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Covid levanta questão existencial para setor de US$ 3 trilhões

24 out 2020, 18:02 - atualizado em 21 out 2020, 16:49
À medida que a pandemia destaca a importância de uma dieta saudável, governos além do Reino Unido podem optar por impor mais medidas contra a obesidade

Desde que quase morreu por Covid-19 no início deste ano, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, embarcou em uma missão para reduzir sua cintura e a de seus conterrâneos.

A relação entre obesidade e casos mais graves de coronavírus ajudou a inspirar Johnson a abandonar sua postura libertária em favor da intervenção do estado nos últimos meses.

Seu governo propôs restringir a publicidade de junk food, banir certas promoções de alimentos açucarados e gordurosos e obrigar cafés e restaurantes a colocarem rótulos de calorias em mais produtos.

O maior controle deu a investidores do setor global de alimentos e bebidas, que movimenta US$ 3 trilhões, motivo para uma pausa.

À medida que a pandemia destaca a importância de uma dieta saudável, governos além do Reino Unido podem optar por impor mais medidas contra a obesidade, mudando ainda mais a maneira como fabricantes de refrigerantes, cereais matinais, barras de chocolate e refeições prontas conduzem o negócio.

“Vemos que a Covid poderia muito bem reforçar escolhas e regulamentações mais saudáveis”, disse David Czupryna, responsável por desenvolvimento ambiental, social e de governança da Candriam, com sede em Paris, que administra cerca de US$ 143 bilhões em ativos. “Colocar no mercado produtos altamente prejudiciais à saúde é uma maneira muito ruim de cuidar de seus clientes. As autoridades podem muito bem decidir mirar empresas que são as principais responsáveis pelo comportamento alimentar não saudável.”

Czupryna diz que a gestora vê questões relacionadas à saúde e obesidade como “um risco muito grave” para empresas envolvidas na fabricação de junk food e bebidas açucaradas com o “tamanho de seu mercado diminuindo devido à regulamentação e mudança no comportamento do consumidor” em um futuro próximo.

“Por isso integramos tanto isso em nossas análises, o que pode nos levar a evitar o investimento em algumas empresas e a preferir aquelas que fazem opções de alimentos mais saudáveis e nutritivas”, afirma.

À medida que as economias afundam e o desemprego atinge níveis históricos, milhões de pessoas tentam equilibrar seus orçamentos com a necessidade de porções vitais de frutas frescas, vegetais e proteínas.

Cerca de 3 bilhões de pessoas não podem pagar por dietas saudáveis e nutritivas e, se o aumento global da alimentação não saudável e da obesidade não for combatido, os custos de saúde relacionados ultrapassarão US$ 1,3 trilhão por ano na próxima década, de acordo com as Nações Unidas.

A obesidade quase triplicou em todo o mundo nas últimas quatro décadas e tem aumentado no mundo todo. Pesquisas mostram que pessoas obesas e com sobrepeso correm maior risco de sofrer complicações de Covid-19 e morte, ao mesmo tempo que são vulneráveis a doenças como diabetes, doenças cardíacas, derrame e câncer.

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