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Decepcionou? Por que balanço da Gerdau (GGBR4) não veio de todo ruim, segundo analistas

21 fev 2024, 15:41 - atualizado em 21 fev 2024, 15:41
Vista de usina operada pela Gerdau
Gerdau teve tombo de 45% no lucro líquido ajustado do quarto trimestre do ano passado (Imagem: REUTERS/David McNew)

A Gerdau (GGBR4) entregou números fracos, conforme esperado por analistas do mercado.

A companhia viu o lucro líquido consolidado ajustado recuar 45,1% no quarto trimestre de 2023 ante mesmo intervalo de 2022, a R$ 732 milhões.

Da mesma forma, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado totalizou R$ 2,03 bilhões no período, representando um recuo de mais de 40% em relação a um ano antes.

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O Bradesco BBI chama atenção para a fraqueza das operações no Brasil, com a margem Ebitda tendo atingido o nível mais baixo desde o quarto trimestre de 2015.

“Apesar do custo/tonelada sequencialmente mais baixo no Brasil (queda de 5% no trimestre), os resultados continuaram sendo afetados negativamente por preços realizados mais fracos e menores volumes de vendas (com maior mix de exportações)”, destacam Rafael Barcellos, do BBI, e Renato Chanes, da Ágora Investimentos, em relatório divulgado nesta quarta-feira (21).

Na divisão da América do Norte, os resultados também mostraram deterioração, machucados por preços realizados e volumes menores, destaca o Itaú BBA, também em relatório pós-balanço.

A instituição ainda menciona o impacto cambial negativo nas operações da América do Sul após a implantação de novas medidas econômicas na Argentina. Isso levou a uma queda sequencial de embarques, além de um tombo de 75% nos preços, diz.

Gerdau reporta balanço fraco, mas com pontos positivos

As ações da Gerdau avançam nesta quarta, mesmo com a análise predominantemente negativa dos especialistas sobre os números do quarto trimestre do ano passado e o mercado de minério de ferro ampliando perdas em meio a preocupações persistentes com a demanda na China.

Apesar do balanço desanimador, há quem enxergue aspectos positivos nos números da Gerdau.

O BBI, por exemplo, destaca que a companhia siderúrgica gerou R$ 1,3 bilhão em caixa (já ajudado por um impacto positivo do capital de giro), ajudando sua alavancagem a permanecer em níveis baixos de 0,4 vez relação Dívida Líquida/Ebitda.

Também para o BTG Pactual, o fluxo de caixa livre no trimestre foi um dos destaques. O valor chegando a R$ 1,3 bilhão (para um yield anualizado próximo a 13%), é visto como “bastante sólido” pelo banco.

“Esse resultado foi impulsionado por uma liberação de capital de giro de magnitude semelhante (R$ 1,3 bilhão), o que limita a qualidade do resultado, mas ainda assim é bem-vindo”, comenta.

Mesmo com a dívida líquida vindo um pouco acima das estimativas, o BTG avalia a empresa em métricas de alavancagem ainda “muitos saudáveis”.

Hoje mais cedo, Gustavo Werneck, presidente-executivo da Gerdau, disse que a companhia está acelerando planos para readequar o tamanho de suas operações no Brasil em meio à “demora” do governo federal em tomar medidas de defesa comercial contra importações de aço da China e outros países da Ásia.

Vale lembrar que, juntamente com os resultados trimestrais, a Gerdau divulgou dividendos, além de projeções de investimentos na ordem de R$ 6 bilhões para 2024.

O guidance de capex veio em linha/acima das expectativas dos analistas. As estimativas não consideram a Gerdau Next e devem limitar a geração de caixa este ano, de acordo com o BTG.

GGBR4 é oportunidade de compra? Analistas estão divididos

A Gerdau é aposta para analistas do BBI. A ação é a top pick da casa no setor de mineração e siderurgia.

“Os fundamentos dos mercados siderúrgicos permanecem saudáveis nos Estados Unidos e a margem Ebitda no Brasil já atingiu o piso”, afirma a instituição. Ainda, uma eventual melhora do tom sobre as tendências do primeiro trimestre de 2024 pode apoiar a tese de uma dinâmica de lucros mais forte nos próximos trimestres.

O Goldman Sachs, na aposta de que o primeiro trimestre deste ano se mostrará um ponto de partida melhor para a companhia, reforça a recomendação de compra para o nome. O banco acredita que as revisões dos resultados e as notícias negativas envolvendo o setor já estão, em boa parte, precificadas.

Gerdau, sob o ticker da holding controladora, GOAU4, é uma recomendação de compra da Empiricus Research devido aos resultados ainda saudáveis, considerando o cenário atual e a forte geração de caixa.

“Negociando a 4,2 vezes EV/Ebitda (Valor da Empresa/Ebitda) para este ano, com uma carteira de pedidos ainda saudável, gestão qualificada e diversificação geográfica, enxergamos uma assimetria positiva nos preços atuais”, afirma o analista Henrique Cavalcante.

Mais cautelosos, analistas do BTG estão neutros com a Gerdau, embora considerem a companhia um ativo de primeira classe. A recomendação se sustenta pela perspectiva de que o ambiente operacional deverá continuar pressionado no futuro.

O BBA tem classificação de “market perform” (desempenho esperado em linha com a média do mercado, equivalente a neutro) para GGBR4, com preço-alvo ao fim de 2024 de R$ 26.

A Genial Investimentos indica manter a ação, após “um trimestre para esquecer”. A corretora gosta da tese, mas vê uma carência de gatilhos de alta no curto prazo, embora entenda que dados negativos já tenham sido precificados.

“Salientamos que, mesmo diante de uma taxa de juros mais baixa nos Estados Unidos no segundo semestre de 2024, ainda assim haverá um tempo de delay até a redução fazer efeito dentro da economia real”, destaca. “Sabendo da mentalidade de curto prazo da maioria dos investidores institucionais com quem conversamos, preferimos aguardar um momento mais oportuno para alterar o rating da companhia.”

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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