Debate no governo para licença na Margem Equatorial beira consenso, afirma presidente da Petrobras

A presidente da Petrobras (PETR4), Magda Chambriard, afirmou que a licença para perfurar a Margem Equatorial, no litoral Norte do país, está ganhando apoio dentro do governo e o “debate já está beirando o consenso”. Em entrevista publicada no jornal O Globo nesta terça-feira (5), ela afirmou que está otimista com tema e que são poucas as vozes dissonantes no governo.
“O país entende essa necessidade e a coexistência com a ampliação das energias renováveis e a produção do petróleo”, afirmou.
- Giro do Mercado: Inscreva-se gratuitamente para receber lembretes e conferir o programa em primeira mão
Está prevista para o próximo dia 12 uma reunião com o Ibama para tratar da perfuração do primeiro poço na Bacia da Foz do Amazonas, com a expectativa da empresa em definir o último passo do processo de autorização para estudo da área, a APO (Avaliação Pré-Operacional).
De acordo com a presidente da Petrobras, a aprovação da APO estava prevista para julho, mas o início das férias da equipe do Ibama atrasou a definição.
“No fim de junho, fiscalizaram as embarcações e as aeronaves que estavam disponíveis para fazer a APO. Essa verificação teve laudo apresentado à Petrobras no início de julho. O impacto é uma sonda parada que, entre os custos de bens e serviços e a sua diária, chega a R$ 4 milhões por dia”.
Chambriard afirma que a transição energética da Petrobras virá com a “adição de renovável” e não com o fim da exploração de petróleo. Segundo ela, cerca de um terço dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento da empresa estão indo para a transição energética.
Preço na bomba
Na entrevista, Chambriard não cravou se foi um erro a venda da BR Distribuidora (atual Vibra – VBBR3) durante o governo de Jair Bolsonaro, mas considera que o Brasil perdeu sinergias importantes e a empresa sofre impacto negativos pelo preço do combustível mesmo não tendo mais poder de definir o preço na bomba.
“A Petrobras influenciava através da redução no preço na refinaria em paralelo com a BR Distribuidora, que chegava ao consumidor final. No momento que se saca a BR Distribuidora do sistema Petrobras, a empresa passa a ser privada, e o poder estatal deixou de poder influenciar essa ponta. É por isso que quando a gente tem reduções sensíveis, o consumidor não tem a percepção disso porque ela fica no meio do caminho”, afirmou Chambriard, que também relatou que pressiona para que a Vibra deixe de usar a marca da BR nos postos de combustíveis.
Já no gás, a presidente da Petrobras afirma que os preços já caíram mais de 40% no governo Lula, apesar de ainda haver uma pressão devido a preços “altos”. Segundo ela, existem tarifas de transporte, além da distribuição, que é estadual, que impactam no preço.
Tarifas do Trump
Mesmo com 10% das exportações da Petrobras indo para os Estados Unidos, que impôs tarifa de 50% para exportações brasileiras, Magda Chambriard afirma que não deve ter problemas em reposicionar o destino das vendas.
“Temos a Ásia, com Índia e China demandando cada vez mais de nós. Há países que nos dizem “tudo que você quiser vender para mim eu compro”. Em termos de gasolina e óleo cru não tenho preocupação. Seria extremamente fácil”, disse a presidente, que também afirmou que a empresa não compra diesel russo, outro tema na pauta da guerra comercial (e política) liderada pelo presidente Donald Trump.
“A maior quantidade de diesel que a gente compra é do Golfo do México, seguido da Índia. (Eventual proibição) Vai afetar meus concorrentes. A nossa formulação de preços está seguindo completamente dentro dos padrões. O impacto pode ser no market share, com ganhos para a Petrobras”.