Degradação do dólar e mudança de pêndulo político no Brasil devem fortalecer real, diz estrategista da Empiricus Research

A tendência de valorização do real pode ganhar tração nos próximos meses diante da degradação adicional do dólar e de uma possível mudança no pêndulo político no Brasil, disse o estrategista da Empiricus Research, Matheus Spiess.
No evento Onde Investir no 2º Semestre de 2025, promovido pelo Seu Dinheiro com apoio do Money Times, Spiess afirmou que a moeda brasileira pode se fortalecer de forma “salutar” nos próximos meses com o rali eleitoral.
De acordo com ele, os mercados já antecipam — e devem intensificar esse movimento — uma possível mudança no pêndulo político brasileiro para uma agenda mais “reformista, pró-mercado e fiscalista”.
Além disso, o fortalecimento recente do real está diretamente relacionado à perda de espaço do dólar no cenário global. O movimento reflete a crescente contestação ao excepcionalismo norte-americano, após Donald Trump assumir pela segunda vez a presidência do país.
Nos primeiros seis meses de 2025, o índice que compara a moeda dos Estados Unidos (EUA) com outras seis moedas estrangeiras, o DXY, acumulou queda superior a 10%.
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A ruptura de credibilidade do país tem favorecido uma rotação nos fluxos globais de capitais. Investidores estão cada vez mais céticos em relação à moeda norte-americana — um ceticismo que não existia antes — e isso tem levado a uma redistribuição de alocações que antes iam quase exclusivamente para os EUA.
Segundo o estrategista, o Brasil tem se destacado nesse novo cenário, com o redirecionamento de recursos para mercados emergentes, já que conta com ativos descontados e um diferencial de juros elevado — que deve continuar atrativo por um período prolongado, conforme sinalizado pelo Banco Central.
Spiess ponderou ainda que o dólar deve continuar em degradação ao nível global, ainda que de forma gradual e mais lenta do que no primeiro semestre.
Ele afirmou que, embora os EUA continuem sendo uma potência econômica no longo prazo, o cenário político atual tem gerado volatilidade no curto prazo.
Essa quebra de confiança também foi destacada por Andressa Durão, economista do ASA, que também participou do evento. Segundo ela, Trump está minando a confiança dos investidores por meio da política comercial.
Durão descartou a política fiscal norte-americana e a independência do Federal Reserve como grandes preocupações do mercado. “A grande questão é a instabilidade em relação às tarifas”, afirmou.