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Da guerra à poeira: a história da empresa que levou robôs militares para dentro de casa

19 dez 2025, 14:52 - atualizado em 19 dez 2025, 14:52
Robô aspirador
Robô aspirador

Durante anos, ele foi o símbolo silencioso do futuro entrando pela porta da sala. Redondo, discreto e quase hipnótico, o robô que varria a casa enquanto seus donos estavam fora parecia anunciar uma nova era: a das tarefas domésticas resolvidas por máquinas.  

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Agora, a empresa por trás dessa revolução tenta sobreviver: a iRobot, criadora do aspirador robótico Roomba, entrou com pedido de falência.  

A notícia marca uma virada amarga para uma companhia que já foi avaliada em US$ 3,56 bilhões em 2021, embalada pela explosão da demanda durante a pandemia, e que hoje vale cerca de US$ 140 milhões, segundo dados compilados pela Bolsa de Valores de Londres (LSEG) 

Robô aspirador: do MIT para o chão da sala 

Fundada em 1990 por três especialistas em robótica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a iRobot nasceu longe das casas comuns. Seus primeiros projetos eram voltados aos setores de defesa e aeroespacial, com robôs pensados para operações militares — não para tapetes felpudos.  

Esses robôs chegaram a ser usados em operações militares e humanitárias, incluindo desativação de explosivos, inspeção de áreas contaminadas e missões de busca e resgate, como nos trabalhos realizados após os atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova York. 

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Isso mudou em 2002, quando a empresa lançou o Roomba. O pequeno aspirador autônomo virou um sucesso imediato, ajudando a popularizar a ideia de robôs domésticos muito antes de assistentes virtuais se tornarem rotina.  

robô aspirador Roomba
Robô aspirador Roomba / Divulgação

O sucesso levou a iRobot à bolsa em 2005 e garantiu anos de liderança quase absoluta no mercado. Ao longo dos anos, a empresa ampliou seu portfólio, lançou variações como robôs para limpeza de piscinas e calhas e consolidou um vasto portfólio de patentes. 

Mas, a partir da segunda metade dos anos 2010 o cenário começou a mudou. Fabricantes chinesas como Roborock e Ecovacs passaram a oferecer robôs mais baratos, com navegação mais sofisticada e ciclos de inovação mais rápidos. 

O início do fim e o peso do pós-pandemia 

A pandemia transformou a iRobot em uma estrela do mercado. Com mais gente em casa, a busca por automação disparou, inflando vendas, expectativas e valuation 

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Mas o mundo mudou rápido demais. Com o fim do isolamento, inflação persistente e consumidores mais cautelosos, o crescimento perdeu fôlego.  

A empresa passou a operar no vermelho, enfrentando custos elevados e um mercado cada vez mais competitivo, especialmente com fabricantes asiáticos oferecendo modelos mais baratos.  

O resultado foi um encolhimento dramático do valor de mercado 

Na tentativa de mudar o jogo, a iRobot aceitou, em 2022, ser comprada pela Amazon por US$ 1,7 bilhão.  

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O acordo prometia integrar os mapas e a inteligência do Roomba ao ecossistema da Alexa, mas acabou barrado por autoridades regulatórias, especialmente na União Europeia, que viram riscos de concentração de mercado e de privacidade. O negócio foi cancelado em 2024. 

O comprador já estava na sala 

Apesar do choque, a tentativa de sobrevivência da iRobot não acontece no escuro. Nos documentos apresentados à Justiça americana, a empresa revelou que já existe um comprador.  

A companhia anunciou que pretende transferir o controle de suas operações para a chinesa Picea Robotics, sua principal parceira industrial, encerrando um ciclo de 35 anos. 

É a Picea quem produz grande parte dos aspiradores da Roomba vendidos ao redor do mundo.  

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Pelo acordo de reestruturação, a Picea assumirá 100% das ações da iRobot, em troca do cancelamento de dívidas acumuladas.  

A companhia também garante que a falência não deve afetar o funcionamento do aplicativo do robô aspirador, os programas para clientes, as parcerias globais, a cadeia de suprimentos, e nem o suporte aos produtos já vendidos.  

Na prática, o consumidor não deve sentir mudanças imediatas. 

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Repórter
Jornalista com pós-graduação em Literatura, Artes e Filosofia. Atua como repórter nos portais de notícias Money Times e Seu Dinheiro, onde também já trabalhou como Analista de SEO.
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