Economia

Déficit causado pela PEC de Transição pode chegar a 2,6% em 2023, diz XP

22 nov 2022, 12:01 - atualizado em 22 nov 2022, 12:01
dinheiro renda fixa selic copom taxa de juros
Para o economista da XP Investimentos, o impacto final da PEC pode superar a marca dos R$ 225 bilhões.  (Imagem: Shutterstock)

Na semana passada, a equipe de transição do novo governo apresentou uma sugestão de Proposta de Emenda à Constituição (PEC), na qual pede uma licença para gastar de R$ 198 bilhões acima do teto de gastos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O valor será destinado para manter o Auxílio Brasil de R$ 600, além de pagar uma parcela de R$ 150 por criança das famílias beneficiárias. No entanto, a quantia não é bem vista pelo mercado.

De acordo com a XP Investimentos, considerando-se os valores do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), o déficit pode chegar a 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 e permanecer em terreno deficitário até 2026 – isso em uma hipótese mais benigna.

Além disso, a dívida deve voltar a crescer e pode subir até 17 pontos percentuais em 2026, sem considerar um cenário de juros mais restritivos.

Em relatório, o banco destaca que entre os problemas estão a excepcionalização do teto de gastos e da regra de ouro por período indeterminado e a possibilidade de expandir o Auxílio Brasil.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Embora o custo do programa esteja estimado em R$ 175 bilhões, não há qualquer impeditivo à expansão além desse valor no ano que vem. A partir de 2024, voltam a valer as restrições legais, porém não está claro se uma eventual expansão além dos R$ 175 bilhões em 2023 precisaria ser reduzida em 2024”, aponta Tiago Sbardelotto, economista da XP.

Também é considerado um impacto de R$ 22 bilhões referente ao investimento do excesso de arrecadação de receitas correntes. “Não está claro, na proposta, o que seria o ‘excesso de arrecadação’, nem como seria calculado.”

Sbardelotto ainda calcula um impacto em torno de R$ 3 bilhões e R$ 5 bilhões na excepcionalização do teto de gastos das despesas com projetos socioambientais ou relativos às mudanças climáticas.

R$ 225 bilhões

Para o economista, o impacto final pode superar a marca dos R$ 225 bilhões. Isso porque houve uma mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias que estabeleceu que a definição do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da peça orçamentária caberia ao Congresso.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Somente essa ausência de atualização já implica uma elevação de despesas de R$ 24 bilhões em relação à regra do teto. Com as mudanças da PEC de transição, a despesa adicional chegará a mais de R$ 225 bilhões, ou 2,2% do PIB”, afirma Sbardelotto.

Sem medidas claras para financiar a elevação de despesas, o déficit público deve crescer a 2,6% do PIB no ano que vem – considerando-se o déficit previsto no PLOA de R$ 65,9 bilhões e o crescimento de gastos de R$ 200 bilhões.

Considerando um crescimento da economia ainda em 1% e o incremento de despesas da PEC da transição, a XP projeta um déficit de 1,7% em 2023.

A elevação de despesas ainda deve levar a uma ampliação da dívida até o final de 2026.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Estimamos um crescimento de quase 12 pp no cenário em que as despesas adicionais sejam corrigidas apenas pelo IPCA”, aponta o economista. “No cenário no qual as despesas têm um crescimento real de 2% – que nos parece mais provável neste momento – esperamos um crescimento de quase 17 pp. na dívida pública até o final do próximo mandato”, completa.

Siga o Money Times no Facebook!

Conecte-se com jornalistas e leitores do Money Times. Nosso time traz as discussões mais importantes do dia e você participa das conversas sobre as notícias e análises de tudo o que acontece no Brasil e no mundo. Clique aqui e comece a seguir a página do Money Times no Facebook!

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

Coordenadora de redação
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como coordenadora de redação no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como coordenadora de redação no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.