  Omicron, mais contagiosa e com modificações genéticas importantes, possa “furar” a eficácia de vacinas, provocando lockdowns e paralisando a retomada econômica. A situação se agrava, quando se lembra que a Europa já vive uma quarta onda da Covid, com países como Alemanha e Áustria batendo recorde de casos.  

Segundo a Bloomberg, bancos e estrategistas não estavam dando a devida atenção aos impactos dessa nova onda de casos, assim como na primeira em março. A palavra “lockdown” nem mesmo foi mencionada em previsões para a Europa no ano que vem, divulgadas pelo Goldman Sachs e Morgan Stanley.

Após vários tombos em março de 2020 e abril de 2021, investidores aprenderam algumas lições valiosas que podem ser bem úteis nesse momento de baixa dos mercados. Um spoiler: é possível lucrar com tudo isso. 

1º lição: Não se desfaça dos seus investimentos

Abrir o “home broker” e olhar todos os ativos no vermelho pode provocar um certo desespero nos investidores. Mas a primeira onda da Covid nos ensina que as crises não são eternas e que a recuperação sempre chega, cedo ou tarde.

“Os investidores que não venderam das outras vezes não se arrependeram, porque daqui a semanas ou meses, recupera”, afirma Flávio Conde, da Levante Investimentos“As cotações não são reais, são cotações de desespero. As pessoas que são obrigadas a vender nesses dias são investidores alavancados”, completa.

Para Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB Investimentos, o momento exige cautela, uma vez que não há dados concretos de que as vacinas sejam ineficazes. “Não acho que, com a notícia da variante africana, precisamos vender tudo e adotar uma postura conservadora. Essa foi uma boa lição que surgiu durante a pandemia”, afirma. 

Rodrigo Crespi, especialista de mercado da Guide Investimentos, diz que a melhor estratégia é segurar as posições. “A maioria da população foi vacinada. Precisamos entender se essa variante é resistente. Em março do ano passado, tivemos o piso e, no fim do ano, estávamos batendo máximas”, recorda. 

Rodrigo Sgavioli, head de alocação e fundos da XP Investimentos, também ressalta que um dos aprendizados desses quase dois anos de pandemia é que “tudo tem mudado o tempo todo”. Não há uma opção única e salvadora para direcionar os investimentos nesse momento.

“Fazer o movimento de venda poderá implicar em perdas, pois devemos lembrar que, por mais que eles estejam oscilando para baixo no dia de hoje, você só vai perder dinheiro se, de fato, sair no momento de baixa e/ou quando o preço atual for menor do que o que você pagou quando investiu”, completa. 

Eve, da Embraer, e Kenya Airways
“Outro papel que tem perfil defensivo é a Embraer (EMBR3), que está se recuperando de todo o problema com a Boeing”, diz (Imagem: Divulgação/embraer)

2º lição: Invista em empresas com bons fundamentos

Empresas com bons fundamentos e mais resilientes são o remédio ideal para enfrentar as baixas dos mercados. Segundo Conde, da Levante, se a empresa é boa, em um setor bom, ela vai passar pela crise com menos dores do que as outras.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, indica se posicionar em commodities – papel e celulose, siderúrgicas e frigoríficos. “Outro papel que tem perfil defensivo é o da Embraer (EMBR3), que está se recuperando de todo o problema com a Boeing”, diz.

Em relação ao setor de saúde, ele está um pouco mais cético. “As projeções estão altas e há espaço para quebra de expectativa, ou seja, do setor entregar menos do que o esperado. Pode ser que a demanda reprimida já tenha diminuído consideravelmente”, afirma.

Segundo ele, as seguradoras são boas opções, com o aumento da taxa de juros. “Mesmo que haja elevação da sinistralidade, não vai ter problemas sérios”, indica.

“Bancos vão ver aumento da inadimplência e crescimento mais baixo da carteira de crédito. Seria melhor apostar em BTG (BPAC11) ou XP que estão em um segmento com altíssimo potencial”, completa.

Cruz, da RB Investimentos, diz que, em um cenário de piora, o melhor é se posicionar em exportadoras, como Minerva (BEEF3), Marfrig (MRFG3), BRF (BRFS3), e Suzano (SUZB3). “São empresas que estão mais dolarizadas e precisam menos de receita em real, e que teriam menos efeito para um mercado interno mais fraco”.

Alexsandro Nishimura, economista e head de conteúdo da BRA, cita ainda o segmento de transmissão de energia, uma vez que a remuneração é dada pela disponibilidade da linha e não pela quantidade de energia transmitida. 

3º lição: tenha uma reserva de liquidez

Baixas do mercado são excelentes oportunidades para entrar em ativos atraentes. E uma forma de fazer isso é utilizar a reserva de liquidez, recurso de emergência que você consegue usar com rapidez.

“Você aproveita esse momento de queda para comprar ações boas mais baratas. Vimos isso em março. Quem tinha uma reserva de liquidez e conseguiu comprar durante as quedas do mês de março teve uma rentabilidade fantástica em 2020”, afirma Lucas Cintra, especialista da Valor Investimentos.

Os números provam o que diz. Em 23 de março do ano passado, o Ibovespa fechou em pífios 63.570 pontos – o piso de 2020 -, sob o impacto da primeira onda. Quem entrou na Bolsa naquele dia e teve o sangue frio de resistir aos momentos de estresse subsequentes, viu o índice fechar dezembro em 119.017 pontos e pôde embolsar um ganho de atordoantes 87,2%.

Apesar disso, Cruz, da RB Investimentos, alerta que, em outros momentos da pandemia, a perspectiva de juros era bem diferente do que temos agora. 

“No ano passado, estávamos com a taxa de juros nas mínimas históricas e a perspectiva era de que, se subisse, não passaria de 5%. Era outra realidade. Com a alta de juros, a renda variável se torna menos atrativa para os gestores e para as pessoas físicas”, observa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
Linkedin
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
Linkedin
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.