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Decisão judicial aponta “participação consciente” de executivos do BRB em fraude do Master

19 nov 2025, 17:25 - atualizado em 19 nov 2025, 17:32
BRB
(Imagem: Agência Brasília)

Executivos do BRB participaram conscientemente de fraude perpetrada pelo Banco Master para reforçar sua combalida situação de liquidez, em um esquema que pode ter gerado perdas superiores a R$ 10 bilhões para o banco público, segundo a decisão judicial que autorizou a prisão e o afastamento de dirigentes das duas instituições.

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Proferida pelo juiz federal Ricardo Augusto Leite, a decisão vista pela Reuters lança luz sobre o envolvimento do BRB, controlado pelo governo do Distrito Federal, no colapso do Master, que culminou com sua liquidação pelo Banco Central na terça-feira por graves problemas de liquidez e descumprimento de normas regulatórias.

“Emergem indícios de participação consciente dos dirigentes do BRB no suposto esquema fraudulento engendrado pelos gestores do Banco Master,” escreveu Leite, citando sinais de cometimento de crime de gestão fraudulenta por parte de gestores do BRB.

Operação da Polícia Federal prendeu na terça-feira o dono do Master, Daniel Vorcaro, entre outros executivos, e realizou buscas na sede do BRB e nas casas de seu então CEO, Paulo Henrique Costa, e diretor financeiro, Dario Oswaldo Garcia Júnior, que foram afastados de seus cargos por 60 dias por decisão judicial.

Master e BRB não responderam de imediato a pedidos de comentário.

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O BRB afirmou mais cedo nesta quarta-feira que seu conselho decidiu contratar uma auditoria externa especializada para investigar os fatos relacionados à operação policial.

No centro da investigação está a compra, pelo BRB, de títulos de crédito do Master — incluindo títulos atrelados a ativos inexistentes — para aliviar a crise de liquidez do banco privado.

As transferências entre as instituições nessas operações somaram um total de R$16,7 bilhões entre julho de 2024 e outubro de 2025, segundo a decisão do juiz Leite.

Ele afirmou que, a partir dessas transações, as carteiras de crédito do Master passaram a representar 30% dos ativos do BRB, e sugeriu que o banco público buscou, com isso, amparar o Master.

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As ações descritas pela Polícia Federal apontam para “predisposição comum de meios para a prática de uma série indeterminada de delitos” por executivos do Master, posteriormente acompanhados pela liderança do BRB, disse o juiz no documento.

“Esta anuência da referida instituição pública foi a de maior gravidade até o momento e com possíveis prejuízos acima de 10 bilhões de reais,” acrescentou.

O BRB anunciou, em março deste ano, planos de adquirir o Master, operação posteriormente barrada pelo BC. Paralelamente, executivos orquestraram transferências de R$12,2 bilhões do BRB entre janeiro e maio para manter o Master de pé, disse Leite.

Esse montante — cujo bloqueio foi determinado pelo juiz sobre bens privados de diversos executivos e CNPJs envolvidos no caso, incluindo BRB e Master — correspondia ao rombo que o Master tinha a descoberto após ter emitido cerca de R$50 bilhões em títulos de dívida, possuindo, em contrapartida, uma carteira de ativos lastreada majoritariamente em ativos de baixa liquidez.

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Para cobrir o buraco, o Master teria então adquirido carteiras de crédito da Tirreno Consultoria Promotoria de Crédito e Participações S.A. sem realizar quaisquer pagamentos, segundo investigadores, que apontaram a empresa como uma fachada para créditos consignados inexistentes, mas que teriam sido originados pela instituição financeira Cartos.

A Cartos afirmou que não há qualquer imputação de irregularidade contra a instituição, que disse seguir rigorosos padrões de compliance. A Reuters não conseguiu contato com a Tirreno.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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