CPI dos EUA assusta, mas projeções para o PCE preservam cenário de cortes de juros pelo Fed

A inflação dos Estados Unidos (EUA), medida pelo CPI, surpreendeu para cima em agosto, mas a expectativa é de que a leitura do PCE referente ao mesmo mês venha “mais suave” e mantenha o cenário de corte de juros em setembro, avaliam economistas.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,4% e acumulou alta de 2,9% em 12 meses. O mercado projetava avanço de 0,3% no mês e 2,9% em 12 meses, segundo a mediana das estimativas coletadas pela Broadcast.
O núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,3% em agosto e chegou a 3,1% em um ano.
- LEIA TAMBÉM: Analistas da Empiricus Research estão disponibilizando gratuitamente uma carteira para buscar gerar renda passiva com investimentos; acesse já
O economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, destacou que carros e caminhões usados puxaram o núcleo de bens para cima. Já no núcleo de serviços, a inflação manteve o ritmo, com alguma contribuição negativa de serviços médicos, mas com pressão em habitação e passagens aéreas.
Diferente do CPI, a equipe do banco projeta alta de 0,24% no núcleo do PCE — índice preferido do Federal Reserve (Fed). Isso alivia as preocupações do banco central norte-americano e abre espaço para a retomada dos cortes da taxa de juros.
Em linha, o Bank of America (BofA) também espera uma inflação “mais branda” no núcleo do PCE, de 0,23%. Se a projeção se confirmar, a taxa anual pode se manter em 2,9%. Para o PCE cheio, a estimativa é de alta de 0,25% no mês e 2,7% em 12 meses.
O PCE será divulgado apenas em 26 de setembro, após a próxima decisão do Fed, marcada para o dia 17.
O cenário do BofA prevê que o Fed reduza os juros duas vezes neste ano, com cortes de 0,25 ponto percentual em setembro e dezembro.
Já se o PCE vier em linha com as projeções, aumentam as chances de um corte já em outubro. Essa decisão, no entanto, deve depender mais dos dados do mercado de trabalho.
“Hoje, os mercados precificaram cortes mais rápidos após a alta nos pedidos de seguro-desemprego. Mas parece que esse movimento foi distorcido por fatores sazonais ligados ao feriado do Dia do Trabalho e por um salto nos pedidos vindos do Texas.”
Os economistas ressaltam que os próximos dados de auxílio-desemprego nos EUA, que serão divulgados na quinta-feira (18), serão “cruciais” para o rumo da política monetária do país.