Dados de inflação nos EUA podem acelerar queda nos juro? Veja o que dizem os analistas

Nos últimos dias, o mercado vem recebendo notícias positivas sobre a trajetória da inflação nos Estados Unidos. A mais recente delas, divulgada nesta quinta-feira (15), foi o índice de preços ao produtor (PPI).
O indicador registrou queda de 0,5% em abril, frente à expectativa de alta de 0,2%. Na comparação anual, houve alta de 2,4%, ligeiramente abaixo da projeção de 2,5%. Os dados do núcleo do PPI se destacaram, com variação de -0,1% em abril (ante +0,2% no mês anterior) e desaceleração de 3,5% para 2,9% no acumulado em 12 meses.
A avaliação é de que, somado ao índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) — que subiu 0,2% em abril, acumulando alta de 2,3% em 12 meses, abaixo da projeção de 0,3% no mês e 2,4% na base anual — o PPI reforça as expectativas de revisões baixistas para o Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE), o indicador de inflação preferido do Federal Reserve.
“O PPI foi o segundo indicador de inflação divulgado neste mês, sendo que alguns de seus subíndices apresentam comportamento semelhante a componentes do núcleo do PCE e servem de base para as estimativas do mercado”, destaca Andressa Durão, economista do ASA Investments.
Os números contrariam as projeções de que a inflação sofreria pressões da política tarifária imposta pelo presidente Donald Trump. Com sinais de desaceleração inflacionária, o Fed pode reconsiderar sua política monetária contracionista e iniciar cortes na taxa de juros.
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“Os dados de hoje reforçam um cenário de possível inflexão na política monetária dos EUA. A queda de 0,4% no núcleo do PPI surpreende e indica desaceleração inflacionária mais forte que o esperado. Isso pode abrir espaço para o Fed cortar juros antes do previsto, o que tende a reduzir a pressão sobre o dólar e revalorizar ativos de risco”, afirma Sidney Lima, CEO da Ouro Preto Investimentos.
As apostas em cortes na taxa de juros norte-americana aumentaram com os novos dados. A ferramenta CME FedWatch mostra que 35,9% do mercado projeta um corte de 0,25 ponto percentual já a partir de julho.
Ainda assim, parte dos agentes econômicos acredita que os impactos das tarifas recíprocas de Trump ainda não foram sentidos. “O dado corrobora a avaliação de que os efeitos das tarifas aplicadas ainda não são observados nos dados de inflação em abril”, aponta Durão, da ASA.
Essa percepção é compartilhada pelo próprio Fed. No último Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), Jerome Powell afirmou que ainda é cedo para medir os impactos das tarifas impostas pela Casa Branca, e que não há pressa para ajustar a política monetária.
“As pessoas estão preocupadas com a inflação em um eventual choque das tarifas, mas o choque ainda não chegou. Nossa política [monetária] está em um bom lugar, então achamos que podemos esperar e agir quando estiver claro qual é a coisa certa a fazer”, declarou na época.
Mais cedo, durante a Thomas Laubach Research Conference, que acontece em Washington entre hoje e amanhã, Powell reforçou que a autoridade monetária permanece plenamente comprometida com a meta de inflação de 2%.
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