Defesa de Daniel Vorcaro, do Banco Master, diz que não há fraude de R$ 12 bilhões
A defesa de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, afirmou neste sábado (22) que são infundadas as suspeitas da Polícia Federal sobre supostas fraudes de R$ 12 bilhões na venda de carteiras de crédito ao BRB.
De acordo com a defesa, as carteiras cedidas ao BRB foram previamente adquiridas pelo Banco Master de terceiros responsáveis por originar empréstimos consignados — prática que, segundo eles, é comum no setor.
Esses originadores também eram encarregados da averbação das operações junto aos órgãos pagadores e do envio da documentação necessária no prazo de até 180 dias.
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Em nota, os representantes de Vorcaro afirmam que as carteiras foram devidamente registradas na B3 e que, como as Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) já haviam sido geradas, o Master podia montá-las e repassá-las ao BRB. A operação, dizem, era respaldada por garantias contratuais que permitiam substituições ou recompras de créditos que não performassem.
A defesa afirma ainda que, diante de operações com documentação fora do padrão, o banco substituiu as carteiras originadas por terceiros e iniciou a recompra do saldo restante. “O BRB não ficou com os créditos originados por terceiros, mas com outras carteiras e ativos do conglomerado Master, que não são objeto da investigação”, diz o comunicado.
Os advogados também citam nota do BRB, segundo a qual, dos R$ 12,76 bilhões inicialmente divulgados pela imprensa, mais de R$ 10 bilhões já foram liquidados ou substituídos. O valor restante, afirmam, não representa exposição direta ao Master, ponto que teria sido confirmado pelo Banco Central.
Críticas às medidas cautelares
A defesa sustenta que as ações adotadas pelo Master demonstram ausência de intenção de fraude. Entre elas, menciona o trânsito de recursos por conta escrow, o recebimento de pagamentos em conta no BRB e a constituição de garantias de cerca de R$ 22,3 bilhões — valor superior ao volume negociado.
Também afirma que as carteiras investigadas nunca foram transferidas definitivamente ao BRB, o que tornaria incorreta a vinculação de pagamentos feitos pelo banco público a esses créditos.
Segundo o comunicado, o Banco Central reconheceu que, em carteiras originadas diretamente pelo Master, nunca houve indícios de irregularidade. A defesa ressalta ainda que a autarquia não abriu processo punitivo sobre o tema, embora tenha sido informada dos fatos há mais de seis meses.
Liquidação e impacto da Operação Compliance Zero
Por fim, os advogados afirmam que as medidas cautelares impostas pela Justiça forçaram o Banco Central a decretar a liquidação extrajudicial do Banco Master, mesmo após a instituição ter fechado um acordo de venda em 17 de novembro, cuja documentação já havia sido protocolada na autarquia.
Para a defesa, a Operação Compliance Zero inviabilizou uma “solução de mercado legítima” que teria evitado custos ao sistema financeiro sem interferir na continuidade das investigações.