Dasa (DASA3): o que fez o BofA elevar duplamente as ações antes da divulgação do balanço do 3T25
Na expectativa pelos resultados do terceiro trimestre (3T25), o Bank of America (BofA) elevou “duplamente” as ações da Dasa (DASA3) de venda para compra nesta quarta-feira (5).
O banco também aumentou o preço-alvo de R$ 1,40 para R$ 3,00 nos próximos 12 meses — o que representa um potencial de valorização de 88,7% sobre o preço de fechamento anterior.
Para os analistas, o 3T25 deve marcar um ponto de inflexão na companhia, com o avanço do processo de desalavancagem após a primeira fase de reestruturação da Dasa — e a criação da joint venture (JV) com a Amil.
Em reação, as ações da companhia, que são negociadas fora do Ibovespa (IBOV), lideram os ganhos da B3, com salto de mais de 14%.
Por volta de 15h15 (horário de Brasília), DASA3 subia 8,18%, a R$ 1,72. Na máxima do dia, DASA3 registrou avanço de 14,47% (R$ 1,82).
De venda para compra
“Recomendação fora do consenso”. É assim que a equipe de analistas do BofA classifica o movimento de dupla elevação das ações pelo banco.
Para os analistas Flavio Yoshida, Gustavo Tiseo e Mirela Oliveira, com a conclusão da primeira fase do processo de reestruturação da companhia, com a criação da JV de hospitais com a Amil, a companhia está “totalmente” focada na melhoria operacional dos laboratórios — com expansão da margem, geração de caixa e redução da alavancagem.
Com destaque para o nível de endividamento da Dasa, o trio afirma que diversos fatores devem ajudar a rede de centros de diagnósticos no processo de desalavancagem. Eles, por sua vez, destacam dois: menor prazo médio de recebimento por um alinhamento “mais estreito” com as operadoras e a melhoria da margem Ebitda para 22% em 2026.
“Nos últimos dois anos, a empresa passou por mudanças na gestão, com foco na redução de despesas de capital e custos, e na desalavancagem por meio da joint venture hospitalar com a Amil (Rede Americas)”, afirmaram os analistas, em relatório divulgado nesta quarta-feira (5).
“Acreditamos agora que a gestão poderá se concentrar em apenas um negócio (diagnóstico), simplificando a estratégia da empresa, já que anteriormente a atenção era dividida com o negócio hospitalar”, acrescentaram.
Na visão dos analistas, o segundo trimestre deste ano (2T25) foi o primeiro sob a nova estrutura e também mostrou os sinais iniciais de melhoria nas métricas da companhia — e que deve acelerar agora.
A companhia divulga os números do 3T25 na próxima semana, em 13 de novembro.
O que esperar do 3T25
Em relatório, o BofA destaca que, ao longo do 3T25, a Dasa demonstrou o compromisso com a agenda de desalavancagem e anunciou a venda da empresa de gestão de saúde corporativa Mantris e de ativos na Argentina, no início de outubro.
“Esperamos que a melhoria operacional no 3T25 se reflita em margens Ebitda mais elevadas (+680 pontos-base em relação ao ano anterior) e maior conversão de Ebitda em caixa”, afirmaram os analistas.
Nas contas da equipe, a Dasa deve contar com a entrada de aproximadamente R$ 1 bilhão, incluindo R$ 705 milhões provenientes da venda de ativos (Mantris e ativos na Argentina), e R$ 250 milhões da geração de caixa.
Eles ainda contabilizam que o Ebitda combinado das operações na Argentina da Mantris foi de R$ 118 milhões em 2024, “o que significa que essa transação ajudou a reduzir a alavancagem da Dasa em cerca de 20 pontos-base”.
A Dasa encerrou o 2T25 com o nível de alavancagem de 4,4 vezes a dívida líquida sobre Ebitda.
Para 2026, o BofA projeta um lucro líquido de R$ 20 milhões, contra um prejuízo de R$ 382 milhões neste ano.
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Mais desinvestimentos por aí
A Dasa ainda busca alienar ativos que não foram incluídos na joint venture com a Amil e que não fazem parte do negócio principal, como: Hospital São Domingos, localizado no Maranhão; Hospital da Bahia (HBA) e clínica de oncologia AMO.
Os analistas Flavio Yoshida, Gustavo Tiseo e Mirela Oliveira esperam que o Hospital São Domingos (HSD) seja o primeiro a ser desinvestido, por ser um hospital de referência na região em que atua e apresentar um bom índice de ocupação.
Para o trio, a venda do Hospital da Bahia pode levar mais tempo do que a do HSD, visto que a unidade enfrenta desafios operacionais, incluindo o processo de descredenciamento junto ao Planserv — plano de saúde dos servidores públicos do Estado da Bahia.
“Além disso, no início deste ano, diversos veículos de imprensa mencionaram a possível venda das clínicas da AMO por até R$ 750 milhões – valor similar ao pago pela Dasa em 2021 pelo ativo”, afirmaram.
Nas contas dos analistas, o potencial valuation para a venda dos ativos está na faixa de R$ 1,7 bilhão e R$ 2,7 bilhões. “Se os três ativos forem vendidos, estimamos uma redução na alavancagem entre 20 e 90 pontos-base (dívida líquida/Ebitda).”