Internacional

Crescimento de PIB da China desacelera para 4,8% no 3T25 e crava previsão de analistas

20 out 2025, 7:22 - atualizado em 20 out 2025, 7:22
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(Imagem: Getty Images Signature/Canva Pro)

O crescimento econômico da China desacelerou para o ritmo mais fraco em um ano no terceiro trimestre, em linha com as expectativas, à medida que uma prolongada crise no setor imobiliário e tensões comerciais prejudicaram a demanda, mantendo pressão sobre os formuladores de políticas para lançar mais estímulos com o objetivo de sustentar o ímpeto da economia.

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Dados divulgados nesta segunda-feira (20) mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,8% entre julho e setembro, desacelerando em relação aos 5,2% do segundo trimestre e em linha com a expectativa de analistas consultados pela Reuters, que previam alta de 4,8%.

A economia cresceu 5,2% na comparação anual entre janeiro e setembro, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas, sugerindo que o crescimento está no rumo de atingir a meta do governo de cerca de 5% para o ano.

Na comparação trimestral, o PIB cresceu 1,1% no terceiro trimestre, acima da previsão de aumento de 0,8% e do ganho revisado de 1,0% no trimestre anterior.

Para Kyle Rodda, analista sênior de mercados financeiros da australiana Capital.com, o resultado do PIB “foi melhor do que o esperado, mas ainda decepcionante”.

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“A atividade doméstica continua fraca e os investimentos também foram lentos, o que sugere que mais precisa ser feito para estimular a demanda. No fim das contas, a história é a mesma: uma economia se recuperando do baque pós-pandemia, mas com muito pouco ímpeto”, disse Rodda.

O crescimento mais fraco mostra uma demanda interna frágil, que deixa a China fortemente dependente da produção manufatureira e das exportações, alimentando preocupações sobre desequilíbrios estruturais cada vez mais profundos.

A dependência excessiva da economia em relação às exportações, num momento de crescentes tensões comerciais com Washington, também levanta dúvidas sobre se Pequim tem a determinação necessária para enfrentar desafios políticos críticos e fomentar um crescimento sustentável de longo prazo.

“Com a China no caminho para atingir a meta de crescimento deste ano, podemos ver uma menor urgência em termos de política econômica”, disse Lynn Song, economista-chefe para a Grande China no ING.

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“Mas a confiança fraca, que se traduz em consumo moderado, investimentos fracos e uma piora na queda dos preços dos imóveis, ainda precisa ser abordada”.

Pequim pode estar usando essa resiliência nos números como um sinal de força nas conversas programadas para esta semana na Malásia entre o vice-premiê He Lifeng e o secretário do Tesouro Scott Bessent, além de uma possível reunião entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping na Coreia do Sul.

Os dados recentes de exportação também destacam a capacidade da China de se diversificar longe do mercado dos EUA, a maior economia de consumo do mundo. As vendas para os EUA caíram 27% na comparação anual no mês passado, mas os embarques para a União Europeia, Sudeste Asiático e África cresceram 14%, 15,6% e 56,4%, respectivamente.

Ainda assim, o mercado doméstico fraco continua sendo um entrave para os negócios, com os dados desta segunda-feira mostrando que as vendas no varejo caíram para o nível mais baixo em 10 meses.

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“Julgando pelos números dos três primeiros trimestres, a China vai atingir a meta (de 5% no ano), o que sugere que ela pode resistir a qualquer pressão dos EUA, mesmo com níveis tão altos de tarifas e restrições de exportação. Pequim está enviando o sinal de que é capaz de alcançar suas metas de desenvolvimento e está fortemente comprometida com suas políticas”, afirma Dan Wang, diretora para a China da Eurasia Group.

Economia desequilibrada

As renovadas tensões comerciais com Washington evidenciaram as vulnerabilidades da economia desequilibrada da China, elevando as expectativas de que os líderes chineses possam adotar mudanças dolorosas para reorientar o crescimento em direção ao consumo doméstico.

Embora as exportações da China tenham se recuperado em setembro, muitos dos dados recentes mostram que a segunda maior economia do mundo perdeu fôlego e as pressões deflacionárias persistem, apesar dos esforços para conter a capacidade ociosa e a intensa concorrência.

Além disso, as vendas dos fabricantes chineses para países fora dos EUA acontecem à custa da lucratividade, devido à forte competição por preços, o que dificulta a sustentabilidade desse movimento, a menos que as tensões comerciais diminuam.

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Jeremy Fang, executivo de vendas de uma fabricante chinesa de produtos de alumínio, diz que sua empresa perdeu 20% da receita, pois o aumento nas vendas para América Latina, África, Sudeste Asiático, Turquia e Oriente Médio não conseguiu compensar totalmente a queda de 80% a 90% nos pedidos dos EUA.

Fang disse que está aprendendo espanhol para se antecipar aos concorrentes chineses que estão correndo para os mercados não-americanos e agora viaja ao exterior duas vezes mais do que no ano passado.

Mas esse esforço extra não é suficiente.

“Você tem que ser implacável no preço”, disse Fang. “Se o seu preço é US$ 100 e o cliente começa a negociar, é melhor baixar US$ 10 ou US$ 20 e fechar o pedido. Você não pode hesitar”.

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Trump ameaçou aumentar as tarifas sobre produtos chineses em mais 100% a partir de 1º de novembro. No entanto, autoridades americanas indicaram que ambos os países estão dispostos a reduzir a temperatura da disputa tarifária.

Plano em foco

Líderes chineses realizarão uma reunião de quatro dias a portas fechadas a partir desta segunda-feira para discutir, entre outros temas, o 15º plano de desenvolvimento quinquenal do país, que deverá priorizar a manufatura de alta tecnologia em meio à intensificação da rivalidade com os Estados Unidos.

Investidores também estão atentos à reunião do Politburo e à Conferência Central de Trabalho Econômico, prevista para dezembro, em busca de pistas sobre a política econômica para o próximo ano.

A prolongada crise no setor imobiliário, com os últimos dados mostrando que o investimento no setor caiu 13,9% nos primeiros três trimestres em relação ao ano anterior, tem pesado significativamente sobre o crescimento e a confiança dos consumidores na China.

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As autoridades anunciaram medidas modestas de estímulo neste ano e, embora haja espaço para apoio adicional, analistas estão divididos sobre se os formuladores de políticas agirão ainda em 2025.

“Não acho que haverá estímulos adicionais voltados para o consumo. O foco da política é de longo prazo, incluindo a reforma da previdência, que melhorará o consumo no futuro, mas o reduzirá no curto prazo devido a demissões e à redução de dinheiro disponível”, disse Dan Wang.

Dados separados de setembro, também divulgados nesta segunda-feira, mostraram que a produção industrial cresceu para o maior nível em três meses, com alta de 6,5% na comparação anual, acelerando em relação aos 5,2% de agosto e superando a previsão de 5,0%.

As vendas no varejo subiram 3,0% em setembro, o ritmo mais lento em 10 meses, contra 3,4% em agosto e em linha com a previsão de 3,0%.

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O investimento em ativos fixos encolheu 0,5% entre janeiro e setembro em relação ao ano anterior, revertendo uma alta de 0,5% nos primeiros oito meses, marcando sua primeira contração desde a pandemia.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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